Capítulo 5

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[Barbara Passos]

Por um tempo, eu deixei que minha guarda abaixasse perto dele. Apesar de suas perguntas terem sido pessoais demais, não recuei. Apenas, respondi como se ele fosse um velho conhecido. Algo nele ainda me fazia desconfiar, mas por algum motivo eu perdi a vontade de continuar a trata-lo tão profissionalmente como estava antes. Quando a pizza acabou, ele me desafiou a jogar um jogo de baralho, aceitei por duas coisas: 1) já era tarde e eu precisaria esperar pela troca de turnos para poder ir embora e 2) ninguém me batia no baralho.
Victor: suponho que esteja preparada para perder, baby - ele disse, com seu sorriso convencido de lado. Seus olhos presos aos meus, apenas devolvi um olhar desafiador.
Ele embaralhou as cartas e as distribuiu, logo que o jogo começou percebi a sorte a meu favor, bati minhas cartas duas vezes até que no final, seu sorriso convencido se desfez da forma mais satisfatória possível.
Babi: não me subestime, "baby" - falei, arrastando a última palavra como forma de deboche e também, como um aviso.
Seus olhos por alguns instantes pareciam ter ganhado uma cor mais escura enquanto ele me encarava, se levantando, ele deu a volta na mesa, agora do meu lado. Ele se aproximou lentamente e eu não recuei. O porque? Não sei. Apenas, deixei seu rosto ficar a milímetros do meu. E então, meu parceiro abriu a porta me tirando daquele transe.
Babi: Sanches, até que enfim! - me levantei, um pouco sem graça. O olhar de Léo ainda estava sob mim.
Sanches: passei no posto de comando antes, desculpe a demora - ele se explicou, ainda na porta.
Aproveitei par pegar minhas coisas e ir até ela.

Babi: tudo certo, tome conta de tudo. Amanhã cedo estou de volta - meus olhos rolaram sob a sala para encarar Leo mais uma vez antes de sair - me ligue caso haja algum imprevisto.
Sanches: sim, senhora.
Segui até meu carro, entrei, deixei minhas coisas no banco do lado e me preparei para sair. O problema, é que, estranhamente, eu não queria ir.
[...]
Cheguei em casa logo sendo quase jogada ao chão pelo meu cachorro.
Babi: Cronos, para. Sossega um pouco, filho - eu repreendi, fazendo carinho em suas orelhas - você quer fazer xixi? Hein?
Sim, eu conversava e perguntava coisas ao meu cachorro como se magicamente ele fosse me responder.
Engatei a corrente em sua coleira e o levei até a frente da minha casa para que ele fizesse suas necessidades. Ele estava agitado, andou quase 5 casas depois da nossa. Eu só deixei, porque gostava de caminhar, mesmo agora sendo bem tarde. O vento frio balançou meu rabo de cavalo, minha pele se arrepiando pelo fato de eu ter tirado meu casaco. Assim que Cronos terminou, caminhamos de volta para casa. Cronos sempre foi um cão agitado, mas por algum motivo ele simplesmente travou quando chegamos no jardim de frente para minha casa. Seu olhar atento nas árvores ao lado, poderia ser algum bicho. Mas ele não latiu, ele permaneceu quieto ainda observando.
Me agachei para ter a mesma linha de visão que ele estava tendo, mas não tinha nada ali. Nada que eu conseguisse ver.
Babi: vem, amigo - puxei sua coleira, ele continuou travado mas logo se mexeu voltando ao normal.
Entramos novamente, antes de fechar a porta, corri meus olhos por toda a extensão da rua a procura de algo suspeito. Nada, tudo absolutamente normal. Fechei a porta, trancando tudo.

Mesmo sem conseguir notar nada fora do normal, eu me senti sendo observada. E não era a primeira vez nessa semana.
Fui para meu banheiro finalmente relaxar meu corpo. Liguei a ducha deixando a água quente deslizar sob meu cabelo depois em meu corpo. Com meus olhos fechados, tentei não pensar em nada, mas o rosto de Léo não deixava minha mente.

DANGEROUS TOUCHOnde histórias criam vida. Descubra agora