Capítulo 18

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espaço tempo • cinco dias depois:

[Victor Augusto]

Quase uma semana havia se passado desde que trouxe Bárbara para cá. Mantive meus olhos nela a maior parte do tempo, e quando eu precisava sair, deixava Crusher a vigiando. Ele não era o mais indicado a essa função, mas era melhor que Mob e menos problema que Bak. Mesmo que ele soubesse que eu já havia a marcado, era bom saber que ele não estava por perto. Enquanto eu esperava qualquer merda de informação sobre o pai dela, tentei ficar afastado. Mas cada parte do meu corpo estava gritando pelo dela. Desde que a beijei, desde que a toquei não consegui encontrar outra que me prendesse tanto quanto ela. E eu tentei. Saí as últimas 4 noites a procura de um corpo, mas nada tinha a minha atenção. Eu quero ela. Queria estar dentro dela.
Perdido em meus pensamentos, não notei que Carol estava ao meu lado pedindo minha atenção.
Carol: ei, cara, ainda está entre nós? - disse estalando seus dedos em frente ao meu rosto. Movi minha cabeça para o lado para encara-la notando o notebook em suas mãos.
Victor: que não seja mais problemas. - Ela moveu o notebook me fazendo logo de cara entender o que era - conseguiu rastrear o IP dele?

Carol: apenas de um dos celulares que ele usa. Tive um pouco de dificuldade nisso, já que ele não deixa rastros. Provavelmente deve ter o rabo preso com muitas outras coisas para ter tudo oculto desse jeito.
Victor: beleza, então conseguiu o número do imbecil? - perguntei, ganhando um sorriso de Carol que logo me contagiou - perfeito. Já é um bom começo. Encontre Crusher e Bak e os peça para irem até meu escritório.
Levantei indo direto para lá. Thaiga veio junto assim que me viu passar.
Thaiga: vai entrar em contato? - perguntou, apoiando-se em minha mesa enquanto eu procurava o celular.

Victor: pegue seu notebook, conecta ele ao celular assim que eu iniciar a ligação. Tente a todo custo encontra-lo, talvez a isca não funcione, ele vai achar que estou blefando - ordenei, minha mente estava à milhão. Era a chance que eu precisava. Apenas uma ligação poderia me dar o que eu queria, era só o velho cooperar.
Carol e Thaiga deixaram tudo alinhado, logo Bak e Crusher entraram na sala. Mob estava fora, então fechei o escritório e me sentei na cadeira acolchoada tentando relaxar.
Victor: tudo pronto? - perguntei, ganhando um sinal positivo de Thaiga. Digitei os números e apertei na call colocando em seguida no viva-voz para que todos escutassem. Três toques depois pude escutar a voz seca e falhada dele.

call on • João:

João: alô? - eu dei alguns segundos antes de realmente falar.
Victor: finalmente, João. Finalmente...
João: Victor Augusto - sua voz era firme, mas eu senti seu receio daqui.
Victor: acho que temos algo a ser resolvido, não temos?
João: não que eu esteja sabendo. Pode refrescar minha memória? - reuni todo o meu autocontrole para lidar com sua encenação.
Victor: oh, certamente. Tentarei ser o mais claro possível: eu quero o meu dinheiro - minha voz engrossou, a raiva tomou o controle - E dessa vez não é mais um dos avisos. Caso contrário, estou com sua filhinha, e presumo que não queria ver ela pagando por seus erros.
Houve um breve silêncio na ligação, algo que me incomodou, mas segundos depois eu escutei sua risada asmática na outra linha.
Victor: acha que estou blefando?
João: de modo algum, é só que...
Victor: cospe logo! - me exaltei.
João: está com Bárbara não é?
Victor: já deixei isso bastante claro.
João: eu não me importo - a frieza em sua voz me fez recuar. Todos na sala - inclusive, vá em frente. Faça essa cadela implorar alívio. Torture antes de acabar com ela. Tenho certeza que vai gritar igualzinho da última vez - minha voz parou na garganta. Em um lapso de sanidade tudo se encaixou em minha mente.

call off

Quando a ligação se encerrou, eu ainda não havia tirado os olhos do celular em cima da mesa. As pessoas na sala estavam ainda sem reação.
Finalmente voltei meu olhar para Thaiga, que diferentemente de mim, estava concentrada junto com Carol em seus computadores.
Eu me levantei, passando atrás delas para ver o que conseguiram. Thaiga me encarou, seu semblante desanimado quando negou com a cabeça.
Thaiga: nada. Por mais que a ligação tenha durado o tempo necessário, não conseguimos desencriptar o bloqueio - e mais uma vez, ele escapou. Mas não era isso que fez com que meu sangue pulsasse mais forte e mais rápido em minhas veias. Foi o que ele disse a respeito de Bárbara. A forma como disse, tudo.
[...]
Sentado repassando toda a conversa novamente em minha mente, memorizando cada palavra que aquele miserável disse. Bárbara não sabia de nada disso, eu queria entender sem que ela precisasse saber disso. Mas era quase impossível.
Thaiga se aproximou de onde eu estava, sentando-se ao meu lado.
Victor: não estou com cabeça, Thaiga. Sem mais problemas.
Thaiga: não sei o que você configura como problema, mas... - ela girou a tela do notebook me fazendo ver um documento escaneado. Lendo algumas partes grifadas, percebi do que se tratava.
Victor: o relatório de traumas. Como conseguiu? - perguntei, pegando o notebook de suas mãos e o colocando sob a mesa em minha frente.
Thaiga: Crusher e Carol ajudaram, ele conseguiu ter acesso a pastas privadas dos agentes federais. Eu e ela procuramos pelo de Bárbara nos últimos dias, demoramos porque o dela estava em uma das abas fora do seu posto - eu não escutei nada do que ela disse. Minha mente estava focada demais no documento na minha frente.
Quando terminei de ler as 3 páginas, deixei o notebook com Thaiga. Sem pensar muito, subi para o quarto em que Barbara estava.
Batendo na porta antes de entrar, escutei sua voz ao fundo.

Babi: não tenho opção, você vai entrar de qualquer jeito - ela nunca decepcionava nas recepções. Eu já estava acostumando com seu jeito.
Abri a porta encontrando ela sentada perto da janela, o sol batendo em seu corpo, deixando sua pele clara reluzir.
Seu rosto metade na sombra, metade no sol. Serena e misteriosa.
Depois de tudo que li, eu só não conseguia entender como ela suportou tudo aquilo. Sozinha.
Bárbara sempre me passou a impressão de que podia lidar com qualquer merda que jogassem em seu colo. Talvez por ser treinada, mas a minha intuição estava certa. A vida a havia ensinado isso, não seus superiores.
Victor: quando exatamente iria me contar?

DANGEROUS TOUCHOnde histórias criam vida. Descubra agora