[Victor Augusto]
Impulsivo. Essa era a minha natureza. A maior parte da minha vida foi regida por atos impulsivos que, na maioria das vezes, me colocaram em furadas. Com o tempo tentei agir mais racionalmente, mesmo que fosse um grande problema pra mim.
Pela manhã, disquei o número de uma das morenas que costumava ter contato antes de toda essa merda explodir. E como sempre, ela me atendeu prontamente, louca para me dar aquilo que eu precisava. No começo, parecia como das outras vezes. Cheio de tesão e vontade, um corpo esbelto e bonito na minha frente.
E então, ela apareceu.
E o que parecia normal, perdeu totalmente o sentido.
Eu pedi que a morena fosse embora. Obviamente fui julgado por ela, mas isso não me importava.
Tão louco como isso era, eu não queria acreditar que apenas vê-la parada ali, me tirou toda a vontade de continuar com o que eu estava fazendo.
Perdido em meus pensamentos, fui obrigado a retornar o foco quando Thaiga entrou no escritório assim que Bárbara fechou a porta.
Victor: diz, Thaiga, manda bala - resmunguei dando a volta na mesa e me jogando na poltrona.
Thaiga: não sei o que houve aqui, mas pela sua cara e a forma como ela subiu as escadas diz que, mais uma vez, você fez merda - seu convencimento me irritou - acertei?
Victor: onde estava? - perguntei, mudando o assunto. Thaiga esteve fora o dia inteiro. Não só ela, como a casa toda aparentemente.
Thaiga: fui a um lugar com Mob - foi inevitável não ficar surpreso. E curioso.
Victor: com o Mob? Bateu a cabeça, foi isso?
Thaiga: com certeza, irmão. Agora, não mude o assunto. Diga, o que rolou dessa vez.
Eu era o irmão mais velho. Mas a função disso era totalmente de Thaiga. Sempre foi. Era ela quem me aconselhava e cuidava da forma mais protetora que conseguia. Percebia de longe quando algo estava errado.
Eu não queria contar sobre Bárbara porque nem eu mesmo sabia o que estava acontecendo aqui. Ou fingia não entender. Mas ela era uma dor na bunda, não me deixaria em paz até que eu falasse tudo.
Victor: exatamente o que falou. Fiz merda - levantei meus braços depois de tirar os dedos de entre meus cabelos.
Thaiga: nada de novo sob o sol. Vamos la, diga logo o que está acontecendo entre vocês.
Victor: tudo bem, Thaiga. Você venceu! - me ajeitei na cadeira, apoiando meus braços sob a mesa para voltar a encara-la - quero ela. Não a tirei da minha mente um segundo sequer desde que a vi naquela porra de casa. Ela tomou conta de tudo aqui, mas eu simplesmente não consigo não foder as coisas. Hoje mais cedo, eu pedi a Danielle que viesse aqui, e então Bárbara entrou no escritório e me viu com ela em meu colo. Foi isso que aconteceu.
Thaiga: você sempre foi assim. Desde a adolescência - ela disse, sorrindo.
Victor: o que quer dizer com isso?
Thaiga: acha que sempre está quebrado, acredita firmemente nisso. - seu sorriso se fechou, dando lugar a uma expressão condescendente - você acha que não merece alguma coisa, e então estraga tudo.
Suas palavras me atingiram, porque no fundo eu sabia que sempre me autosabotava. Sempre.
Depois que Thaiga deixou a sala, eu continuei ali afundando em meus pensamentos.
Caminhando até a cristaleira, peguei meu velho uísque e o derramei no copo de vidro. Engolindo rapido aquele líquido amargo, deixei que a bebida conduzisse a noite e me tirasse o peso dos ombros que eu estava carregando a dias.
E como esperado, capotei em meu sofá com mais três doses dela.
[...]
Fui acordado com o som de gritos vindo da sala principal. Levantei tão rápido que nem percebi a maldita dor de cabeça que estava ali. Andando rápido para fora do meu escritório, eu vi quando Bak enfiou um soco na cara de Crusher, sem nenhum esforço o derrubando no chão. No meio da briga, estavam Carol e, merda, o que aconteceu com Ela?
Corri em direção aos dois, empurrando Bak contra a parede e o segurando com meu braço pressionado em seu pescoço.
Victor: Carol, leva Bárbara pra cozinha e cuide disso - gritei encarando as duas - e você, o que caralho acha que está fazendo?
Bak: é melhor me soltar - Gabriel estava com seu labio inferior cortado. Sua tempora estava esfolada, provavelmente de um soco bem dado. Eu ri. Crusher não era o tipo nervoso, mas sabia muito bem se defender.
Victor: vai me contar o que rolou aqui querendo ou não - eu disse, olhando bem em seus olhos enquanto Bak me encarava visivelmente irritado.
Eu afrouxei meu braço em seu pescoço quando ele pareceu se acalmar.
Bak: não tenho porra nenhuma pra te contar, se quiser, pergunte a ele - disse, quando se caminhou até as escadas passando por Crusher.
Eu apenas o encarei, ambos sabiam que me dariam explicações brevemente de qualquer maneira.
Crusher: Bárbara, como ela ta? - perguntou vindo até a mim, seus olhos na cozinha onde Carol estava fazendo curativo no rosto de Bárbara.
Victor: não graças a palhaçada de vocês - rosnei.
Crusher: eu não a vi, ela apareceu no meio da discussão, quando percebi... - meu olhar fuzilava o de Crusher, ele percebeu muito bem isso quando se calou - diz pra ela que eu sinto muito por isso.
Revirei meus olhos caminhando até a cozinha.
Carol: seu nariz não tem nenhum sangramento, isso é bom - disse segurando o rosto de Bárbara - vai ficar bem, terá um bom olho roxo pela manhã, mas o gelo vai impedir que o inchaço aumente.
Babi: nada que eu já não esteja acostumada - ela riu, segurando a bolsa de gelo que Carol havia acabado de entrega-la. Seus olhos vieram para mim, escorado na porta a observando. Ela ainda parecia com raiva. Seja lá o que estava pensando sobre mim, essa conversa ficaria pra outra hora.
Carol: ok, tudo certo aqui. Vou subir e ver como aqueles dois estão - ela disse guardando suas coisas sobre a mesa.
Quando passou por mim, eu agarrei seu braço de leve, apenas para ter sua atenção.
Victor: obrigado, Carol. Diga a aquelas dois que eu espero por eles no meu escritório em vinte minutos - ela assentiu, deixando finalmente eu e Bárbara sozinhos.
Ela não se moveu, pensei que sairia logo em seguida. Mas ela não fez.
Sem saber o que fazer ou falar, peguei do meu bolso o velho cigarro.
Era o que me ajudava em situações como essas.
Babi: o que? Porque está fumando? - perguntou irritada, se aproximando de mim.
Victor: é sua culpa - a encarei.
Babi: minha culpa? Como é minha culpa?
Victor: você me assustou pra caralho - falei, liberando toda a raiva e preocupação que eu estava por dentro - faça um favor a si mesma, e a mim, de agora em diante, quando vir uma briga, ande na outra direção.
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DANGEROUS TOUCH
FanfictionMais de uma vida envolvida em toda a armadilha friamente calculada. Um perseguidor que não para. Uma policial que não desiste fácil. Quão tênue é a linha que separa a atração da obsessão? Bárbara era recém-formada em advocacia, ocupava um bom cargo...