Valquíria Mares

Epílogo

Em certo dia estávamos deitados na cama, depois de mais uma missão de equilíbrio, onde Dante sempre me ensinava algo novo e não acreditei quando me disse que passaríamos uma temporada em Sandrya para minhas preparações de consagração.

— Tá zoando! – Não acreditei.

— Valquíria, aprecio seu empenho em me ajudar, aprender sobre as missões de equilíbrio e ainda atender como médica em domicílio, mas tem trabalhado demais e não percebeu a passagem do tempo, meu amor. – Ele me apertou em seus braços – Já estamos às vésperas de comemorar seu vigésimo aniversário e em mais dois meses, nosso segundo ano juntos.

— Parece que há poucas semanas estava me debatendo entre a cura para o vírus e os problemas com Plenur, minha diferença com os mortais etc. – É surpreendente lembrar que o vírus está erradicado, não sou mais mortal, não existe mais Plenur... Aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo!

— O que inevitavelmente nos levará a grandes períodos de calmaria. Teremos muito tempo para decidirmos como gastar. – Ele abriu um sorriso provocativo me puxando para ele e não dormimos por muito tempo.

Nos dias seguintes nos dirigimos a Sandrya, onde mais uma vez Oxley me trocou pelo quarto de Valéria, onde destruiu mais uma quantidade considerável de quinquilharias decorativas que ela tinha.

O aprendizado para a consagração não excedeu muito do que à essa altura eu já sabia sobre o mundo elemental, os deuses, os elementais etc. Mas foi bom saber exatamente no que elas acreditavam, como regiam suas leis, comportamento e filosofia baseadas nisso. Nos testes e treinamentos de combate Dante não me deixava treinar com as amazonas, segundo ele, era muito fácil e não me ajudaria em nada, então ele assumia meu treinamento e mesmo que eu já fosse capaz de revidar seus ataques e por vezes desarmá-lo, ainda fazia uma série de observações sobre os pontos que eu precisava melhorar.

Aria não treinava conosco, pois mesmo tendo a velocidade e força superior às amazonas, era ruim o bastante para apanhar mais vezes do que vencer. Logo, seu aprendizado acontecia comigo somente no teórico e nos rituais, que por sermos híbridas, aprendemos dos cinco elementos, passando por todos os templos.

O ritual de consagração foi muito bonito... E chato, longo, cansativo e repetitivo. Mas finalmente chegou e em dois dias de rituais e comemorações estava livre disso também. Mais um item de afazeres riscado da lista... Só para me acrescerem mais três.

Os elementais se apresentaram em nossa consagração. Tanto por se tratar de duas híbridas, quanto por uma delas, eu, ser a imortal dos cinco elementos. Me convocaram para uma estadia de dois meses em cada reino elemental, onde deveria aprender mais profundamente sobre cada elemento, reino, modo de vida e filosofia.

Apesar de achar desnecessário, devo admitir que por curiosidade me dirigi a cada reino e fiquei pelo tempo estipulado. Alguns mais facilmente do que em outros. Como o reino do ar que apesar de ter um ambiente eufórico e divertido se localizava nos platôs flutuantes. Uma parte do planeta de onde parte do núcleo se desprendeu, bagunçando a gravidade do lugar. Então havia prados e montanhas com cachoeiras e lagos que caíam de um platô a outro por espaços vazios e que se parássemos nas bordas víamos um abismo sem fundo assustador abaixo de trechos de terra suspensos no ar sem qualquer tipo de sustentação física. Era perturbador!

Tân, o reino do fogo, era outro lugar complicado. Localizava-se em outro pequeno continente cercado por cadeias de montanhas nuas e negras, havia vegetação lá, mas pouca e pobre. A paisagem predominante no reino era de rios e cacheiras de lava, terreno nu e pedregoso negro ou marrom muito escuro. Cavernas e passagens sob as montanhas para habitações de pedra. Sua energia também era desconfortável por se dividir principalmente entre sexual e bélica. Para todos os lados as pessoas estavam transando ou brigando... Às vezes fazendo ambos. Notando o ambiente até que Zack era bastante normal depois de ter convivido ali.