Capítulo 9

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[Barbara Passos]

Algo me diz que Victor já passou por alguma desilusão amorosa para detestar tanto o amor desse jeito. Isso explica sua vida na luxúria. Mulheres, sexo e dinheiro. Essa era sua vida, essa é a vida que ele tem que mostrar ter largado para Cortez o admitir em sua empresa. Piada.
Victor: estive pensando sobre sua proposta de dias atras — levantei a sobrancelha confusa, tentando me lembrar dela — bom, já que não posso foder outras por aí, fiquei pensando se caso isso dure mais do que imaginamos.
Babi: você já sabe, sem traições, meu futuro marido — falei desafiando-o.
Victor: meses é muito tempo para um homem como eu, Bárbara.
Babi: e... — aonde ele queria chegar com essa conversa?
Victor: pensei que como passaremos tempo demais juntos, talvez você estivesse aberta a novas descobertas.
Babi: disse que não me achava atraente...
Ele nitidamente disse isso sempre que me insultava, eu e minhas roupas. Ele nunca prestou a atenção em mim. Se eu cedesse, certamente seria para saciar sua carência. Não sou como suas ex, conquistas, usadas e depois de tudo: descartadas.
Victor: Posso ter julgado mal. Em relação a parte atraente, de novo, eu estava enganado. Você é bem bonita quando não está vestida com todos aqueles trapos e com cabelo preso da forma que idosas usam — revirei os olhos.
Babi: ah, obrigada. Continue com suas palavras doces que logo não conseguirei me controlar ao seu redor — debochei — você tem mãos, consegue se virar.
Victor: não vai sentir falta de sexo durante os meses que se seguirem? — perguntou tentando me fazer mudar de ideia. Sem sucesso, meu querido.
Babi: você não pode sentir falta do que nunca teve, Victor — revelei podendo sentir meu rosto todo se ruborizando.
Victor: oh  — foi tudo que ele conseguiu dizer.

Me sentei novamente enchendo minha taça.
Victor: bom, tem certeza que não quer pedir outra coisa? — neguei, percebi sua frustração. Isso estava interessante. Victor Augusto sem sua maior distração por longos meses? Gosto.
Victor: ok, então irei lhe propor uma coisa também — ele disse se aproximando.
Babi: vá em frente — bebi mais um gole, tendo a visão dele em minha frente.
Victor: um mês... — disse com seus lábios se curvando em um sorriso malicioso.
Babi: um mês o que? — perguntei. Ele logo me prendeu no balcão com seus braços fortes em cada lado dos meus ombros, fazendo com que minha única opção fosse apenas encarar seu belo rosto.
Victor: um mês é o prazo para que eu consiga fazer você implorar para eu fode-la forte — dei risada, quem ele pensa que é? Deus do sexo? Aguentei meus 24 anos inteiros, o que é 1 mês perto disso? — e caso você ganhe essa aposta, eu fico o tempo que você quiser apenas me satisfazendo com minhas mãos. Infelizmente.
Encarei seus olhos. Ele estava realmente acreditando que poderia me fazer mudar de ideia. Resolvi entrar no jogo.
Victor: topa, srta. Bárbara Passos? — sua voz era rouca e pesada em meu ouvido. Me arrancou arrepios. Malditos arrepios que sempre me entregam.
Babi: boa sorte, Victor Augusto. Espero que consiga cumprir os longos meses sem qualquer tipo de sexo — me soltei de seus braços finalmente — pois você acabou de brincar com fogo.
Falei, lançando um olhar confiante. Mesmo que por dentro eu sabia que ele, talvez, pudesse conseguir ganhar esse jogo.

