Capítulo 23

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No dia seguinte, Enzo me xingou durante todo o tempo em que não estava dormindo, durante as intermináveis palestras e apresentações. No almoço, promovido pelo conselho e servido por um bufê, Tânis me fuzilava com os olhos tanto quanto Enzo, pois não o deixaram escolher onde se sentaria e o colocaram em uma mesa de honra, com o diretor da UMR, Rosa e alguns membros do conselho.

Se para mim foi um inferno, aturando Enzo irritado e seus amigos idiotas tentado me cantar, não queria estar no lugar de Tânis. Os velhos chatos da diretoria e conselho da universidade não lhe deram folga por todo o dia.

Enzo apesar das reclamações, acabou tendo que admitir, que pelo menos estaríamos livres da semana de seminários dois dias mais cedo.

Os médicos, à partir de três anos de diplomados, tinham que manter um revezamento com seus colegas de institutos e laboratórios, para comparecer aos eventos da UMR. Fazia parte dos requisitos obrigatórios para a manutenção anual de suas licenças para clinicar. Claro que isso não se aplicava a diretores de institutos, que se mantinham em contato com a diretoria e conselho da UMR e recebiam o resumo do programa de cada evento.

Enzo comparecia em todas porque era o responsável real pela área da saúde, então estava sempre disponível para tanto. Logo, Tânis exigia que se mantivesse atualizado e em constante aprendizado. Polox vinha o mínimo que conseguia, se mantendo nos três eventos estritamente obrigatórios por ano para a manutenção de sua licença.

Finalmente o pôr do sol veio e o fim da tortura chegou. Tratei de fugir o mais rápido possível para o apartamento de Rosa, para não ter que ouvir o discurso de reclamações de Tânis ao finalmente poder deixar a UMR.

Não que tenha funcionado tão bem como previ. Quando estava confortavelmente de pijama sentada no sofá, assistindo TV, com um copo de chocolate batido e bem gelado na mão. Ela entra pela porta.

— Valquíria! – Ela ralhou.

— O que eu fiz?! – Pulei sentada de susto, quase derrubando meu chocolate no sofá.

Então olhei para a porta e vi Tânis rindo atrás dela e olhei para mim mesma. Fiquei vermelha, mas nem estava tão indecente.

— Isso são roupas de ficar na sala? – Ela chamou minha atenção.

— Relaxa. – Descartei – Tenho certeza de que Tânis não se importa. – Me sentei direito no sofá enquanto eles entravam.

— Desculpe, majestade. Quando o convidei para um café, não esperava encontrar Valquíria de pijama, na sala.

— Não se preocupe, Dra. Lins, já estou acostumado com as peculiaridades dela. – Ele a acalmou, bem-humorado.

— Eu disse. – Me gabei para ela, então virei-me para ele – Achei que estaria apressado para voltar para casa.

— Posso ter alguns minutos para um café. – Ele rebateu.

— Vou preparar o café. Sente-se, majestade. – Rosa o convidou, enquanto se dirigia para a cozinha.

— Você fugiu assim que acabou. – Ele me acusou baixo, me dando um rápido beijo nos lábios e sentando-se ao meu lado, já que havia apenas um sofá na sala, que não era tão grande, vez que comportava também uma pequena mesa de jantar para quatro pessoas no canto.

— Claro que fugi! Sabia que você ia reclamar horrores do dia torturante. Já bastou Enzo se alternando entre roncar e me xingar porque não acabava.

— Bem, não funcionou. Porque temos três horas de viagem amanhã de manhã até o instituto de Bergmann. E durante todo esse tempo vou deixar bem claro o quanto foi chato hoje.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora