[Barbara Passos]
Levantei cedo, ainda pensativa quanto ao meu trabalho de hoje. Coloquei meu café na garrafa térmica, juntei os documentos sob a mesa e fui para a delegacia antes de partir para a casa a qual eu ficaria sob vigia.
Babi: bom dia, PH - cumprimentei quando passei por sua sala.
PH: bom dia, está indo para lá? - disse, me acompanhando até minha mesa.
Babi: sim, só passei para deixar esses papeis aqui.
PH: ok, qualquer coisa me avise - ele se virou, quando eu ainda estava guardando as coisas. A desconfiança ainda estava rondando minha mente.
Babi: PH, posso falar com o senhor um minuto?
PH: sobre o que exatamente, Bárbara? - sua postura der repente mudou quando seu olhos encararam os meus.
Babi: bom, é que ontem eu estava estudando o caso e... - ele me interrompeu.
PH: agilize, preciso sair agora.
Babi: o caso, a testemunha, tem certeza que ela estava no local apenas por interesse na casa do lado? As informações coletadas parecem incompletas para que haja de fato a proteção - minha voz era firme, sabendo exatamente do que eu estava falando.
PH: senhorita Bárbara, está desconfiando da legitimidade da vitima? - ele questionou, me fazendo recuar - tudo foi minuciosamente estudado. Cumpra sua tarefa, sem perguntas. Apenas faça!
Assim que ele saiu, sentei-me na cadeira atrás de mim bufando. Esse era o ambiente no qual eu trabalhava, minha opinião parecia ter um peso menor levando em consideração de que eu era a única mulher em um posto de comando ocupado expressivamente por homens. Homens machistas que se acham melhores por terem um pau entre as pernas. Respirei fundo, organizando minha ideias antes de encontrar o homem que eu protegeria.Estacionei em frente a casa que me passaram como endereço. Abrindo o porta-luvas, me certifiquei de estar com minha tauros por perto. Assim que saí, um vento frio espalhou meus cabelos, por um segundo pensei estar recebendo um aviso de minha mãe. Eu sempre acreditei, desde que a perdi bruscamente, que ela me enviava sinais através da natureza. Por vezes eu estava certa. Agora, não tinha a menor certeza, então apenas segui meu trabalho.
Analisando a entrada da casa, pouco cuidada e sem jardinagem recente, toquei a campanha. Nada. Em seguida bati na porta, mais uma vez até que escutei a fechadura sendo tocada.
Quando a porta finalmente se abriu, meus olhos se tornaram estáticos perante ao homem a minha frente. No arquivo que recebi, havia somente uma foto da testemunha anexada, mas pessoalmente ele parecia ainda mais atraente e bonito. Como eu havia percebido, seus olhos podiam facilmente transmitir algo além do que sua postura mostrava. Braços fortes, peito e costas largas. Sua camisa branca de manga curta davam-me visão para suas tatuagens que tampavam quase que completamente sua pele.
Distraída ainda analisando cada parte de seu corpo, não reparei quando ele estendeu sua mão esperando meu cumprimento.
Babi: oh, perdão - voltei meu olhar para seu rosto, seus olhos atentos em mim - sou Bárbara, principal responsável por sua proteção.
Victor: sou Léo, seu protegido - um sorriso de cantou apareceu em seus lábios - entre.
Ele abriu espaço para que eu entrasse, tomei a liberdade de andar até a parte da cozinha observando a estrutura da casa.
Babi: mora a muito tempo aqui? - perguntei, notando que o balcão da cozinha e armários estavam repletos de poeira, como se mal fossem usados.
Victor: sim - pude escutar sua voz rouca e baixa atrás de mim. Quando me virei, bati contra seu corpo firme me assustando - você não parece saber proteger alguém, tem certeza que pode fazer isso?A julgar por sua expressão, eu podia facilmente entender que ele estava debochando de mim. Inocente.
Babi: não se deixe enganar por minha fisionomia, querido - me afastei dele, passando o dedo sob a poeira - como dizem, aparências enganam e um policial além de um bom treinamento físico, também pode ser ainda mais inteligente na leitura da situação.
Seus olhos semicerrados me fitaram por alguns segundos, como se estivesse me estudando. Algo nele me incomodava, eu só não entendia o porque.
Babi: e então, você parece estar bem com toda essa situação - refleti, me sentando na cadeira perto do balcão da cozinha - está calmo, relaxado.
Victor: controle emocional.
Babi: parabéns, a maioria das testemunhas ficam paranoicas quando o caso toma proporções maiores, como aparecer na mídia. Seu caso logo logo está passando nos jornais - ele andou até a mim, se sentando a minha frente.
Victor: estou bem com isso, senhorita Souza. Não se preocupe com essa parte - seus olhos não saíam da minha boca, estava começando a ficar desconfortável para mim.
Babi: como sabe meu sobrenome?
Victor: também tive o trabalho de te estudar.
Babi: teve acesso à minha ficha pessoal? - era algo tecnicamente confidencial, já que eu nunca usava o sobrenome de meu pai. Apenas o da minha mãe.
Léo pareceu ter sido tirado do eixo levando em consideração de que sua postura logo mudou quando lhe fiz a pergunta.
Victor: o oficial que está tomando conta da parte de trás da casa deixou alguns papeis sobre a mesa quando chegou - respondeu - talvez eu tenha lido sem querer seu arquivo.Mesmo com sua resposta, ainda fiquei intrigada. Não fazia sentido Sanches ter uma cópia do meu arquivo pessoal em mãos. Talvez sim pelo caso que eu havia pegado para liderar, mas mesmo assim parecia estranho.
Babi: ok, sinta-se livre pra fazer o que quiser, contanto que não saia sem aviso - eu disse me levantando - estarei aqui, caso tenha alguma dúvida.
Me afastei, sabendo de que seus olhos estavam fixos em mim quando eu andava para a outra parte da casa indo me encontrar com o outro policial que estava ali.
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DANGEROUS TOUCH
FanfictionMais de uma vida envolvida em toda a armadilha friamente calculada. Um perseguidor que não para. Uma policial que não desiste fácil. Quão tênue é a linha que separa a atração da obsessão? Bárbara era recém-formada em advocacia, ocupava um bom cargo...