[Victor Augusto]
Nem tudo acontece como prevemos. Tudo pode mudar em questão de segundos, e quando percebi meu erro, parecia ser tarde demais.
Mas não era.Quando peguei a estrada, completamente vidrado na velocidade, somente as lembranças com Bárbara vieram a tona. Isso era por ela.
Meia hora se passou, entrei em um caminho mais fechado, estrada de terra. Não é que eu não sabia que eles estavam me vigiando, mas sim, porque eu sabia que seria mais rápido do que qualquer um deles.
Pelo retrovisor, consegui identificar o Audi R8 de Bak, como ele havia me encontrado? Ainda não fazia sentido.
E então segundos depois tudo aconteceu.
Não houve tempo para recuar. Duas grandes picapes me jogaram para fora da estrada, não me dando chance de pensar em mais nada, exceto me soltar do bem mais valioso que eu possuía.
Correção: segundo bem. O primeiro sempre foi Bárbara.
Daí em diante não me lembro de mais nada a não ser ter acordado completamente atordoado horas depois, preso a uma grande raiz de árvore.
Perdi a consciência quando bati contra uma pedra na queda. Minha moto estava metros acima de onde meu corpo finalmente parou.
Levei alguns minutos para poder recuperar os sentidos. Sentia uma dor descomunal comprimindo minha perna, tirei forças de onde eu já não tinha para subir de volta ao topo da estrada.
Completamente cansado e arrastando minha perna, segui até o meu destino. Do qual nunca poderia ter sido desviado.Na frente da luxuosa casa, vi carros do nosso grupo parados ali. Aproximando-me mais, agora na entrada da casa, pude escutar vozes ao fundo. Vozes conhecidas.
Eu não podia simplesmente abrir a porta, dependendo da situação, isso poderia apenas fazer tudo desandar ainda mais. Eu não fazia noção do que poderia ter acontecido lá dentro enquanto estive desacordado.
O medo do desconhecido me assombrou nos instantes seguintes, até que a grande porta de madeira se abriu.
Ligeiro, me coloquei encostado na parede ao lado, atento aos movimentos de quem estava perto. João havia feito um refém, estava usando disso para fugir, como esperado.
Quando me dei conta de que a mulher em seus braços era Bárbara, algo dentro de mim se despertou.
Ódio. Puro e simples, ódio.
Havia uma 9mm silenciada pressionada em sua cabeça junto de uma faca segurada em seu pescoço. Qualquer erro meu colocaria Bárbara em uma posição pior ainda.
Pensa, Victor. Pensa, porra!
Sem muitos movimentos bruscos, passei a mão sob um dos bolsos na lateral da minha calça, fechei meus olhos brevemente quando senti o contorno da Tauros que coloquei assim que saí com minha moto. As duas pistolas que estavam posicionadas em minha cintura se perderam na queda, mas essa não. O bolso na qual ela estava era fechado.
Aqui estava minha sorte.
Voltei minha visão aos dois, agora com a arma engatilhada, atravessei por trás sem que João percebesse.
As palavras que disse antes do meu gatilho ser apertado me deram a certeza do fim que ele queria naquela situação.
Ele foi claro, era ele ou Bárbara.
Eu escolhi ela.
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DANGEROUS TOUCH
FanfictionMais de uma vida envolvida em toda a armadilha friamente calculada. Um perseguidor que não para. Uma policial que não desiste fácil. Quão tênue é a linha que separa a atração da obsessão? Bárbara era recém-formada em advocacia, ocupava um bom cargo...