Capítulo 28: um a um.

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[Victor Augusto]

Bárbara como sempre parecia não precisar de descanso, seus olhos ao invés de olheiras fundas, estavam com um brilho ainda maior que anulava qualquer imperfeição insignificante que seu rosto pudesse trazer com o cansaço. Seus cílios longos e negros estavam sob seus olhos que agora me fitavam confusos.
Babi: ei, aconteceu alguma coisa? - perguntou me fazendo desfocar de seu rosto. Neguei, me colocando a frente da janela para tirar os pensamentos da minha mente. Ou melhor, dela.
Victor: pedi a Thaiga que vigiasse qualquer movimentação suspeita dos Gonzales nas próximas semanas até termos algo em mente - meus olhos voltaram para os delas - você deve saber, eles não são qualquer grupo.
Bárbara assentiu. Eu sabia que ela já os conhecia. A fama deles ia além das fronteiras dessa cidade, ou talvez do próprio estado.
Babi: meu departamento possui centenas de documentos contra eles. Eu só fui entender a dimensão desse grupo quando precisei interrogar uma vítima deles - eles quase nunca deixavam rastros, e quando deixam, é praticamente como um estrago. Ela continuou - era um rapaz, novo. Um dos aviãozinhos deles. Foi pego repassando informações do grupo para um outro rival. De verdade, até hoje não entendo como eles o deixaram vivo.
Victor: talvez fosse parte do plano - eles tinham essa merda de querer deixar a marca em tudo que tocam - deixaram o recado. Babacas.
A máquina de café havia acabado de apitar ganhando a atenção de Bárbara. Com cuidado, ela pegou sua xícara a levando até sua boca. Tudo parecia como uma câmera lenta. Sua língua umedeceu seus lábios avermelhados antes do copo toca-los. Sexy como o inferno. Havia algo nessa mulher que não a tornasse tão, porra, irresistível?
Eu queria acabar com essa merda toda. Queria ela livre novamente, sem ameaças e pessoas a perseguindo. Tudo isso porque sei que, aqui, do meu lado, ela não está totalmente segura. Pelo menos não de mim, disso que estamos tendo.
Não é como Thaiga disse, eu quero ela mais que tudo, mas não a mereço. Estou literalmente quebrado por dentro. Ter ela só a traria angústias. Mais do que ela já teve nessa vida, então eu estou com todas as minhas forças tentando me manter longe. Para o bem dela. Por mais que sua boca pareça me chamar a todo segundo.
Babi: está fazendo de novo - disse me tirando novamente do transe que ela sempre me colocava.
Victor: o que?
Babi: me olhando como se eu fosse sua presa... - isso soou como uma provocação. A intensidade de seu olhar dizia isso.
Victor: está mais para predadora, às vezes pareço um nada do seu lado - confessei, fazendo-a sorrir debochadamente para mim. Atrevida.
Babi: acha mesmo, Augusto? - assenti, mesmo que meu orgulho implorasse para não fazer isso - ainda bem que sabe.
Antes que eu pudesse ver nitidamente seu sorriso atrevido uma última vez, ela correu subindo as escadas. Dava para escutar sua risada ecoando pelos cômodos que ela passava. Corri para alcança-la. Eu não deixaria toda essa ousadia ficar barata. E então no final do corredor eu a segurei, nossos corpos se chocaram um ao outro. Como nas outras vezes, nossas respirações se sincronizaram assim que nossa pele se tocou. A boca de Bárbara estava, por centímetros, longe da minha, mas eu conseguia sentir toda a sua tensão. Seus olhos piscavam freneticamente. Estava nervosa, mas nem por isso ela parou de se mover lentamente em direção à minha boca. Fechei meus olhos quando senti seus lábios tocarem os meus e então ela me derrubou. Em poucos segundos eu estava no chão enquanto ela montava em mim me imobilizando completamente.
Victor: um segundo, Bárbara. Eu baixei minha guarda por uma porra de segundo - rosnei encarando seu sorriso diabólico.
Babi: tem que estar sempre preparado, Augusto. Teve sorte, eu poderia facilmente ter feito você cair ainda pior, tenho certeza que ficaria bons hematomas em seu corpo logo depois - eu ri, discordando de sua ousadia.
