Capítulo 2

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[Bárbara Passos]

Aproveitando que o carrasco havia saído, desembrulhei meu misto e finalmente o comi. Estava morta de fome, ele nunca me deixa comer aqui.
Meu telefone tocou, reconheci o número do asilo particular que Marcia ficava.

call on • Casa de Repouso:

Tami: boa tarde, dona Bárbara. Estou incomodando? — disse com sua voz doce, Tami era uma das funcionárias que mais gostava de Marcia.
Babi: Pelo contrário. Algo aconteceu com ela? — perguntei preocupada. Eles nunca ligavam.
Tami: não, não. Ela está bem, está lúcida e pintando — disse rindo, meu coração se desapertou do nó que havia se formado segundos antes.
Babi: bom, sobre o que precisa falar?
Tami: liguei somente para confirmar sobre o reajuste da mensalidade. Lhe contei sobre o aumento de 400 reais, está lembrada?
Babi: sim, estou. Passarei aí mais tarde para acertar tudo isso, Tami. Obrigada por avisar.
Tami: tudo bem, dona Bárbara. Aguardo a senhora.

call off

Tudo que eu menos precisava, mais dinheiro. Eu estava um fiasco, o dinheiro que ganho trabalhando para o sr. Augusto quase não dava para tudo. Nos últimos anos venho morando em um lugar ruim, mas que consigo pagar o aluguel sem atrasos. Com apenas o necessário, evito refeições como almoço e janta todos os dias, e na maioria deles é só misto e os biscoitos de leite que consigo fazer em casa. Agradeço todos os dias pela empresa oferecer café e alguns bolos que deixam perto da máquina de café. Era o que me sustentava, vivo economizando tudo que posso. Caminho até a empresa todos os dias, mesmo que seja um pouco longe. Uso roupas que consigo comprar em brechós, podem não ser o que desejo, mas são extremamente confortáveis e o principal: baratas.

Todo o meu dinheiro vai para a mensalidade da casa de repouso que deixo Marcia. Mesmo levando boa parte do meu salário, não contesto, quero que Marcia continue recebendo todo o cuidado necessário tendo tudo que ela precisa para se sentir bem, mas agora com o aumento não sei em que mais vou reduzir gastos. Terei de procurar mais um emprego para conseguir bancar tudo. Tempo? Terei de arranjar, mesmo que esse emprego com sr. Augusto esgote toda a minha energia. Todos os dias sou recebida por gritos e patadas, nada que faço parece estar bom para ele. Fico surpresa dele ainda me manter como sua assistente pessoal, mas logo me lembro que não é por ele e sim por Marcos. Seu amigo mais próximo, ele quem me indicou para ocupar esse cargo e com certeza é ele quem não deixa Victor Augusto me demitir. Babaca.

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