Capítulo 14

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[Victor Augusto]

Eu gostava do jeito que o corpo de Bárbara a entregava toda vez que meus lábios tocavam seu ouvido. Era divertido e ao mesmo tempo instigante saber que ela queria, mas é orgulhosa demais para ceder.
Era como se somente Bárbara Passos possuísse um antídoto contra meu charme. Todas as outras se rendiam fácil, menos ela. E isso só estava me fazendo a querer mais. A ideia dela de joelhos implorando para eu lhe dar prazer não deixava minha mente, ainda mais depois de sua confissão noites atrás.
Victor: vou me deitar — falei me afastando de seu corpo quente — amanhã você pode me fazer um favor? Peça para o zelador vir até aqui e arrumar a porta do meu quarto. Tenho certeza que a deixo fechada e ela sempre amanhece aberta, há algo de errado nela.
Babi: hum, eu... — franzi a testa. Ela estava ruborizada, não apenas suas bochechas, e sim seu rosto inteiro.
Victor: Bárbara? — perguntei confuso.
Babi: sua porta não está com problemas — disse baixo.
Victor: como sabe?
Babi: porque eu a abro — foi minha vez de ficar chocado.
Victor: porque faria isso?
Seus olhos evitavam me encarar. Ela estava envergonhada e eu sem entender nada.
Babi: é muito silencioso aqui — minha expressão se tornou ainda mais confusa — na noite em que me mudei para cá era impossível dormir com todo esse silêncio. Me acostumei com os barulhos constantes do lugar que eu morava então passei por seu quarto e escutei você. Estava... hum, roncando.
Victor: tenho desvio de septo. Não é um ronco. É mais como um sibilo.
Babi: quando abro sua porta, deixando uma fresta, consigo te ouvir e então todo o silêncio acaba. É confortante, consigo dormir melhor.
Eu não sabia reagir a essa confissão tímida. Eu não sabia que ela estava tendo dificuldade para dormir.
Victor: bom, então deixa quieto.
Babi: não farei mais — disse sem me olhar, de cabeça baixa mexendo em seu copo.
Victor: que seja!

Dei de ombros e segui para meu quarto. Mesmo assim, mais tarde naquela noite, depois de me ajeitar e apagar a luz para finalmente ir dormir. Abri um pouco da porta, deixando a mesma fresta que ela deixava. Não quero que ela tenha problemas com sono novamente.

A quarta feira finalmente chegou, era um dia bom. Eu tinha conseguido, era um novo funcionário contratado pela Cortez Inc. Para agradar ainda mais Luiz, me disponibilizei para começar a trabalhar naquele mesmo instante. Conheci minha nova assistente que logo me deixou alguns papéis para analisar. Mergulhei neles, quero deixar minha marca nessa empresa.
Mais tarde, o sr. Cortez veio até meu escritório avisar que haveria uma pequena comemoração depois do expediente. Mandei mensagem para Bárbara dizendo que não estaria em casa, mas me surpreendi quando a vi entrar carregando uma bandeja com seus biscoitos de leite. Olhei em volta para a arrumação e o buffet com comidas luxuosas, ela realmente trouxe biscoitos? E por que ela estava aqui? Não pedi para ela vir.
A resposta veio no mesmo segundo. Carol assim que a viu foi em sua direção animada.
Carol: você veio! E trouxe essas maravilhas que te pedi!! — ela a abraçou forte — você é a melhor.
disfarçando minha expressão, atravessei a sala consciente de que os olhos de todos estavam em mim. Passei meu braço pela cintura de Bárbara puxando ela pra perto. Fingi querer sentir seu perfume e murmurei para ela:
Victor: não me contou que viria, meu bem — apertei meu braço sob sua cintura — não respondeu minha mensagem.
Bárbara olhou para mim tensa.
Babi: Carol insistiu que eu fizesse surpresa para você.
Victor: e conseguiu, estou feliz que veio, meu amor — sem querer, a última palavra saiu em tom de deboche. Mas só Bárbara percebeu.
Carol: minha mãe quer te ver de novo, Babi. Venha, Victor não liga de te roubar um pouco para mim, não é?
Pisquei para ela, virei-me indo até o bar. Preciso de um uísque.
As horas passaram, eu ficava pulando de grupo em grupo com o sr. Cortez me apresentando e ouvindo parabéns. Fiquei ali ouvindo seus planos para o fim de semana e a forma como falavam sobre suas esposas, pensando como alguém pode ser tão ligado a outra pessoa e parecia ser a mesma coisa para todos eles.

Olhavam para elas com olhares de adoração, isso me deixava enjoado, mas segui o exemplo observando Bárbara andar pela sala falando com as pessoas, geralmente Carol e Laura estava no seu lado. Ela parecia ser a estrela do show, todo mundo queria falar com a minha noiva. Seus biscoitos foram um sucesso, desaparecendo antes de todas as outras sobremesas.
Aconteceu a mesma coisa na semana anterior, naquele churrasco. Bárbara trazia uma leveza e conforto para as conversas, de alguma forma ela me tornava menos rude, sua delicadeza estava fazendo exatamente o que eu queria. Era o que eu precisava, mas de algum jeito isso me deixava irritado. Isso me fazia sentir como se eu precisasse dela.
E eu não preciso de ninguém.