Bárbara ainda sorria me olhando nos olhos, uma falsa sensação de vitoria quando virei o jogo. Em um só movimento, aproveitei de sua distração para virar seu corpo para a posição em que eu estava. Agora quem estava por cima era eu, tendo ampla visão de seu rosto tomado pela cor avermelhada quando percebeu o descuido.
Victor: o que disse sobre se distrair? - ironizei sua advertência anterior.
Babi: ainda consigo me defender de você, não se engane, consigo me soltar antes que perceba - sorriu.
Victor: eu sei, mas sabe o que? Tenho uma tática ainda melhor que consegue barrar qualquer movimento de auto-defesa que vier de você.
Babi: pouco provável, mas só pela curiosidade, qual é? - desdenhou.
Victor: cócegas!
Ela não esperava por isso e eu não esperava pela gargalhada gostosa que ressoou de seus lábios. Tudo nela me encantava. Porra de mulher incrível.
Exausta de se debater no chão frio que nos colocamos, ela pediu finalmente a rendição. Quando parei de atacar seu corpo, aproveitei para segurar seus braços acima de sua cabeça para evitar que o feitiço virasse contra o feiticeiro. O peito de Bárbara ainda subia e descia pesadamente enquanto ela recuperava o fôlego junto comigo. Meus olhos se prenderam em seus belos seios, agora enrijecidos. Ela umedeceu seus lábios devagar, como um convite. Um convite quente que tentei a todo custo resistir. Mas em vão.
Isso era humanamente impossível se tratando dela.
Minha boca chocou-se com a de Bárbara em um beijo duro, áspero. Era como se precisássemos disso para viver, dado o ritmo que nossas bocas unidas tinham. Soltando suas mãos, aproveitei para agarrar seu quadril para senti-la mais e mais. Suas mãos tomaram conta do meu cabelo. Ela puxava cada vez mais forte mediante a intensidade que o beijo ganhava. Sua boca deslizava facilmente sob a minha. Eu tinha ela ali, nada mais podia atrapalhar. Era inegável que Bárbara se entregava completamente quando nossas bocas se uniam, mesmo que durante todo o tempo sua mente tenta me repelir.
Babi: Victor, nós... - sua voz era rouca e acompanhava gemidos sexy ofuscados por sua respiração - estamos no meio do... corredor.
Por mais que eu soubesse que naquele momento só Thaiga estava na casa, sem a menor chance de subir até aqui, eu parei o beijo e todo o nosso contato. Isso iria longe demais, sabíamos bem disso. Eu precisava cumprir com o que prometi. Precisava afasta-la enquanto podia.
Victor: desculpa - falei ajudando ela a se levantar, ainda ofegante. Seus olhos encontraram os meus, mas ela não disse nada. Ambos tinham o mesmo pensamento: isso não deveria acontecer mais.
Babi: me deixe saber sobre os passos dos Gonzales - pediu, arrumando a blusa em seu corpo.
Victor: será a primeira.
[...]
Depois de algumas horas dentro do meu escritório tentando pensar em qualquer outra merda que me fizesse tirar Bárbara da mente, desisti, pegando meu capacete em cima da mesa e seguindo para fora daquela casa. A velocidade me ajudava a pensar, e eu precisava disso quase como preciso de oxigênio.
Guiei minha moto para fora da cidade, um lugar que sempre fui quando tudo parecia estar sem sentido. Depois de muito correr, parei em frente ao jardim de minha mãe. O lugar que ela estava enterrada.
Sentado com as mãos apoiadas na minha cabeça, me deixei levar pelo silêncio que só aquele lugar tinha. O turbilhão de vozes estavam dentro da minha mente agora.
Victor: sinto sua falta todos os dias - confessei arrancando uma das flores que ainda brotavam cheias de vida ali - você provavelmente deve querer chutar minha bunda vendo no que me meti, mas saiba que eu realmente sinto sua falta. Pra caralho - eu ri - Desculpe o palavrão, mãe.
Alguns minutos depois, senti meu celular vibrar dentro do bolso da minha jaqueta. No visor o nome de Thaiga estava sinalizado. Atendi no mesmo segundo.

call on • Thaiga:

Victor: Thaiga, o que foi?
Thaiga: seja onde você estiver, volte AGORA - a firmeza misturada ao desespero em sua voz me alarmou. Algo havia acontecido.
Victor: cospe, Thaiga. Preciso saber antes de chegar aí - gritei já ligando a moto.
Thaiga: Crusher foi o próximo da lista.

call off

DANGEROUS TOUCHOnde histórias criam vida. Descubra agora