Capítulo 49

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[Barbara Passos]

Quando Carol se foi, o café de Victor estava em minhas mãos. Lutando contra minha vontade de pedir para algum funcionário meu levar até ele, tomei coragem e segui para sua mesa. Eu tinha que mostrar que ele não me afetava mais, sua vinda aqui não significava nada para mim. Mesmo que isso fosse tudo uma mentira fodida que me forcei a acreditar.
Babi: seu café — falei seca, colocando-o sobre a mesa — algo mais?
Victor: Bárbara... — ele insistiu. Convencida de que eu não cederia, apenas olhei em seus olhos uma última vez antes de voltar ao meu trabalho. Mas quando me virei, Victor segurou meu pulso me impedindo de sair dali.
Fechei meus olhos tentando acalmar minha mente. Eu não iria perder meu eixo com ele. Depois de tudo, ele não merecia nem mesmo minha raiva.
Babi: algum problema, Victor? — perguntei, ainda com a expressão séria encarando seus olhos perdidos.
Victor: você sabe que precisamos conversar. Me dê somente isso e depois, se quiser, eu te deixo em paz — eu peguei uma pontada de dor em sua voz — de vez.
Babi: eu não tenho nada para conversar com você, Victor — falei, me livrando de sua mão em meu pulso — e caso não tenha percebido, estou trabalhando.
Victor: não seja tão fria, floco de neve — revirei os olhos com sua ironia — tudo bem um jantar?
Babi: se eu disser não mais uma vez, você vai entender o recado? — ele negou, sorrindo convencido — um jantar. Nada mais.
Victor: eu te busco? — perguntou, se aproximando de mim. Criando um espaço perigoso entre nós.
Babi: o restaurante na rua de baixo. Eu te encontro lá.
Victor: 20:00 horas? — parecia animado.
Babi: estarei lá.

Em seguida, voltei para atrás do balcão organizando os papeis referentes a abertura do café. Victor continuou mais alguns minutos sentado ali, mesmo tentando me concentrar, meus olhos me traiam olhando para ele. De costas, eu dei graças a Deus por ele não poder ver isso. Por anos eu tentei suprimir o que eu ainda sentia por ele. Me fechei e mergulhei no trabalho, tudo isso para não me dar ao luxo de deixar minha mente vaguear nas lembranças com ele.
Quando ele se levantou, finalmente indo embora, notei que ele havia deixado um papel sobre a mesa. Quando me aproximei, vi do que se tratava: era uma carta, para mim. Sem a menor vontade de ler-la, somente coloquei ela dentro da minha bolsa e voltei minha atenção para algo mais útil.
Depois de algumas horas no café, fui para meu escritório buscar alguns projetos pendentes. Hoje eu trabalharia de casa, só para evitar não encontrar com Victor de novo. Sabe se lá se ele não encontrou também aonde era meu escritório.
Com um bom vinho por perto, comecei a trabalhar em uma reforma que havia pegado dias antes, concentrada no projeto não me dei conta das horas. Já eram quase oito, e eu não tinha a mínima vontade de encontrar com Victor. Ainda irritada por ele ter vindo até aqui, resolvi simplesmente não aparecer no jantar. Sinceramente, eu não estava nem aí sobre o que ele iria disso. Ele não pensou em avisar quando sumiu, não foi? Pois bem, digamos que também não curto avisos.

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