Capítulo 12

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[Victor Augusto]

Na segunda, me encontrei com Luiz conforme ele havia pedido. Eu estava nervoso, não sabia se ele havia realmente acreditado em toda minha encenação com Bárbara.
Já em sua sala, ouvi seus passos atrás de mim. Levantei-me para cumprimentar, se tudo der certo, meu novo chefe.
Luiz: Victor Augusto — disse segurando minha mão — que bom que conseguiu vir. No churrasco não consegui dizer o quão adorável sua noiva é. Minha Laura falou sobre ela a noite inteira após a festa.
Ele se sentou fazendo sinal para que eu sentasse também.
Victor: minha Bárbara realmente é incrível — falei orgulhoso. Do meu plano, é claro. Ele assentiu sorrindo. Pegou algumas pastas em sua gaveta colocando-as na mesa.
Luiz: então, sr. Augusto. Compartilhei seus últimos feitos com nossa equipe.
Victor: e?
Luiz: eles concordaram comigo, pensam que você acrescentaria bastante em nossa empresa — abaixei a cabeça sem esconder meu sorriso — É raro eu contratar alguém de fora, Victor. Aqueles que não são da família estão comigo há muito tempo, tornaram-se parte da minha família.
Victor: eu sei, sr. Cortez. Admiro a forma como os funcionários de sua empresa são tratados.
Luiz: tenho que dizer que fiquei desconfiado quando eu vi seu nome, Victor. Sua, hum, reputação fala por você.
Tive a ousadia de parecer envergonhado.
Victor: não posso mudar meu passado, sr. Cortez, mas posso te dizer que quero algo diferente agora — curvei-me para frente sério e ansioso — quero trabalhar aqui, quero provar a você que pertenço a sua empresa. Me deixe te mostrar que posso acrescentar. Quero fazer parte de algo, e não apenas ganhar dinheiro.
Luiz: te acho muito talentoso, ainda tenho minhas dúvidas, mas Laura só fala de você desde que te conheceu — disse, me deixando surpreso — ela acha que alguém tão maravilhosa como Babi só iria amar alguém com uma capacidade enorme de se doar, ela acha que você é essa pessoa. Minha Laura tem fé em você.
Isso era extremamente novo para mim. Despertou algo que eu não sentia em anos: orgulho do meu trabalho.

Luiz: quero que leve isso com você, leia todas as regras e reflita se é isso mesmo que quer. Vamos assinar na quarta, e assim você poderá começar a trabalhar no dia seguinte.
Sem palavras, apenas concordei pegando os papéis de sua mão.
Luiz: você é brilhante, Victor. Será um prazer ter você em nossa empresa.
Depois de nossa conversa, voltei para casa. Abri a porta franzindo a testa ao ouvir vozes femininas, obviamente Bárbara convidou alguém que eu não sabia. Ouvi com cautela e quando a mulher riu, eu soube.
Carolina Voltan veio visita-la.
Interessante.
Estiquei-me para trás, reabri a porta e a deixei fechar fazendo barulho.
Victor: meu bem? — gritei com um sorriso.
Ela apareceu logo em seguida, parecendo assustada.
Babi: Victor?
Abri meus braços e fui até ela. Abracei girando-a, fazendo com que ela risse pelo movimento inesperado e, antes de poder dizer alguma coisa, coloquei-a de pé agarrando seu rosto e beijando seus lábios. Um calor estranho preencheu meu corpo, sem dúvida era gratidão por ela ter entrado na interpretação. Quando ela agarrou meu pescoço, aproximando-me dela que estremeceu de leve quando enfiei minha língua tocando a dela e não consegui evitar que um gemido escapasse. Beija-la não era um mau negócio, eu estava começando a gostar disso.

Victor: temos companhia? — perguntei, soltando-a.
Babi: Carol está aqui — disse indo até a cozinha, onde Carol estava sentada com um café e biscoitos de leite perto — fiz café fresco e acabei de tirar os biscoitos do forno.
Victor: Oi, Carol! — cumprimentei apertando seus ombros de leve e em seguida abraçando Bárbara por trás — o cheiro está ótimo.
Carol: como foi a reunião com meu pai?
Victor: estou praticamente contratado — respondi, recebendo um abraço caloroso de Bárbara. Ela parecia genuinamente feliz por isso, sem encenações. Apertei sua cintura ainda mais forte, sentindo bem seu corpo contra o meu.
Babi: estou orgulhosa de você, meu bem — disse contra meus lábios me beijando em seguida. Tão delicada e carinhosa. Até eu acreditei.
Carol: estou feliz por você, Victor. Em breve iremos trabalhar juntos — ela riu pegando sua bolsa — e mais feliz ainda por ter a certeza de que irei te ver mais vezes, Babi.
Babi: pode apostar — disse sorrindo.
Carol: acho que vocês querem ficar sozinhos. Já vou indo, tenho um compromisso daqui alguns minutos —ela se despediu com um abraço apertado em Bárbara e depois em mim — parabéns novamente, Victor. Vai ser bom ter você em nossa empresa!
Quando Carol deixou o apartamento, eu e Bárbara ficamos ali parados, olhando um para o outro.
Babi: café?
Victor: seria bom — falei me sentando — Cortez me perguntou sobre meus planos com você.
Bárbara se virou preocupada, quase derramando o café quente em si.
Babi: como assim?
Victor: casamento. Ele perguntou se já temos planos de quando, onde... — peguei a xícara de sua mão, bebendo um gole — pensei que isso seria mais fácil. Que eu precisaria te levar em poucos eventos, eles te conheceriam e pronto. Não contava que você e a filha dele se tornariam amigas, ou que a esposa dele a adorasse da forma que ele me contou.
Babi: o que quer dizer com isso?
Victor: acho que esse contrato vai precisar durar bem mais do que apenas 5 meses — a encarei, seus olhos estavam atentos aos meus — talvez um ano.
Bárbara abriu sua boca, obviamente o tempo era bem maior do que eu havia proposto.

