Capítulo 21

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[Barbara Passos]

Mostrei a Victor todas as minhas cicatrizes, sem nenhuma vergonha. Ele já sabia o bastante sobre mim. Principalmente, a grande cicatriz que minha alma guardava.
Babi: você pode agora, por favor, me deixar sozinha? - eu disse, querendo realinhar meus pensamentos mesmo que fosse uma tentativa em vão.
Victor: Bárbara - ele estava sem reação depois de tudo que soube. O que eu poderia dizer-lhe? Ele quis isso. Ele me meteu nisso, eu não podia fazer nada agora.
Babi: não, Victor. Por favor, sai. Você bagunçou tudo apenas por causa de seu ego gigante. Só, me deixa dois segundos sozinha - eu pedi.
Victor: não é ego. É trabalho. Eu não sabia nem de metade disso.
Babi: ótimo, agora você sabe. Concentre-se em seu novo plano por que, bom, esse não deu muito certo não é? - seus olhos de culpa me encararam. Seja o que porra estávamos começando a ter, não fazia sentido. Era errado de todas as formas possíveis - eu lidei com tudo sozinha. Minha vida nunca foi normal, mas por algum motivo antes de você aparecer ela estava boa.
Victor deixou um suspiro alto e forte escapar. Eu sabia que ele estava tentando pensar em suas palavras e não deixa-las explodir como ele sempre fazia. Uma parte de mim preferia a explosão. Era familiar.
Victor: escute. Eu sei que você escapou disso sozinha. Você encontrou o seu caminho, se levantou mesmo depois de tudo que passou. Você é, porra, talvez a mulher mais forte e intimidadora que já lidei. Tem sua vida. Mas agora, eu sou parte dela - eu deixei uma risada tensa escapar de mim interrompendo-o.
Babi: não, você não é.
Victor: uma porra que não sou, Bárbara. Está enganando somente a si mesma com isso - ele disse. Firme e convencido me fazendo recuar - eu não forcei você a isso. Você me convidou a entrar. Acha que não senti a mesma coisa que sentiu naquela noite que se entregou a mim? Merda Bárbara, eu mal consigo te tirar da minha mente. Quero mais de você, mesmo sabendo que somos totalmente errados. Então quando merdas como essa acontecem com você, está acontecendo comigo também. Aquele cara, eu o conheço bem, ele não está sozinho nessa.


Estão vigiando você desde antes de eu aparecer e ferrar ainda mais sua vida, demorei pra entender, mas agora sei que é coisa dele tudo isso.
Babi: me vigiando? Como? - ha algum tempo eu estava notando Cronos mais quieto, talvez amedrontado quando saíamos a noite. Tinha alguma coisa rolando, mas eu não tinha noção do que poderia ser. Agora estava mais claro para mim - obvio. Os relatórios que consegui puxar.
Victor: do que está falando?
Babi: desde que me formei em direito e entrei na polícia, eu jurei para mim mesma que iria até o fim nas investigações a respeito da morte da minha mãe. Não foi uma doença. Ela foi assassinada - meus olhos estavam fixos em Victor quando acabei de falar. Ele pareceu entender minha linha de raciocínio. Pela primeira vez, tínhamos algo em comum. O mesmo inimigo, melhor dizendo.

Victor chegou ainda mais perto de mim, o velho arrepio correu meu corpo quando ele tocou a pele de meu rosto, me trazendo para mais perto de sua boca.
Victor: escute, seja o que for que houve em seu passado, isso não acabou. Eu estou pedindo a você para me contar tudo. Preciso saber contra quem estou lutando quando isso finalmente chegar até você, porque baby, não estou tentando te assustar e sei que poucas coisas te assustam aqui, mas isso encontrará você de volta algum dia.
Uma aperto instantâneo tomou meus órgãos. Talvez porque tudo que ele disse fosse verdade. Desde que fugi, eu sabia, sempre soube que ele não deixaria barato. Ele me encontraria novamente. Mas eu queria lidar com isso sozinha.
Meu plano era sempre fugir.
Continuar correndo.
Babi: me deixe ir - pedi, baixo e suplicante.
Victor: você não vai a merda de lugar nenhum, não depois de tudo que me contou. Você é melhor que isso, Barbara.
Babi: não, Victor. Você não entende, eu... - simplesmente não conseguia inventar outra desculpa com seus olhos em cima dos meus. Então parei.
Victor: eu quero pegar ele tanto quanto você quer acabar com isso. Você está nessa comigo. Quando eu encontra-lo, vai poder acabar com tudo isso. É simples, Bárbara - disse, o tom de sua voz era calmo, por mais que seus olhos mostrassem-me apenas o caos que sua mente estava.
Babi: eu tenho uma vida, Victor. Ou tinha, até semanas atrás - ironizei.
Victor: está livre. Saia a hora que quiser, volte para sua casa e trabalho - disse se levantando e saindo de perto de mim impaciente - mas não terá a proteção que tem aqui. Saiba disso!
Babi: sei me cuidar.
Victor: eu aposto que sim - ele voltou, agora segurando meu queixo e o levantando para que eu olhasse em seus olhos - mas eu cuido melhor. Fique.

DANGEROUS TOUCHOnde histórias criam vida. Descubra agora