Capítulo 24

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[Barbara Passos]

No meu quarto, deitada com os travesseiros entre minhas pernas eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser o que Victor havia acabado de me contar. Eu sabia que, no fundo, algo o havia mudado. Seu jeito arrogante e grosso era uma capa para a pessoa vazia e perdida que ele sempre foi desde sua infância. Isso me doeu, porque eu tive amor dos meus pais e quando eles se foram, me senti por um tempo daquela forma, mas encontrei em Marcia abrigo. Ela sempre foi bem mais que uma simples mulher que cuidou de mim, ela é minha figura materna e paterna. Sei que me tornei uma mulher boa, atenciosa e sensível à dor dos outros porque tive pessoas para me ensinar. Ele não. Ele aprendeu sozinho que amor era algo sem importância. E isso é horrível.
Mais tarde, depois que adormeci em meio a lágrimas, desci até a sala encontrando Victor sentado perto do balcão. Estava lendo algo, concentrado.
Victor: Babi? — disse se virando — são seus?
Ele estava com minha cartela de cores, eu havia trago para escolher as cores para meu quarto e sala. Conforme avisei a ele.
Babi: sim, ainda estou escolhendo — me sentei ao seu lado.
Victor: eu gosto desse — disse passando seu dedo sobre a cor amarelo âmbar. Sorri encarando seu rosto — o que?
Babi: também gosto desse. Mas ainda não decidi a cor do meu quarto, estou indecisa sobre... — ele me interrompeu.
Victor: esse tom de marrom é bonito — disse me olhando nos olhos — combina com a cor dos seus olhos.
Victor estava sendo sincero. Já havia algumas semanas que ele havia trocado os insultos por elogios, mas eu me perguntava sempre por quanto tempo isso duraria. Quando ele iria explodir novamente?
Era bom ter essa parte dele. Eu gostava dessa parte, mais do que o necessário.
Victor: quem vai pintar?
Babi: o que?
Victor: quem você contratou?
Babi: ninguém, eu vou fazer.
Victor: não — disse seco.
Babi: porque? — ele se aproximou, com uma expressão de como se eu tivesse falado algo absurdo.

Victor: essas paredes tem quase 3 metros, Bárbara. Não quero nem pensar em você numa escada — ele se afastou, deixando sua caneca de café sob o balcão — vou pagar para que pintem. E você, longe de escadas, ouviu?
Babi: a sala sim, meu quarto não. Ele tem altura normal, consigo pintar.
Victor já estava saindo da cozinha quando respondi. Ele se virou voltando.
Victor: porque você é tão teimosa, Bárbara? Ja disse que não quero.
Babi: eu consigo pintar, não estou pedindo sua ajuda.
Suas mãos agarraram meus braços me forçando a olha-lo nos olhos.
Victor: eu odeio sua teimosia.
Babi: eu odeio muitas coisas em você.
Victor: não estou nem aí — disse me empurrando contra a parede, pressionando seus lábios nos meus com certa dureza. Victor com certeza possuía algum transtorno de bipolaridade. Em uma hora estava discutindo comigo, em outra seus lábios estavam nos meus. Suas mãos pelo meu corpo enquanto sua língua procurava a minha incansavelmente.
Ele segurou minhas pernas, me levantando para que eu entrelaçasse elas em volta de suas costas. Eu podia senti-lo duro contra minha barriga. Sua respiração forte e alguns gemidos roucos que ele deixava escapar entre o beijo entregavam o quanto ele estava na seca. Já havia se passado quase um mês, a aposta suja que ele propôs já estava quase terminando. Nós dois estávamos no limite. Eu não sabia quanto tempo mais iria aguentar.

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