Capítulo 54

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[Barbara Passos]

Quando Victor saiu, eu ainda estava sentada em meu sofá voltando varias vezes em nossa conversa de minutos atrás. Eu só conseguia pensar em tudo que aconteceu por conta de uma pequena omissão. Segredos, eles nunca nos fazem bem.
A carta que ele havia deixado na mesa ainda estava dentro da minha bolsa. Intocada. Não tive coragem de abrir, mas agora eu precisava.
Com ela em minhas mãos, tirei do envelope e desdobrei o papel para lê-la. Sua letra inconfundível, eu reconheceria mesmo de longe.

"Floco de neve,
Sei que escondi coisas do meu passado de você e o quanto isso nos privou de anos juntos. Ele nunca foi bonito, mas você conseguiu saber de uma pequena parte dele. Lutei contra todos os meus demônios para não me apegar, mas seu jeito atrevida e atenciosa me ganhou desde o primeiro minuto que botei meu olhos em você. Por meses tentei me convencer de que você não era o meu tipo, mas era somente para mascarar a forte atração que eu estava criando por você.
Eu te amo feito um louco, mesmo depois de anos longe de ti, você continua sendo a única mulher que tem meu coração. Algo que é bastante curioso, já que antes de te conhecer, eu mal sabia que ainda tinha um.
Eu sinto sua falta e sinto saudade de você comigo. Na nossa casa, na nossa cama. Todos esses dias longe de você, não teve um que eu não tenha pensado em sua boca, seu cheiro e sua pele contra a minha.
Eu quero estar com você, eu PRECISO estar com você. Se hoje sou uma pessoa melhor, foi por você, Bárbara.
Foi por sua causa que tirei toda a armadura que eu tinha, me privando de ser bom para mim e para os outros a minha volta.
Então, se você ainda sente o mesmo e se acha que o que tínhamos a quase quatro anos atrás ainda vale a pena uma segunda chance, por favor, me deixe saber.
Vou te querer bem, e ainda vou te amar, não importa o que você escolha.
Victor Augusto.
Ps.: o nome do seu café é um anagrama para o meu nome ou isso é só uma coincidência?"

Sorrindo, guardei a carta novamente em minha bolsa. Eu ainda precisaria pensar, podemos realmente recomeçar de onde paramos, a quatro anos atras?

espaço tempo • 3 semanas depois:

Desde que Victor me esclareceu tudo que nos separou, e de que li sua carta, ele tratou de me enviar flores a cada semana atrás de uma resposta. Hoje, quando cheguei do trabalho, no pé da minha porta estavam rosas amarelas, dentro do buquê uma nota vermelha.
"não acha que já esperei tempo demais, senhorita Passos?
Ps.: não sei se aguento mais um dia sequer sem você."
Sorri entrei no meu apartamento, quando coloquei minhas chaves sob a mesa, algo se mexeu no meu sofá fazendo minha alma sair do corpo por alguns instantes.
Babi: eu posso jurar que já discutimos que invasão de domicílio é crime, e mais ainda me assustar desse jeito — falei retirando meus saltos.
Victor: eu nunca ouvi sobre esse delito — disse se aproximando.
Babi: como entrou aqui?
Victor: isso não vem ao caso — disse se aproximando ainda mais, quando nossos corpos estavam a centímetros de distância — quando vai me responder?
Olhei para ele, encarando seus olhos vidrados em mim, sem saber o que dizer. Olhei para outra direção, mas ele virou meu rosto com uma de suas mãos.
Victor: perdemos 4 anos um do outro — ele disse, seus olhos transmitindo verdade, sua voz rouca e baixa sinalizavam que ele estava sendo sincero — me diz se é tarde demais para uma segunda chance.

Meu coração estava vibrando sob meu peito, implorando parar aceita-lo de volta imediatamente. Mas eu ainda estava receosa, milhões de perguntas dentro da minha mente.
Babi: Victor... — comecei, mas o nervosismo me fez parar, mordi meus lábios por dentro como eu sempre fazia nessas situações.
Victor: todos esses anos e você ainda faz isso com seus lábios, é sexy como o inferno, mas preciso de sua resposta — sua mão envolveu minha cintura me puxando para mais perto de seu corpo — vamos, me diz logo, Babi!
Babi: o que quer que eu diga, Victor? — senti minhas bochechas ficarem avermelhadas.
Victor: não consigo dormir até saber sua resposta — ele disse — e se eu não gostar, vou continuar a pedir uma nova.
Babi: o que aconteceu quando disse que me queria bem, independente do que eu escolhesse? — eu ri.
Victor: isso foi uma mentira — um sorriso tomou seus lábios fazendo meu coração se aquecer.
Babi: e se minha resposta for não?
Victor: tenho a sensação de que não é — ele calmamente me empurrou para a parede atrás de nós, me prendendo em seus braços — tenho certeza que quer pegar tudo o que perdemos nos últimos anos separados.
Ele estava muito certo. Eu não consigo me imaginar sem ele, por todos esses anos a raiva me fez manter meus sentimentos por ele escondidos, mas agora, sabendo de tudo que nos separou, eu não conseguia nem pensar em ficar por mais de um segundo longe dele.
Babi: eu tenho alguns termos e condições.

Victor: de contrato nós entendemos bem — disse rindo, também me fazendo rir — me fale suas condições.
Babi: um: sem mentiras, sem omissões. Tudo, seja do seu passado ou do seu agora, você irá me contar.
Victor: eu ja iria fazer isso, dois?
Babi: dois: não vou voltar para BH. Aqui tenho tudo que sempre quis, meu café, meus projetos...
Victor: eu entendo, foi por isso que conversei com o senhor Cortez a respeito do meu trabalho. Ele tem uma filiação por aqui, consigo continuar meu trabalho normalmente.
Babi: então você vai se mudar para cá, sem mais nem menos? — perguntei, assustada. Era uma mudança muito radical.
Victor: tudo que eu preciso está aqui. Não tem razão para eu continuar lá, floco de neve — seu sorriso apaixonado fez algo entre minhas pernas pulsar — ok, três?
Babi: se eu aceitar isso, você não pode estar com mais ninguém enquanto estivermos juntos. Não existe mais contrato, mas você deve respeito a nós.
Victor: isso é um fato, Babi — ele me segurou ainda mais apertado contra a parede — é um desperdício de condição.
Babi: que seja — eu disse suavemente aproximando minha boca da sua. Seus olhos fixos em meus lábios, era fácil ver o desejo inundado neles — e por fim...
Victor: sim? — sua voz rouca fez meu corpo vibrar.
Babi: beije-me antes que eu mude de ideia.

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