Victor: preciso saber se está nessa comigo ainda — encarei seu rosto, ela não disse nada, nem mesmo me olhava nos olhos. Senti um pânico se formar em meu peito. Não posso fazer isso sem Bárbara. Eu queria rir dessa ironia, dias atrás eu queria me livrar dela o mais rápido possível e hoje preciso dela mais do que tudo. Karma é realmente algo bizarro.
Victor: podemos rever os termos, adicionar uma quantia maior caso você... — ela finalmente me encarou.
Babi: seus termos estão bons. Não quero mais dinheiro, Victor.
Victor: concorda em ficar? — perguntei, ansioso por sua resposta.
Babi: por um ano.
Victor: ótimo. Até o final do ano Cortez já terá visto meu trabalho e não precisará se preocupar com minha vida pessoal — deixei a xícara sob a mesa, voltando minha expressão séria — há mais alguma coisa que preciso acertar.
Bárbara me encarou com suas sobrancelhas levantadas.
Victor: preciso deixar Luiz Cortez sem espaço para dúvidas quanto a nós. Ele pode suspeitar de algo, tenho esse medo.
Babi: cospe logo, Victor. Não estou te entendendo.
Analisei-a por uns segundos, e então falei aquilo que nunca pensei que fosse me ouvir dizer.
Victor: quer se casar comigo, Bárbara?

Ela ficou paralisada me olhando, seus lábios se abriram mas logo ela os fechou voltando a me encarar. E então ela fez o que eu menos imaginava: ela riu. Escandalosamente. Suas mãos foram para a boca tentando conter o som, mas sem sucesso. Cada vez mais alto, de seus olhos saíam até lágrimas e ela continuava rindo descontroladamente.
O som era incomum antes, mas agora eu já estava me familiarizando. Por mais gostosa que era sua risada, eu não estava achando legal.
Endireitei-me cruzando os braços.
Victor: não estou achando graça, srta. Passos.
Pensei que, quando eu falasse ela enfim pararia de rir, mas aconteceu exatamente o contrário. Ela riu ainda mais da minha cara.
Victor: Bárbara!
Ela se apoiou no balcão, limpou os olhos e olhando pra mim parecendo se recompor, ela voltou a rir. Mais crise de riso.
Saí da cadeira, indo direto nela. Sem saber o que fazer para ela parar com aquilo. Segurei seus braços e, sem pensar apertei meus lábios contra os dela silenciando sua loucura de forma eficiente. Aquele calor estranho desceu pelo meu corpo quando a apertei ainda mais em meu corpo, usei toda a irritação que ela me causou para puni-la em silêncio naquele beijo.
O problema é que não pareceu uma punição. Foi prazeroso.
Com um gemido inesperado, recuei com minha respiração descontrolada.
Victor: terminou? — ela finalmente me encarou, vermelha e séria — antes que comece de novo, vai se casar comigo ou não?
Babi: não.
O que? Não esperei por essa resposta. Eu tinha certeza que ela toparia, fazia praticamente parte do contrato.
Victor: porque não? — perguntei preocupado.
Babi: Victor, pense. Se por acaso Cortez desconfia que somos uma farsa, como você pensa, se nos casamos agora sem mais nem menos deixaria ele ainda mais desconfiado.
Olhei fixamente em seus olhos castanhos, e suas palavras foram absorvidos pelo meu cérebro.
Victor: merda, sim.
Babi: estou certa, eu sei — disse com um sorriso vitorioso nos lábios. Era um sorriso bonito, eu detestava admitir, mas ela tinha razão.
Victor: é, você está certa mesmo — revirei os olhos.

Babi: desculpe, o que disse? Repete de novo, por favor!
Victor: não abuse da sorte, floco de neve.
Ela sorriu, e me passou pela mente que ela não estava mais com medo de mim. Se isso era bom ou não, ainda preciso descobrir.
Babi: porque me chama de floco de neve? É sem sentido — perguntou com as sobrancelhas juntas. Isso me fez rir.
Aproximei de seu corpo novamente, correndo meu dedo por seu rosto de leve.
Victor: porque você é como um floco de neve: bonita e única. E em breve, com apenas um toque meu, vai ficar molhada.
Pisquei para ela me virando para as escadas, deixando seu rosto totalmente ruborizado. Ainda vou ganhar nossa aposta, Bárbara Passos.

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