Capítulo 39: lar.

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[Barbara Passos]

Minha mente não conseguia acreditar no que meus olhos viam bem diante de mim naquele momento.
Minha respiração ainda estava completamente desregulada com a descarga de adrenalina que meu corpo recebeu quando escutei o gatilho sendo apertado.
Meu ouvido parecia estar tamponado, só conseguia escutar murmuros ao meu lado das pessoas indo até o homem a minha frente enquanto eu continuava ajoelhada no chão me recuperando de tudo.
Victor.
Meu Victor estava aqui.
E só então quando seus braços contornaram meu corpo fraco me colocando de pé junto ao seu corpo que voltei a vida novamente.
Ele realmente estava aqui.
Victor: me desculpa — foi só o que escutei antes de aperta-lo em meus corpo ainda mais. Eu mal conseguia respirar diante do alívio que meu corpo sentiu. Fechei meus olhos a fim de mensurar toda aquela situação.
Senti braços em nossa volta nos apertarem em um grande abraço de urso.
Família. Era isso que nós éramos neste momento.
Quando finalmente nos afastamos, eu ainda não acreditava.
Meus olhos pararam no chão, encarando o homem que destruiu minha vida estirado no chão.
Victor: não o matei. Atirei em sua perna, ele só está desacordado — assenti, sem tirar meus olhos de João. Eu estava paralisada. Completamente assustada remoendo o que poderia ter acontecido segundos antes dele levar o tiro. Seria eu em seu lugar.
Fechei meus olhos perdendo novamente a força em meus joelhos, mas antes que eles se dobrassem, Victor me abraçou novamente unindo nossas testas.
Victor: está tudo bem agora, pequena — disse acariciando meu cabelo enquanto nossos olhos permaneciam fechados — isso tudo acabou. Nada mais vai te machucar a partir de agora — segurando meu queixo, ele levantou meu rosto na altura em que nossos olhos pudessem se encontrar — eu te prometo isso.

Carol ligou para a polícia no instante seguinte. Eles chegariam dentro de algumas horas. Eu não queria estar aqui.
Mob e Bak assumiram a situação deixando que voltássemos pra casa. E assim fizemos.
Durante todo o trajeto, Carol estava atenta à estrada enquanto Victor me abraçava tentando me manter firme.
Meu corpo e mente estavam esgotados.
Toda essa situação me destruiu, e apesar de ter acabado bem, e meu pior pesadelo não ter passado apenas de um susto, eu ainda me sentia mal.
Convivi com o pior sentimento de medo e angústia dentro de mim durante anos. E isso não passaria tão rápido assim.
Em casa, quando saímos do carro, fomos recebidos por Thaiga completamente preocupada com a situação. Carol foi imediatamente contar a ela todo o ocorrido, mas eu permaneci aqui fora ao lado do carro completamente alheia à minha realidade. Victor estava ao meu lado.
Victor: ei, está tudo bem? — disse me puxando para mais perto dele, me envolvendo em seu grandes braços.
Babi: sim, eu só, ainda não consegui processar tudo — falei, encarando o castanho de seus olhos completamente preocupados — eu pensei que havia te perdido. Meu mundo perdeu a cor depois que vi sua moto destroçada naquele despenhadeiro. Eu entrei em pânico, eu, eu... — meu peito subia e descia enquanto algumas lágrimas rolavam pelo meu rosto. A ficha estava finalmente caindo. Victor me segurou mais forte, envolvendo suas mãos em meu rosto, ele me forçou a encara-lo.
Victor: olha pra mim, Bárbara. Eu estou aqui — seus olhos brilhavam em preocupação — não se livraria de mim tão facilmente, baby. Ainda precisamos terminar a conversa da noite passada — um sorriso de canto contornou seus lábios me fazendo sorrir junto.
Babi: precisamos? — perguntei divertida, completamente diferente do que estava sentindo antes. Meu peito se acalmou no instante que meu corpo sentiu seu toque. Seus olhos nos meus, por mais que representassem uma malícia escondida, havia sentimento neles.
Era isso que ele representa em minha vida em tão pouco tempo juntos.
Felicidade.
Calmaria.
Lar.
Victor: sim, precisamos — seu sorriso se espalhou largamente, senti falta disso — mas antes vou te colocar debaixo de um chuveiro. Você tem que relaxar.
Sorri enquanto ele me puxava para dentro de casa.
Quando entramos, Thaiga pulou nos braços de Victor com os olhos marejados. Ficaram ali por longos segundos sem dizerem uma palavra sequer. Quando finalmente ela se soltou, ao contrário do que eu pensava, ela veio até a mim já me envolvendo em seu braços.
Seu abraço era tão apertado que por alguns segundos perdi parte do ar em meus pulmões. Só então escutei sua voz quase como um sussurro vibrar em meus ouvidos.
Thaiga: eu sabia que você o traria de volta — ela se afastou, mas não quebrou nosso contrato visual. Sua lágrimas desciam bem menos agora, aquele sorriso de alívio ainda estava ali.
Sorri de volta porque conhecia exatamente aquela sensação — bem vinda de volta à família.

DANGEROUS TOUCHOnde histórias criam vida. Descubra agora