LOVE AND HATE

Capítulo 48

[Barbara Passos]

A noite foi tão boa quanto minha companhia. Carol era divertida, era impossível ficar sem rir ao seu lado.
Bebemos algumas tequilas junto com outros drinques enquanto contávamos casos dos últimos anos.
Carol: e então, ninguém no radar? — perguntou bebendo um gole de seu copo. Eu ri, lembrando dos últimos dias.
Babi: talvez se eu tivesse tempo... — respondi, também bebendo um gole.
Carol: ninguém mesmo? Que tediante, Bárbara.
Babi: me desculpe, mas acho que você esqueceu que ainda sou legalmente casada — suspirei — infelizmente.
Carol: vocês não... — interrompi.
Babi: meu advogado mandou um email para Victor solicitando o divorcio, mas ele nunca respondeu. Eu deixei isso esquecido, estava tão ocupada com a faculdade e o trabalho, mas agora vou tentar novamente.
Carol: ele não respondeu, ou a falta de resposta em si, já era uma? — disse, me deixando confusa.
Babi: eu estou bebada, Carol. Sem enigmas — contestei.
Carol: talvez ele não respondeu porque simplesmente não queria o divórcio — disse, me fazendo refletir.
Babi: isso não tem o menor sentido.
Carol: pra mim tem — disse terminando sua bebida.
Alguns minutos mais tardes resolvemos deixar o bar e ir pra casa. Estávamos levemente alteradas, quando chegamos fomos direto pra cama.
Quando um feixe de luz escapou da minha cortina, me espreguicei ainda sem abrir os olhos.
Carol: bom dia, acho melhor acordar antes que eu vá sem me despedir.
Abri meus olhos encontrando Carol já arrumada, eu não sabia que ela iria tão cedo.

Babi: vou só tomar um banho e aí tomamos o café la na Cirtov, um minuto — falei me levantando correndo para ir ao banheiro.
Alguns minutos depois, eu ja estava pronta.
Babi: vamos? — perguntei pegando minhas chaves na mesa. Carol me acompanhou, pegando sua bolsa.
Dirigi até o café, quando chegamos Carol se sentou em uma das mesas, enquanto eu checava se tudo estava certo do outro lado do balcão.
Voltei logo em seguida trazendo dois capuccinos, junto com os velhos biscoitos de leite.
Carol: não acredito!! — ela disse com um sorriso imenso quando botou os olhos nos biscoitos — eu senti tanta falta desses biscoitos de leite.
Eu sorri, mas uma voz rouca e familiar atrás de mim me fez paralisar.
"eu também".

Os olhos de Carol estavam arregalados assim como os meus. Me recusei a virar e ter certeza de quem era o dono da voz. Depois de anos longe, ele ainda tinha efeito sob meu corpo, porque todas as minhas ramificações nervosas ganharam vida naquele momento.
Carol: Victor, o que faz aqui? Que coincidência — ela disse, tentando amenizar o clima tenso que se formou. Eu ainda não havia me virado. Então olhei firmemente para Carol, fazendo ela fechar a boca.
Victor: eu não diria coincidência — fechei meus olhos, sem acreditar no que estava acontecendo.
Tomei coragem quando me recompus, me virando para encontrar seus olhos escuros em mim.
Babi: posso ajudar, Victor? — perguntei, tentando ser profissional. Afinal, ele estava aqui para tomar café, não? Mas encarar Victor depois de anos esmagando tão forte um sentimento por ele dentro de mim não me deixou agir tão calma.
Victor: um café e alguns minutos de seu tempo, seria bom — disse com um pequeno sorriso. Deus, porque isso estava acontecendo?
Babi: vou providenciar o café — respondi friamente. A conversa não iria rolar, obviamente.
Quando me virei, puxei Carol pelo braço levando-a até a parte de trás do café.
Babi: me diz que você não tem nada a ver com a coincidente vinda dele até aqui — falei entre os dentes, irritada. Carol tinha culpa em seus olhos — fale, Carol!
Carol: talvez eu tenha postado nossa foto no instagram.
Babi: isso não o traria aqui.
Carol: com a localização — ela completou. Revirei os olhos, sério Carol?

Babi: e como ele achou meu café? — perguntei, ainda desconfiada.
Carol: a legenda da foto era "comemorando a inauguração do Cirtov Café" — ela sabia que tinha feito merda, pela cara de piedade que estava fazendo — me desculpa, Babi. Eu realmente não pensei, esqueci que ele me seguia.
Ela só podia estar brincando.
Babi: eu vou pegar o café dele — falei me virando sem querer acreditar no que Carol tinha feito.
Carol: espera, Babi. Eu preciso ir, já demorei tempo demais — voltei encarando ela com meus olhos arregalados.
Babi: ah não, não, não, não. Você vai me deixar aqui? COM ELE? — contestei.
Carol: eu sinto muito — disse me abraçando — qualquer coisa me liga. E, dê uma chance dele se explicar, sei lá. Talvez isso te ajude a enterrar de vez essa história ou...
Babi: CAROL! — repreendi. Ela riu, se afastando.