Capítulo 34: família.

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[Barbara Passos]

Despertei assustada, tentando entender o que havia acontecido. Levantei devagar notando apenas o lençol em meu corpo. Quando subi para meu quarto? E onde ele estava?
Preocupada, me vesti rapidamente, indo direto até a escada descendo até seu escritório. Tudo estava revirado. Literalmente tudo. Haviam vários papeis jogados no chão e ao redor da mesa.
Duas coisas vieram em minha mente, e eu não queria aceitar nenhuma.
Babi: THAIGA! — gritei o mais alto que consegui, mas mesmo assim sabia que ela não escutaria.
Entrando em desespero, subi novamente. Bati no quarto de Thaiga e em seguida no de Bak, pedindo mentalmente para que ele estivesse em casa agora já que costumava sair de madrugada.
Em poucos segundos os dois saíram com caras amassadas de sono.
Thaiga: Passos, por que todo esse... — ela parou quando encontrou meus olhos — o que aconte... Onde ele está?
Babi: eu não sei, dormimos juntos no escritório. Acordei em meu quarto e ele não estava mais aqui — minha voz transparecia medo, angústia — não está em lugar nenhum.
Terminei de falar, Thaiga me abraçou de lado porque sabia bem o que eu estava sentindo. Ela com certeza sabia.
Bak: vou tentar entrar em contato com ele — disse nos olhando, sua respiração estava desregulada — Thaiga, vocês duas vão lá pra baixo, tente rastrear o celular dele. Ele provavelmente pegou a moto e... — o interrompi.
Babi: espere, você acham que ele, ele foi até... — os dois estavam a minha frente, aqueles olhares, eu tive certeza do quão louco Victor era — por que ele escolheu ir sozinho? Ele mesmo disse que precisávamos da porra de um plano primeiro.
Thaiga: é o Victor, não é? — o sorriso em meio a seu olhar preocupado era nítido.
Babi: estamos perdendo tempo — falei, minha voz entregava toda a preocupação que meu corpo e mente estava. Pela primeira vez em anos sozinha percebi o que todo essa angústia dentro de mim significava.
Era ele.
Me apaixonei pela marra desse homem. Pelo jeito que ele cuidava de todos, inclusive de mim. Era ele e foi ele desde o início, desde aquele olhar, desde o primeiro toque.
E agora, onde estava ele?
Vi Bak descer até as escadas indo até a garagem, enquanto eu e Thaiga permanecemos aqui, paradas, tentando mensurar a situação.
Thaiga: vamos, me ajuda a ligar os computadores — pediu me puxando pela mão. Thaiga parecia estar tão nervosa quanto eu, mas não queria demonstrar. Por mais que ela conhecesse o irmão, ela sabia que dessa vez ele havia passado dos limites — ele levou o papel onde estava anotado os últimos endereços que consegui rastrear.
Babi: isso é bom, você se lembra deles, certo? Vai ser mais fácil encontra... — a expressão séria no rosto dela me colocou de volta na estaca zero.
Thaiga: eu listei 5 endereços diferentes ali, um em cada ponto distinto da cidade — confessou, havia desanimo em sua voz — ele pode ter ido a qualquer um desses pontos.
Minha mente estava a milhão. Impotência era o sentimento que mais me invadiu. Eu achava que sabia tudo, mas agora, nessa situação, com a pessoa que mais tenho uma conexão forte em pleno perigo parece que tudo parou de fazer sentido. Logo eu, que sempre fui tão racional.
Um barulho forte na porta nos tirou a atenção das telas a nossa frente.
Bak: aparentemente ele não queria companhia — disse, segurando em sua mão o celular de Victor — conseguiram alguma coisa?
Bak aproximou-se da mesa, ficando em nosso meio. Thaiga ainda estava apreensiva com seus olhos vidrados ao computador. Eu vi quando seus olhos se fecharam dando passagem para que as primeiras lágrimas pudessem descer. O principal ponto fraco dessa mulher era sua família.
Bak a envolveu em seus fortes braços tentando acalma-la, mesmo que asituação parecesse impossível.
Por alguns segundos meu mundo parou, meu corpo se arrepiou der repente quando meus olhos focaram na parede a minha frente. Um quadro com todos os pontos, ruas e bairros da cidade. Haviam marcas vermelhas de caneta riscada sobre vários lugares, mas um em específico pareceu se encaixar no grande quebra-cabeça que minha mente parecia estar montando.
Babi: quais eram os endereços que conseguiu listar, Thaiga? Consegue se lembrar? — pedi, indo para mais perto do grande quadro a minha frente.
Thaiga: eu os deixei salvo em uma pasta, espere... — ela disse se desvencilhando dos braços de Gabriel.
Bak: você se lembra de algum lugar específico? — perguntou, andando para mais perto. Me virei para encara-lo.
Babi: pode ser que sim, se esse lugar estiver na lista que Thaiga conseguiu — expliquei, apontando para o quadro — ele pode ter ido pra lá. É o mais óbvio.
Thaiga: aqui — gritou, girando a tela do computador para nós — conhece algum desses?
Meus olhos percorreram cada endereço listado, e então, finalmente um deles era familiar.
Babi: a casa dos avós da minha mãe — falei, recebendo pequenos lapsos de memória em minha mente — foi herança dela, após sua morte ele ficou com tudo. Lá é extremamente afastado da cidade, há pouco sinal e perto de um lago enorme que dá direto para uma mata densa, facilitando qualquer fuga. É claro que ele estaria lá — respondi com um sorriso de raiva nos lábios.
Crusher: porque estão todos aqui? — Nossos olhares se voltaram para Arthur parado na porta, tentando entender a situação.
Bak: estamos indo atrás de Victor, encontro você daqui 3 minutos lá fora. Passe na garagem, pegue o necessário — falou se apressando, eu e Thaiga permanecemos paradas nos entreolhando.
Babi: eu vou também — falei firme, olhando para Gabriel.
Bak: Bárbara, não acho que seja... — seus olhos estavam em negação.
Babi: não. Você não tem o direito de me dizer para ficar aqui enquanto a pessoa que amo está lá fora se arriscando dessa maneira. Esta é a minha bagunça — meus olhos estavam completamente marejados, minha voz tremia, mas permaneci firme — eu quero ir.
Crusher: Babi... — Arthur tenta argumentar.
Mas então Thaiga se impôs a minha frente cruzando seus braços.
Thaiga: desde quando, nessa família, nós achamos que mulheres são, de qualquer forma, menos capazes do que vocês homens? — ela perguntou, os olhos de ambos se projetaram para mim logo atrás — exatamente. Bárbara vai. Além do mais, ela é treinada, conhece bem mais a situação do que vocês, eu presumo. Ficarei aqui com Carol caso precisem.
Thaiga virou-se para mim assim que os dois saíram da sala. Eu a abracei forte, sabendo que nós duas precisávamos disso.
Babi: obrigada — sussurrei baixo ainda em seus braços.
Thaiga: traga meu irmão de volta — pediu me apertando mais forte. Assenti deixando que mais lágrimas caíssem sobre meu rosto — tenham cuidado, fiquem com o celular por perto para eu saber onde estão. Sei o quanto você está com medo, sei porque sinto o mesmo. Ele está fazendo isso por você, Babi.
Babi: eu sei. Me lembre de acabar com ele por isso quando voltarmos — sorri, limpando meu rosto.
Thaiga: irei lembrar.

DANGEROUS TOUCHOnde histórias criam vida. Descubra agora