Luiz: Victor, não precisa fuzilar com os olhos o pessoal da contabilidade — ele riu me dando tapas de leve nas costas — eles só estão sendo simpáticos com Bárbara.
Eu não estava irritado com eles, estava irritado com ela, embora ela estivesse apenas fazendo seu papel como pedi. Meu ego não gostava disso.
Forcei uma risada.
Luiz: ela é maravilhosa e você muito sortudo. Pode ir ficar com sua noiva, já mantive você perto demais hoje.
Sorri e segui seu conselho. Fui em direção à Bárbara. Eu já havia bebido o suficiente, quando cheguei mais perto, abaixei minha boca até ela roçando em seus lábios.
Victor: você ficou longe de mim por tempo demais, meu bem — murmurei contra seus lábios. Ela sorriu tímida.
Enterrei meu rosto em seu pescoço. Eu tinha que admitir, Bárbara sempre tinha um cheiro incrível. Era suave e feminino. Era único, de fato, era para ela porque combinava com seu jeito.
Laura e Carol estavam perto, atentas a nós dois com olhares carinhosos.
Babi: fiquei pensando quando você viria logo para cá — disse me olhando nos olhos. Ela fingia bem.
Victor: eu estava te observando de longe, era minha vontade — respondi. E era verdade. Por algum motivo, mesmo quando eu não queria que acontecesse, meu olhar se desviava para onde ela estava.
Ficamos conversando, algumas vezes tentando mostrar afeto minha mão descia pela cintura de Bárbara até seu quadril. Ela me olhava repreendendo. E eu continuava, era interessante sua expressão.
Babi: Victor! — ela disse entre os dentes, tirando minhas mãos de sua bunda de novo — as pessoas estão olhando.
Victor: deixe-as olhar.
Ela se virou olhando para mim e eu abaixei a cabeça para ouvir o que ela tinha a dizer. Para qualquer um que olhasse para nós, estávamos sussurrando algo íntimo ou fofo. A realidade era bem diferente.
Babi: não está me pagando o suficiente para deixar você passar a mão em mim em público a noite toda — disse baixo, me olhando cinicamente.

Sorri e a puxei para mais perto ao meu lado, meu braço parecia um ferro em volta de sua cintura.
Victor: te pago para agir como minha adorável noiva, então faça o seu papel. Se eu quiser passar a mão em você, eu vou.
Babi: já conseguiu seu emprego, porque está se esforçando tanto agora?
Victor: porque quero mante-lo, então haja como se mal pudesse esperar para me levar para casa e foder pra caralho como um casal normal faz, e aí poderemos ir embora logo — ela deixou a cabeça cair pra traz com os olhos assustados. De tão perto, fiquei maravilhado em poder ver o anel dourado em volta de suas íris junto com as manchas castanhas. Seu cabelo estava solto de novo aquela noite, enfiei minhas mãos em suas mechas macias.
Victor: seu cabelo está bonito — sorri. Eu estava sendo sincero.
Babi: o q-que? — disse estranhando.
Baixei mais meu rosto. Pude sentir os olhares sobre nós.
Victor: vou te beijar agora.
Eu não lhe dei chance de falar. Pressionei minha boca na dela segurando firme sua cabeça, beijando-a forte porque eu estava irritado e ela era a causa disso. Aprofundei o beijo enfiando a língua e acariciando a dela. O que eu não esperava era explosão de calor intenso que emanou entre nós, quando as mãos dela passaram por meus braços e minha nuca segurando-me tão firme quanto eu.

Nada me preparou para o vislumbre de tesão ou desejo desesperado de estarmos sozinhos e não rodeados por um grupo de pessoas observando-me beijar minha noiva. De forma brusca, recuei. Meu olhar encontrou expressões divertidas de Carol e Gabriel. Dei de ombros e beijei a ponta do nariz de Bárbara, dei um passo para trás soltando-a do meu braço. Ela cambaleou um pouco, segurando-a, eu a equilibrei de novo.
Victor: meu bem?
ela olhou pra cima, sua boca vermelha e molhada da minha língua. Bochechas com cor e olhos perdidos. Vendo meu rosto com uma expressão divertida, ela tirou minha mão arrumando o cabelo.
Babi: acho que precisamos ir pra casa — pisquei para ela.
Victor: estava esperando você dizer isso.
Carol: ah não, vocês ainda não vão embora! — disse com uma cara triste abraçando Bárbara — Fiquem mais um pouco, eu e minha mãe ainda temos que conversar sobre seu casamento.
Victor: tudo bem — olhei para o relógio — você tem uma hora, depois ela é minha. Toda minha. Entendeu?
Ela murmurou algo e arrastou Bárbara para longe. Eu as observei indo, sentido-me um pouco bêbado, mas uísque era a resposta.

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