Capítulo 46

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Me perguntava o que ele diria se soubesse que Dante cuidara de sua filha por dois anos e tive permissão de ajudar algumas vezes... Mas decidi não comentar.

— Ok! – Expressei sem saber o que dizer, então mudei de assunto – Vocês puderam me ajudar, por quê?

— Porque estava pedindo por todos vocês e principalmente por ela. Estava cercada de inimigos. Os deuses não permitiriam a morte de duas híbridas juntas, principalmente a sua morte depois de declarar que estava disposta a dar sua vida pela dela. Quando pediu ajuda primeiro a Otila, entendendo o equilíbrio que mantemos, todos nós, senhores elementais, sentimos nossos poderes se intensificarem e o desejo divino de que fosse auxiliada a quem apelasse.

— Confesso que quando comecei a apelar para vocês estava um pouco brava por não ter como ajudar melhor.

Ele riu.

— Só você foi capaz até hoje de unir os quatro elementos com amor e alegria para intervir da forma como fomos autorizados. Você, querida – ele me apertou de novo – é o elo de amor e amizade que interliga os quatro elementos e seus híbridos de forma harmoniosa. E este é meu presente, mais do que merecido. – Ele passou pela minha cabeça um novo colar, prateado com um pingente em forma de raio.

— Fico lisonjeada. De verdade! Obrigada por ter confiado sua filha aos meus hilários cuidados. – Ri junto com ele.

De repente ele franziu as sobrancelhas.

— Você pediu ajuda ao guardião sombrio e ele a auxiliou. Como sabia da existência dele? E por que ele se envolveu?

— Longa história. – Exalei. Sabia só por ele ter chamado Dante de "guardião sombrio" que os dois não eram amigos, melhor não comentar nada que o deixasse bravo comigo no topo de uma torre tão longe do chão.

Os outros finalmente chegaram no topo da torre e me senti aliviada que isso desviasse o assunto.

Percebi os olhares surpresos porque estava abraçada a um elemental no templo que nem era o do meu elemento e decidi que eles mereciam uma explicação. Porque Amon apenas sorria feliz.

— Eu disse que o jeito dele de ajudar era mais destrambelhado do que o meu. Agora estou passando mal e nem consigo ficar em pé sozinha. – Expliquei e Amon gargalhou de mim.

Finalmente ele me soltou, mas me manteve a seu lado, me deixando segurar seu braço para me apoiar de pé, enquanto se dirigia a todos.

— Podem se aproximar, por favor. Quero ver minha Aria. – Ele pediu.

Maitê, agora acompanhada da sacerdotisa do ar, trouxe a maca com a menina e o lobo veio ao lado, se sentando sobre as patas traseiras entre mim e a menina.

Amon me soltou e ainda dei uma bambeada no lugar antes que o lobo se colocasse ao meu lado, me amparando em pé, enquanto comecei a acariciar seu pelo, me distraindo da tontura. Amon pegou a filha nos braços e beijou sua fronte com carinho. A apertou nos braços e pudemos ver finos fios de eletricidade correr entre eles. A menina arfou e abriu os olhos.

— Papai?! – Foi sua primeira palavra, com lágrimas nos olhos.

Aria abraçou seu pai pelo pescoço e chorou descontroladamente. Ele a embalou, a mantendo apertada em seus braços até que ela se acalmasse. Senti lágrimas descerem de meus olhos ao imaginar o que a pobre menina passou durante a fuga e agora sentia.

Ela finalmente se acalmou e ele se afastou um pouco para olhar em seus olhos com carinho.

— Acabou, meu bem. Graças a sua irmã aos olhos dos deuses, híbrida da água, Valquíria, está segura agora.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora