[Barbara Passos]
Antes de Victor descer, tratei de esquentar novamente nossos pratos. A lasanha estava linda, linda demais para acreditar que foi ele quem fez. Quando ele finalmente desceu, eu já estava sentada esperando por ele. Me surpreendendo, ao invés de se sentar do outro lado da mesa como fazia, ele apenas pegou uma das cadeiras e colocou perto de onde eu estava, se sentando do meu lado.
Eu olhava ainda confusa, mas gostando da situação.
Victor: o que? Não posso mais querer sentar ao lado da minha bela e... — ele me puxou para perto afundando seu rosto em meu pescoço me fazendo rir — irresistivelmente cheirosa esposa?
Eu ri mais ainda, ganhando o olhar admirado de Victor. A cada dia ele me mostrava uma parte ainda mais linda dele. Ter sua atenção quase o tempo todo era bom, me fazia sentir que nada poderia mudar isso. Me fazia ter esperança de que talvez isso pudesse dar certo, ir além do contrato.
Victor: o que está pensando? — disse bebendo um pouco do vinho de seu copo.
Terminando meu prato, empurrei para o centro da mesa pegando meu vinho também.
Babi: apenas me lembrando de algumas semanas atrás.
Victor: não gosto que fique se lembrando de como eu a tratava, esqueça isso, Babi. Por favor — disse segurando meu rosto em suas mãos, seu olhar preocupado prendendo o meu.
Coloquei minha mão sobre a sua, acariciando enquanto um sorriso apareceu em meu rosto.
Babi: está tudo bem, eu só estava pensando em como você mudou. Eu gosto disso.
Ele sorriu, antes que sua boca encontrasse a minha para um beijo delicado e suave. Não era a cara de Victor, mas era bom do mesmo jeito. Mostrava o quando ele conseguia ainda ser sensível, mesmo depois de tudo.
Depois do jantar, estávamos exaustos. Meu corpo ainda doía da noite passada e de minutos antes. Eu só queria me deitar junto dele, com seus braços me envolvendo e dormir tranquila, mesmo que eu soubesse que não conseguiria. O susto que Marcia me deu ficaria na minha mente por um bom tempo, me deixando preocupada. Eu não consigo me imaginar sem ela, minha única família.espaço tempo • duas semanas depois:
Desci as escadas encontrando Victor sentado a mesa tomando seu café de sempre antes de ir parar a empresa. Todos os dias de manhã, antes de ir para a casa de repouso, tomávamos café juntos. Era bom, era tão natural. Conversávamos sobre as pessoas e problemas da empresa, Victor sempre me perguntava sobre Marcia como também ia visitar ela comigo quando me deixava lá. Tínhamos uma rotina, como um casal normal. Quem via de fora, realmente via duas pessoas apaixonadas. Na real, pelo menos uma delas estava.
Victor: ainda é cedo, precisa ir em algum lugar? — perguntou, notando minha presença ali. Ele se levantou pegando uma caneca e despejando café do jeito que eu gostava.
Dei a volta na bancada, me sentando perto dele. Peguei a caneca de sua mão, em seguida beijando seus lábios.
Babi: Tami me ligou, disse que Marcia está indisposta hoje. Vou deixar ela descansar, mais tarde passarei para ver se ela vai estar melhor — eu disse, pegando seu olhar apreensivo por cima da caneca — você pode me dar uma carona até a casa de Carol? Ela me chamou para ajudar a redecorar sua casa. Acho que ela gostou do trabalho que fiz aqui...
Victor riu, deixando sua caneca na mesa.
Victor: tenho que admitir que você leva jeito, qual era mesmo a faculdade que estava fazendo? — ele perguntou, fazendo minha expressão cair lembrando do sonho que interrompi.
Babi: arquitetura.Victor fez como pedi, me levou até a casa de Carol. Perguntou se eu precisaria que me buscasse mais tarde, mas recusei. Não queria incomodar ele no trabalho.
Assim que encontrei Carol, ela tratou de me puxar para conhecer toda a sua luxuosa casa. Me pediu opinião para todos os cômodos, então eu só fiz. Sua casa era linda, porém faltavam detalhes. Logo apos, ela me arrastou para uma loja cara e extravagante de móveis e decoração, ficamos lá escolhendo por mais de 2 horas. Nem vi o tempo passar porque mal chequei meu celular. Quando Carol estava passando o cartão, finalmente tive tempo pra ler as mensagens e ligações perdidas. Me assustei, quando vi que haviam varias de Tami.
No mesmo segundo retornei, meu coração acelerado, senti meu pulso parar quando ela atendeu.
call on • Casa de Repouso:
Babi: Tami, por favor me diz que ela está bem — minha voz quase falhou.
Tami: Bárbara, eu sinto muito, ela... ela... — nesse segundo, fechei meus olhos já inundados. Senti meus joelhos perdendo as forças e então meu corpo caiu.
Tudo que aconteceu depois foi um borrão. Carol pegou o celular das minhas mãos, ficando a par da situação. Ela me ajudou a levantar, me abraçou forte enquanto eu sentia meu mundo se quebrar em pedaços pequenos. Quando ela me levou para casa, eu pude escutar sua conversa com Victor.
Chegando em casa, me deitei na cama chorando tudo que eu podia. Eu não queria acreditar, simplesmente não podia acreditar que agora era só eu no mundo. Meu único laço familiar havia partido, me deixando desolada. A mulher que me ensinou tudo que sei e sou hoje. Meu maior medo tinha se tornado real e eu não sabia como lidar.
Chorei tanto, mas tanto que meu peito e cabeça doíam como um inferno. Mas nenhuma dessas dores chegava perto da dor que eu sentia por dentro. A dor da perda.
Depois de alguns minutos ali sozinha, senti meu corpo ser abraçado por trás por mãos firmes. Era Victor, embalando meu corpo, me trazendo para mais perto do dele.Victor: eu sinto muito, pequena — ele disse, sussurrando em meu ouvido. Sua voz era baixa e eu vi dor nela, eu percebi nos últimos dias o quanto ele havia pegado amor por Marcia e o quanto era recíproco — eu vou cuidar de tudo, não precisa se preocupar. Tudo estará pronto para o funeral dela.
Assenti em silêncio, ainda perdida nos meus pensamentos. Me lembrando de cada momento que tivemos juntas, de cada conselho e cada risada. Era surreal imaginar minha vida daqui pra frente sem minha base, sem minha... mãe.
Babi: ela queria ser cremada — eu disse, era seu desejo. Suas cinzas derramadas no lugar que ela mais se sentia bem. Perto da água.
Victor concordou, depois de um tempo ali, abraçado em mim, ele saiu prometendo voltar logo.
Eu não liguei, porque no momento eu só queria fechar meus olhos e fingir que nada disso era real. Era mais fácil, do que aceitar que ela havia, de fato, desistido.
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LOVE AND HATE
FanfictionVictor é um arrogante bem sucedido que trabalha pra uma grande empresa de administração. Depois de anos sendo passado para trás, a grande oportunidade de se vingar de seu antigo chefe o cega da razão. Ele precisaria confiar na pessoa que mais d...