Minhas dúvidas, no entanto, não estavam sanadas, existiam tantas...
— Foi você que determinou que eu seria criada perto do mar? Porque me lembro do quanto ela reclamava por estar sempre em praias, o que tornava mais difícil caçar ou até encontrar água potável às vezes.
— Ela a criou em praias porque a ameacei com uma guerra, caso afastasse minha filha de mim. Não me importam as tradições dela que dizem que tem direito a você e eu não porque nasceu fêmea. Ela deveria se lembrar que não sou mortal. Minha filha não seria relegada sozinha ao mesmo mundo que guerreou contra o meu povo.
"Quando a levou embora e senti que estava muito longe do mar, me revoltei. A procurei e avisei que se algo acontecesse a você pela ignorância dela, minha nova guerra dizimaria Maloria completamente. Mesmo assim ela não me contou que a deixara no reino dos predadores e três anos depois, quando a senti aqui... Queria muito estrangular a sua mãe".
"Fui em sua direção sem conseguir deter meu sorriso de alívio por vê-la bem. Desde que soube que a deixou muito antes do previsto, decidi levá-la, deixei que seus irmãos preparassem o lugar seguro que eles queriam... Então conversamos... E você estava feliz, cansada, mas feliz. Conhecera novas pessoas, boas, honestas, que se preocupavam e cuidavam de você e as amava. – Meu pai olhou para Tânis – Meu peito se apertou ao pensar que no novo lar que preparamos para minha pequena, não haveria ninguém além de mim e seus dois irmãos para ela por bastante tempo, décadas talvez. Por isso, Tânis, respondendo a sua pergunta na praia, não tirei minha filha do seu reino".
— Posso entender, Tristan. – Tânis aquiesceu, calmo.
— Quem é ela, papai? – Finalmente perguntei diretamente.
— Sei que prometi contar tudo sobre mim, meu amor, mas não posso lhe contar sobre ela. Embora nossas culturas se entrelacem em algumas questões, há coisas que discordo, mas preciso respeitar. Em nossa última discussão, onde as ameacei, tudo que ela me falou foi para, caso a encontrasse, que me lembrasse de respeitar seus costumes, como elas respeitavam os meus... Confesso que no auge da fúria, lhe disse que esperava que você não se interessasse, pois eu ficaria imensamente feliz em afastar você de suas tradições imbecis.
— Tudo bem, se ela nunca quis que eu soubesse, que continue. – Dei de ombros.
— Quando soube que eu era o amigo predador de Íria? – Tânis deu voz a outra de minhas dúvidas.
— Estranhei quando Íria me contou que um predador se aproximou dela sem o bracelete e depois de tê-la ajudado, se manteve como seu amigo. Comecei a observar. Descobri que a cafeteria ao lado da UMR, mantinha um cronograma atualizado dos eventos da universidade, vez que era seu período de maior lucro. Então, me alterno com Samir e Saul, nos mantendo informados sobre as atividades em que minha filha comparece. Sempre um de nós está por perto quando ela vem e observa à distância, em que tipo de nave vem, com quem etc.
"Há dois anos tinha uma ideia muito boa de quem era, quando começou a ser trazida por naves oficiais do reino, com escolta armada. Ninguém além de você, por tudo que pesquisamos desde que soubemos que ela estava aqui, poderia autorizar tal medida".
"Na segunda vez que veio dessa forma tive a confirmação, quando depois de deixá-la, um dos soldados foi até a cafeteria, onde Samir, que observava, ouviu-o contatar seu superior, chamando-o de majestade, informando que a pequena Íria estava bem e chegara ao destino. Nos mantivemos mais próximos depois disso porque dei meu nome para a identificação dela".
— E mesmo assim não me disse nada. – O acusei.
— Pode ser paciente quando não tem uma informação, mas depois que a consegue é precipitada. Não sabia se a colocaria em risco desnecessário, afinal ainda não estava certo da razão de Tânis se manter anônimo.
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Valquíria Mares
Random**** OBRA CONCLUÍDA **** Agora vocês perguntam: Quem é você? E eu respondo: sinceramente também gostaria de saber. Fui criada apenas sabendo meu primeiro nome: Valquíria. Minha mãe, só me permitia chamá-la de "mãe", então não sabia seu nome. Meu pai...