Capítulo 44

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Vi o primeiro movimento e comecei a atirar, não sei quantos eram e não me preocupei em parar para contar, se mexia eu derrubava a tiro. Ouvia gritos e barulhos de coisas caindo, sentia pânico momentâneo longe e depois nada. O lobo corria e desviava de vez em quando, mas não mudava muito a rota, mais homens apareceram e morreram na minha mira. Tiros reverberaram ao longe, da mesma direção que senti desorientação, mas nenhum nos alcançou.

Corremos por horas até que o lobo finalmente virou para a esquerda e o segui, mas tivemos que diminuir o ritmo, era um declive considerável e para piorar acabava em um rio. Comecei a olhar à minha volta e não via muita saída, comecei a ficar meio brava por isso e decidi que poderia muito bem ter ajuda dos interessados.

— Amon Ámeno! Acho que pode nos dar uma mãozinha aqui. É sua filha que estamos tentando salvar e tenho muita certeza de que a ama tanto quanto meu pai me ama, não tem a menor chance de conseguirmos atravessar aquele rio se um milagre não ajudar. Só para constar, tiraram todos os meus poderes, então, danou-se.

Senti o ar aumentar, nuvens fecharam os céus e um raio passou a poucos metros de mim e do lobo, enquanto ainda descíamos a encosta da montanha. Vimos uma árvore enorme desabar nos dando uma ponte tosca.

— Desculpe por quase ter xingado você, pensei que ia me matar. Mas obrigada, agora sim, podemos continuar.

Senti uma brisa brincar com meus cabelos e ri. Sabia que era uma risada dele.

Diminuímos ainda mais nosso ritmo e o lobo atravessou primeiro, quando eu estava no meio da travessia um disparo passou a milímetros da minha cabeça. Girei o corpo rapidamente, me abaixando e atirei, acertei o primeiro e mais uma dúzia surgiu, atirei em todos, mas alguns se esconderam atrás de árvores. Continuei atravessando de costas atirando nas laterais das árvores onde eles se escondiam.

Finalmente terminei de atravessar o tronco e um raio arrebentou-o ao meio voando farpas para todos os lados, só tive tempo de me jogar atrás de uma árvore. Ainda pude ouvir gritos do outro lado do rio.

— Acho que já deu de ajuda, Amon, não sei se sobrevivo à sua próxima intervenção. – Decidi e vi as árvores balançarem, juro que quase pude ouvir a gargalhada.

Sentia a euforia e humor no ar, só então entendi como Dante conseguiu caçá-los. Assim como sentia o amor e carinho do meu pai, agora sentia a euforia do senhor do ar.

Encontrei o lobo entre as árvores mais à frente e entendi por que ele parou. Estávamos nos arredores de uma pequena cidade. Olhei à volta e localizei uma construção padrão de Zarov ao longe.

— Ótimo! Tem um posto da guarda real de Zarov ali, não está tão longe, dá para correr até lá. Venha amigo. – Incitei o lobo e corremos na direção do posto.

Ao me aproximar pude ler a placa na entrada: Posto Real de Tropas. Divisão de Marselha.

Entrei arfando na base e os soldados pararam estáticos. Primeiro por minha aparência nem um pouco convencional, depois pelo lobo enorme com uma garota desmaiada sobre ele.

— Preciso de socorro, imediatamente! Temos perseguidores humanos atrás de nós e preciso de um canal direto com Tânis. – Arfei.

— E com quem exatamente estamos falando? – Um dos soldados me perguntou cauteloso.

— Desculpe, estou um pouco apressada e n...

— Íria?! – Um dos soldados me reconheceu e olhei em sua direção.

— Graças aos deuses! Dorian, chame Tânis agora, por favor, temos problemas urgentes e acho que seremos atacados nos próximos minutos.

— Senhores, esta é a doutora Valquíria Mares. – Ele explicou aos demais, já acionando seus contatos no foco e a imagem holográfica de Tânis apareceu no ar instantes depois.

Valquíria MaresOnde histórias criam vida. Descubra agora