Capítulo 58

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Levei alguns minutos para que minha mente se ajustasse e pudesse pensar com mais clareza.

— Quem era esse? – Indaguei a Dante.

— Tempus. O deus do tempo, aquele que move o mundo sempre para a frente. – Dante respondeu.

— Podia ter me contado os planos divinos para mim, não acha? – O acusei.

— Você teria aceitado, Valquíria. Quando soubesse a sentença de Zackyus pelas antigas leis e a dor que causaria a Maitê pela perda do filho, assim como o risco que ela correria para gerar outro, não precisaríamos dizer mais nada para que aceitasse. E essa é a menor das razões. – Ele me puxou pela cintura para ele, me abraçando e beijando meus cabelos.

— Mesmo assim gostaria que não decidissem por mim. – Retribuí seu abraço – Só quero ser informada, Dante.

— Vou me lembrar. – Ele ergueu meu rosto com o indicador sob meu queixo e me beijou levemente nos lábios.

— Obrigada. – Agradeci.

— Bem, acho que agora podemos começar a treinar, não concordam? – Zack foi o primeiro a voltar da conversa particular com seu pai.

— Assim que seus iguais estiverem todos presentes. – Dante discordou, olhando Aria e Tânis ainda com seus entes.

— E o equilíbrio que me ensinaram foi para o espaço! – Zack cruzou os braços um pouco bravo.

— Você que se deixou levar pela sugestão visual, sua anta. – Rebati – Por que ninguém nunca notou que aquele lugar tem cinco elementos presentes e não só dois? É inacreditável que todos tenhamos a mesma espécie base e meus antecessores no templo tenham sido todos tão burros. – Lamentei.

— Ou talvez seus antecessores não estivessem apaixonados por um ser do submundo quando chegaram lá. – Zack provocou.

— Não, eram burros mesmo. – Garanti – Porque não foi Dante a razão de rejeitar a sugestão, foi você.

— Oh, a história da exclusividade. – Zack desdenhou.

— Não, Zack, a história da lógica. Apenas dois elementos não mantêm ninguém vivo, sua besta. Mesmo criaturas marinhas precisam de oxigênio, calor e frutos da terra para sobreviver. O fogo não se mantém no ar sem apoio ou produtos da terra como combustível. – Revirei os olhos.

— O templo não fala disso, Valquíria. – Ele teimou.

— O templo fala do que você quiser, desde que o ajude a entendê-lo. Mas também te dá um atalho, errado, mas uma forma de simplesmente passar, apenas para que sua incapacidade intelectual não o prenda lá para sempre. – Esclareci.

— Se acha tão inteligente. – Ele bufou.

— Ela foi inteligente o bastante para ser a escolha dos deuses em detrimento a você e os demais, Zackyus. – Dante interveio calmo – Não pedi a eles que a transcendessem, só queria a mulher que amo comigo. Acredito que um dos pontos angariados para sua escolha divina, tenha sido sua interpretação correta do templo.

— Foi. – Amon confirmou, se aproximando com os outros – Tudo foi relevante. Sua inteligência, altruísmo, capacidade, tenacidade, coragem... Até seu humor, que torna tudo tolerável, atenuando as tensões.

— Como se ressente com o ocorrido, Zackyus, já lhe disse que vai voltar para aprendizado em Tân. – Vohon se manifestou – Só que desta vez, será comigo. Sua mãe o ensinou pelo amor, não funcionou, o estragou, agora veremos como se sai pela dor. – Ele abriu um sorriso que me deu calafrios.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora