Capítulo 1

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[Victor Augusto]

Mais uma reunião insuportável escutando coisas que não me acrescentam em nada. Eu estava perdido em meus pensamentos quando meu chefe mencionou algo me fazendo prestar atenção.
Pedro: e então eu queria aproveitar que estão todos aqui — disse ao lado de Gilson, seu funcionário preferido. Revirei os olhos — para anunciar a promoção de Gilson, agora ele ocupa um cargo importante em nossa empresa.
Em meio a tantas palmas, me retirei da reunião com o sangue pulsando em minhas veias mais forte que o normal, sendo acompanhado pelo olhar desprezível de Pedro.
Saí do elevador tentando chegar o mais rápido possível em minha sala.
Victor: Srta. Passos, cancele todos os meus compromissos durante a tarde — pedi sem nem mesmo olhar para ela, não havia motivo. Nada nela me atraía.
Babi: mas, sr. Augusto, o senhor precisa se encontrar com... — teimou vindo até a minha sala com seu bloco de anotações em mãos.
Victor: não quero saber, CANCELE! — respondi rudemente. A teimosia dela me irritava, sempre tentando contestar algo.
Tranquei a porta e me joguei na cadeira, observando pelas janelas de vidro todo o tráfego lá em baixo.
Era quase inacreditável, depois de eu trabalhar igual um inferno nessa empresa durante longos meses e nunca conseguir aquela promoção. Tudo estava se acumulando, meus dias aqui estavam contados.
Peguei a garrada de uísque que sempre deixava no escritório e a abri despejando todo o líquido no copo. Era o que me mantinha firme nessa porcaria de emprego.
Depois de algum tempo deixando a raiva se dissipar do meu corpo, meu telefone bipou.

call on • recepção:

Victor: sim?
Babi: sr. Victor, Pedro está aqui fora e deseja falar com o senhor, devo permitir sua entrada? — perguntou cautelosa.
Victor: de modo algum, não autorize.

call off

Desliguei rapidamente, mas é claro que ele viria aqui. Mais cedo ou mais tarde eu já esperava seu sermão, mas não estou com saco para ouvir mais uma de suas canalhices. Assim que me sentei novamente, as portas a minha frente se abriram. Srta. Passos tentando impedir, sem sucesso algum, a entrada de Pedro em meu escritório. Respirei fundo com a cena.
Pedro: essa empresa é minha e quem decide aonde entro sou eu, sr. Augusto — disse me encarando. Apertei meus punhos embaixo da mesa.
Babi: me desculpe, sr. Augusto, tentei evitar ao máximo, mas ele... — sua voz desesperada estava me fazendo perder a cabeça com toda aquela situação.
Victor: saia! — dei a ordem, seus olhos saltaram arregalados mas em seguida ela obedeceu saindo de meu escritório e fechando as portas atrás de Pedro.
Pedro: pode me explicar o motivo de sua saída no meio de uma reunião importante como aquela? — disse com os dentes cerrados.
Victor: seu favoritismo — respondi, oferecendo-lhe um sorriso sínico.
Ele respirou fundo caminhando até minha mesa.
Pedro: não entendi, você se refere à promoção de Gilson?
Victor: existe outro favorito na empresa? Eu não me surpreenderia — perguntei, ainda sorrindo cinicamente — isso tudo é uma grande palhaçada. Nós dois sabemos que mereço bem mais aquela promoção por todo o dinheiro que trouxe a essa empresa no último ano.
Pedro: não funciona desse jeito, sr. Augusto.
Victor: sim, funciona do seu jeito — respondi, enfatizando a penúltima palavra — se me der licença, tenho mais o que fazer.
Abotoando meu paletó, passei por ele sem nem dar ouvidos ao que estava falando. Só preciso descontar toda essa raiva em algo mais útil, ou talvez mais prazeroso.

Call on • Marcos:

Marcos: alô?
Victor: preciso de você, me encontre naquele restaurante, mesma mesa de sempre.
Marcos: boa tarde pra pra você também, meu querido amigo — disse testando minha paciência — não vai dar, tenho compromisso daqui meia hora e não posso cancelar.
Victor: não estou nem aí pro seu compromisso, cancele. Te encontro em 10 minutos!

call off

Entrei no meu carro e segui para o local. Chegando, me debrucei sobre a mesa. O burburinho do restaurante lotado ficou de fundo conforme eu me esforçava para conter minha impaciência. Marcos já estava na minha frente, me observando cauteloso.
Reprimindo a vontade de quebrar a taça em minha frente, mantive minha voz baixa, mas a fúria foi refletida em minhas palavras.
Marcos: o que disse? Tenho certeza de que não entendi direito — disse recostando-se na cadeira.
Victor: eu disse que Gilson foi promovido — falei, apertando tão forte a base da taça que fiquei surpreso por não tê-la quebrado — era pra ser a minha promoção.
Marcos bebeu seu uísque olhando para mim por cima do copo.
Marcos: isso é ruim, Victor. Mas o que quer que eu faça em relação a isso?
Victor: outro emprego, é isso que você faz. Arranje outro pra mim — falei e logo recebendo uma risada seca após ele deixar seu copo novamente sobre a mesa.
Marcos: já discutimos isso, nessa cidade não há mais empresas que correspondam à altura. Mas em outra cidade talvez...
Victor: quero aqui — falei firme — e a Cortez Inc? Eles seriam sortudos de ter a mim, meu currículo fala por si mesmo.
Marcos: assim como sua personalidade e fama — disse revirando os olhos — sua reputação e seu nome falam por si mesmos, sabe que é conhecido como mulherengo em muitos grupos por motivos óbvios.
Dei de ombros, não me importo com o que pensam de mim.

Marcos: A Cortez Inc é uma empresa conservadora, muito diferente da empresa de Pedro, eles trabalham a partir de princípios fundamentais: família e integridade. Nem mesmo em seus sonhos você se encaixa em algum deles — disse com um sorriso debochado.
A Cortez Inc sempre foi uma empresa extremamente diferente da de Pedro e por isso era sua principal concorrente. Pedir demissão e ir trabalhar para seu inimigo o deixaria extremamente puto. Quero essa vingança, quero mostrar o que ele irá perder por todo seu favoritismo ridículo.
Victor: posso me controlar e trabalhar conforme eles exigem — falei apoiando meus braços na mesa.
Marcos: não tão fácil assim — disse com a expressão relaxada, nada preocupado com meu dilema — Luiz Cortez preza pela família, e administra seus negócios da mesma forma. Só contrata pessoas com a mesma mentalidade. Sua... vida pessoal, não é aceitável para ele.
Victor: me considere um homem mudado — sorri ironicamente.
Marcos: Victor, pense com sua cabeça de cima, pelo menos uma vez! Toda a família de Cortez está envolvida nos negócios, sua esposa e seus filhos até os cônjuges de seus filhos trabalham lá — disse me olhando agora impaciente — ser contratado lá é difícil, já que é raro alguém sair.
Victor: sou um azarado de merda — bufei, me reclinando na cadeira.
Marcos: talvez, mas um de seus melhores executivos está deixando a empresa por motivos pessoais, pelo que fiquei sabendo — disse receoso.
Victor: ele precisa de um substituto? Porra, é isso! Me consiga uma entrevista e eu cuido do resto — falei me levantando da cadeira com um sorriso vitorioso.
Marcos: você é um idiota muito confiante — disse me observando balançando a cabeça em negação.
Minha mente estava um turbilhão de pensamentos. Como convencer um estranho de que você não é o que parece? Sempre fui um homem movido a desafios. E nesse jogo, eu sei as regras, eu jogo bem e eu sempre ganho. Logo saberei a resposta dessa pergunta.

(oi, pessoa. To feliz que minha história chegou até você. Espero que cumpra com suas expectativas. Boa leitura 💛)

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