Tive dificuldade de novo para dormir, andei na ponta dos pés pelo corredor abrindo a porta do quarto de Victor, naquela noite ele estava de bruços abraçado com travesseiro, ele ainda estava roncando. Um barulho baixo e rouco, que eu precisava ouvir.
Observando quieta ali, me peguei pensando sobre seu beijo, a forma que dançamos e como nossos corpos se encaixaram tão bem. Eu sabia que tudo fazia parte de um grande plano, mas havia momentos que eu notava um homem diferente do que eu estava costumado a ver. Eu tinha de admitir, seu beijo não foi nada ruim considerando o veneno que sua boca podia produzir, seus lábios eram quentes, macios e carnudos e seu toque era gentil.
Ele resmungou e se virou levando os cobertores com ele. Engoli, parcialmente me sentindo culpada por encarar-lo. Parcialmente maravilhada. Ele era um homem lindo, pelo menos por fora. Ele murmurou alguma coisa incoerente e eu recuei saindo da porta voltando para o meu quarto.
Eu poderia facilmente criar sentimentos por ele, pena que eu, mais do que ninguém, conheço seu outro lado. Seu lado rude, hostil e babaca.
Ainda sim, seus roncos baixos me levaram a dormir mais tranquila.
Pela manhã, acordei mais cedo para visitar Marcia. Era a parte boa do meu dia. Chegando em seu quarto, fui recebida por um abraço caloroso e um aperto no nariz. Seu cumprimento de sempre, desde quando eu era uma menina.
Ela estava bem, conversamos sobre coisas do meu dia-a-dia, mas não mencionei nada sobre Victor ou sobre o que eu estava fazendo por ele, isso a traria muita confusão mental. Menti, dizendo que meu trabalho continuava exatamente igual.
Ela estava pintando um quadro com flores, e eu estava admirando, percebi quando ela ficou quieta, me observou, depois virou sua cadeira e continuou pincelando.
Babi: esse é tão lindo quanto os outros — falei apontando para o quadro ao lado — me lembra de quando nós íamos para o lago ver o sol se pondo. Posso levar?
Ela assentiu, parecendo deslocada.
Marcia: obrigada, mas vai ter que perguntar à minha filha se está a venda. Não sei onde ela está.

Minha respiração parou na garganta. Ela havia desaparecido de novo. Os instantes de lucidez estavam ficando cada vez mais raros, eu sabia que era melhor não chatear-la.
Babi: tudo bem, talvez eu possa pega-lo e tentar encontrar ela.
Marcia: pode tentar. Ela deve estar na escola, minha Bárbara é uma menina ocupada.
Concordei, peguei o pequeno quadro e o envolvi em meus braços. Sai do quarto agarrada à pintura, sufocando as lágrimas. Ela não me reconhecia, mas lá no fundo, ela ainda pensava em mim como sua filha, da mesma forma que eu pensava nela com a minha única família.
Era um lembrete do motivo pelo qual eu estava fazendo aquilo com Victor. Era por ela.
Sequei meus olhos e voltei para o apartamento.
Abrindo a porta, dei de cara com Victor que me recebeu com sua velha expressão de sempre: irritado.
Victor: onde você estava? Tem um compromisso se não se lembra — disse abrindo espaço para que eu entrasse.
Babi: bom dia para você também, Victor. São somente nove horas, estou lembrada sim de meu compromisso — respondi seca.
Victor: eu te liguei, porque agora você nunca atende quando eu ligo para a porcaria do seu celular?
Babi: você diz aquele? — apontei para meu celular que eu havia deixado sob a mesa, nem cogitei leva-lo. Ele revirou os olhos — não o levo quando vou visitar Marcia. É inútil.
Victor: o que é isso? — tentei segurar, mas foi em vão quando ele pegou a pintura analisando-a — você não vai pendurar essa merda aqui.
Evitei seu olhar, era obvio que eu não faria isso, esse quadro era importante demais para estar apenas enfeitando essa casa vazia e escura.
Voltei para meu quarto, o churrasco na casa dos Cortez seria pela tarde, Victor se certificou de marcar cabelo e unhas para mim. Sem necessidade, eu podia facilmente me arrumar sozinha, mas não contestei.

Perto do horário em que Victor marcou de sairmos, voltei ao apartamento me sentindo outra pessoa. Meu cabelo havia sido cortado e repicado, então o secaram de forma com que caísse em ondas sedosas com todo o brilho que estava. Eles tomaram a liberdade de fazer algumas luzes um tom mais claro que meu castanho, me fazendo ficar ainda mais diferente. Minha pele tinha uma maquiagem leve, meus olhos ressaltados com rímel me faziam ter um olhar mais penetrante. Calcei as sandálias e meu vestido longo. Era leve e bonito, combinava com o verão.
Inspirei fundo e meus nervos se contraíram. Era hora de ver se Victor concordava com essa arrumação toda.

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