Capítulo 37

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Chegando ao pátio onde a nave permanecia, troquei contato com Valéria e minha mãe, nos abraçamos nos despedindo, elas se despediram de Tânis e embarcamos de volta a Zarov. Alçamos voo, Oxley já pulou do meu colo para brincar e explorar a nave por dentro.

— Íria, esperei estarmos a sós para te perguntar: O que houve naquele dia? Sabe a razão do terremoto?

— Por que saberia? – Tentei fugir.

— Não sou estúpido, pequena. Podia estar meio louco pelo seu perfume, mas no restante estava bem consciente. Me lembro bem que você correu, trocou as roupas e uma sacerdotisa a levou, depois que disse que sabia o que acontecia.

— É complicado, Tânis. – Exalei – Vamos resumir e dizer que na minha revelação recusei um chamado e o imortal em questão não aceitou muito bem.

— Por isso voltou machucada?

— Não, isso fui eu mesma me esquivando e batendo nas paredes. – Ri alto ao me lembrar.

Ele meneou a cabeça rindo.

— O que houve?

— Ele gosta de me testar em luta. Me chamou porque sabia, e logicamente nós não, que você estava sendo comprometido em algo com que não teria concordado racionalmente. Não fui a única convocada, minha mãe teve que ir até lá também e ouvir dele que elas não podiam exigir minha iniciação. Foi isso que houve.

— Então tenho alguém que gosta de mim. – Tânis sorriu.

— Eu não contaria com isso, em seu lugar. – Ri.

— Você disse que esse imortal invadiu seu quarto no meio da noite?

— Sim. Para me deixar as espadas, por isso eu estava fugindo dele. Já sabia o que me esperava.

— Por que ele a ataca?

— Como eu vou saber? Diversão talvez?

— O que seu pai quis dizer sobre estar seriamente comprometida?

— Merda! Me esqueci que ele me entregou. – Bufei

— Conte logo. – Tânis requereu.

— Tá! Depois que você foi dispensado da minha iniciação, ela aconteceu com o imortal mal-humorado.

— O quê? – Ele arregalou os olhos para mim.

— Não me olhe com todo esse espanto. – Descartei – Não posso fazer nada se fico excitada quando luto com o senhor do mal humor e acabei beijando ele de surpresa da última vez.

— Você tem sérios problemas.

— Mentais. Concordo. – Exalei.

— Então está comprometida com ele?

— Foi o que meu pai disse. – Assenti – Mas ainda não sei bem o que há entre nós de verdade. Ele quase não fala! É um pesadelo.

— Que confusão!

— Nem me fale! – Bufei de novo – Mas o que pretende fazer em Bergmann?

— Enzo me contatou, o laboratório está desatualizado e com muitos problemas. Já dei a ordem para reforma completa e dei o prazo máximo de cinco dias para estar pronto. Durante esse tempo vou rever as leis e regimentos provincianos, não posso permitir que seus princípios se afastem tanto dos que regem o reino.

Passamos boa parte da viagem conversando, mas acabei cochilando e ele me mandou para o banco de trás dormir, enquanto ele lia alguns relatórios e respondia algumas mensagens. Somente quando o piloto automático da nave informou que faltavam apenas trinta minutos para chegarmos ao destino, Instituto de Bergmann, que me levantei.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora