Capítulo 47

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[Barbara Passos]

Voltamos para casa cansadas e com um sorriso imenso no rosto. Tudo havia saído como planejei.
Quando chegamos, Carol tirou seus saltos e desmontou no meu sofá. Sorri caminhando para a cozinha.
Babi: vinho? — perguntei, levantando duas taças no ar.
Carol: por favor!
Peguei meu velho tinto e levei para a sala, deixando as taças sobre a mesa. Carol logo se serviu, depois despejou no meu copo. Levantamos as duas taças acima para brindarmos.
Babi: à vida, prosperidade e... — me faltou a última palavra, mas logo Carol tratou de completar.
Carol: e ao amor — ele disse e brindou, me olhando por cima da taça.
Babi: não acho que amor seja algo a ser brindado — dei de ombros — amor só te leva para baixo.
Carol: hum, discordo. Amor é essencial.
Babi: não é. Estou firme e forte aqui, não estou? — rebati, fazendo Carol rir— não preciso de amor.
Carol se ajeitou no sofá, deixando sua taça sob a mesa. Ela em seguida segurou minhas duas mãos juntas.
Carol: você diz isso, mas sei que ainda ama ele. Todos esses anos, você nem sequer procurou se envolver com outro. É dele o seu coração, Bárbara. Ele ainda me pergunta por você. Todos os meses! — suas palavras me acertaram. Me levantei, tentando negar tudo isso.
Babi: eu vou cortar alguns queijos, é bom com vinho. O que acha? — segui para a cozinha, eu odiava essa conversa.
Carol: quem diabos você está querendo enganar, Babi? — ela se levantou, um pouco irritada vindo até o balcão da cozinha — você não colocou seu próprio nome em seu trabalho porque sabia que ele poderia te encontrar, não é?
Babi: isso não é verdade — era totalmente verdade. Ele sabia que era meu sonho, poderia juntar 2 com 2 e enfim saber onde eu estava.
Carol: e você acha que eu não notei que "Cirtov" é um maldito anagrama para Victor? — ela sorriu — ta na cara que ainda não o esqueceu.

Bufei, colocando minha mãos sob o balcão, parando em sua frente.
Babi: você está certa. Ainda amo aquele homem — minha garganta se apertou em falar sobre isso depois de anos — mas me amo ainda mais. Ele nunca me mereceu, provou isso quando simplesmente desapareceu. Então, decidi fazer o mesmo. Pra sempre.
Carol deu a volta no balcão se aproximando de mim.
Carol: eu sei que ele errou, as fotos provam isso. Mas e se...
Babi: não tem e se, Carol. Traição não tem justificativa, foi a única coisa que pedi a ele quando aceitei o contrato — tapei minha boca quando percebi o que eu havia dito. Merda, Carol nem sonhava que o casamento era falso.

Carol: como é? — suas sobrancelhas estavam unidas, ela queria ter certeza de que havia realmente escutado aquilo. Deus, eu jurei que nunca a deixaria saber, justamente por Cortez ser seu pai. Mesmo longe de Victor e com raiva, eu não queria destruí-lo.
Babi: o casamento era falso. Pelo menos foi até certo ponto, para mim.
Carol: eu não estou entendendo, Babi.
Puxei sua mão levando ela até o sofá. Ela se sentou, ainda sem entender nada. Soltei um suspiro longo antes de contar tudo a ela.
Babi: Victor me pediu ajuda para fingir ser sua noiva quando eu ainda era sua assistente pessoal. Ele queria muito trabalhar na empresa de seu pai, mas seu estilo de vida não era compatível com vocês. Éramos pólvora e fosforo. Na frente de sua família, fazíamos o possível para mostrar que nos amávamos, mas dentro de casa pegávamos fogo. Eu nunca gostei dele, ele muito menos de mim — minha mente vagueou pelas lembranças com Victor — até que descobrimos coisas um do outro, coisas que mudaram nossa visão. E aí, tudo parecia um mar de rosas. Victor parecia cada vez mais gostar de mim, arrisco dizer que ele parecia verdadeiramente apaixonado.
Carol: não parecia atuação o jeito que ele te olhava — ela disse, ainda atenta em minhas expressões. Sorri com seu comentário.
Babi: quando Marcia morreu, ele cuidou de mim. Não me deixou sozinha nenhum minuto sequer. Mas duas semanas depois, ele mudou da água pro vinho. Voltou a ser o Victor frio e fechado, e então depois de alguns dias recebi aquelas fotos quando ele simplesmente desapareceu.
Carol tinha um sorriso triste nos lábios, uma reação completamente diferente do que eu esperava depois de descobrir que a enganei.
Carol: isso é tão fodido — disse me puxando pelos ombros para um abraço — venha aqui.

Babi: eu nunca quis ir embora, na verdade — uma lágrima solitária desceu pela minha bochecha em um caminho até minha boca — mas eu sabia que tinha que partir, pra evitar ser partida. Ele poderia facilmente me convencer a ficar, ele tinha poder sob mim, porque eu estava tão apaixonada e tão ferida por conta de Marcia.
Carol: você tomou a decisão certa — ela me encarou, um sorriso de canto apareceu em seu rosto — mas hoje, você se recuperou. Não tem nenhuma curiosidade em saber sobre a versão dele da história? Talvez se reencontrarem, apenas para conversar.
Me levantei, irritada.
Babi: eu enterrei Victor no meu passado. Qualquer sentimento que ainda tenho hoje, deixo guardado por um motivo: eu o odeio, mais do que amo.
Carol: ok, não está mais aqui quem falou — disse levantando as mãos em sinal de rendição.
Fui até a cozinha para pegar os queijos e mais vinho.
Babi: vai ficar na cidade até que dia? — perguntei, voltando para a sala.
Carol: até amanhã. Me desculpe, estou com muito trabalho na empresa.
Semicerrei meus olhos deixando um sorriso divertido tomar meus lábios.
Carol: o que essa sua mente irresponsável está pensando, dona Bárbara? — disse rindo.
Babi: BEBIDA! — levantei meus braços para o alto pulando em diversão — tem um bar muito bom aqui perto, vamos?

Carol: Babi, eu não sei, amanhã dirijo cedo pra casa — fiz biquinho para convencê-la — ok, Bárbara Passos. Você venceu, nós vamos.
Corri para abraça-la. Finalmente uma noite não solitária dentro desse apartamento sombrio. Já faziam dias que eu não saía de noite.
Babi: vou me arrumar, fique a vontade para usar minhas coisas.
Depois de algumas horas, eu estava pronta esperando Carol soltar os cachos de seu cabelo.
Quando ela terminou, seguimos para fora do apartamento.
Carol: o espelho do seu elevador é melhor que o da sua casa — disse pegando seu celular para tirar foto.
Babi: eu sei, desde que me mudei eu penso em rouba-lo — falei rindo. Carol me puxou para me enquadrar na foto.
Carol: olha só — a foto havia ficado linda. Era bom ter Carol aqui, senti falta de me divertir assim — eu amei tanto.
Logo já estávamos no bar.

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