Do Tratado da Reconstrução
"Devido a ganância e crueldades impostas
pelos membros da Capital, estes serão
punidos com o exílio, aprisionados
nas entranhas profundas do Distrito 13,
sem poderem sair. Mas a piedade dos
democratas não lhes fará mal algum,
para que mostremos a todos que somos
civilizados.No entanto, estes nobres mimados
terão que prover
seu próprio sustento, experimentando
o orgulho de obter somente aquilo
que vem de seu próprio suor.Não há nada mais digno para um homem
ou para uma mulher do que o orgulho de
colher os frutos de seu próprio trabalho,
sem serem explorados ou forçados
a trabalhar para os outros, e não
para si mesmos.Com isso, mostramos a eles nossa
grandeza, passando a mensagem para
todo o país de que cada cidadão é livre,
e de que cada um colhe o que planta."Do Tratado da Democracia
"Não serão tolerados movimentos
antidemocráticos, nem qualquer tipo
de discriminação. Todos agora
são iguais, e ninguém mais terá privilégios
especiais. Movimentos de protestos violentos ou de
terrorismo vingativo dos seguidores fanáticos
de Snow e de Coin serão perseguidos
e punidos com execução imediata. Qualquer
menção ou símbolo que faça alusão
a regimes totalitários são de agora em
diante proibidos. A punição é a morte."*****
Capítulo 1 - Problemas no Paraíso
Logo depois de eu sussurrar algumas inocentes bobagens para minha bebê, Prim, nome que escolhi em homenagem à minha irmãzinha, ela volta a cair no sono, e momentos depois ouço Denzel gritando e vindo em nossa direção.
Tomo um susto, porque quando me virei para olhar o novo e maldito gato escandaloso, de repente o pequeno Brad, meu lindo filhinho de 5 anos, grita por mim. Em seguida, Prim volta a chorar. Quase em uníssono, Peeta grita meu nome.
Mas que diabos, tudo ao mesmo tempo... eu não sabia para quem olhar, nem o que fazer. Estava tudo perfeito e calmo, mas de repente tudo vira um inferno.
Prim me agarra com força, querendo mamar, e Peeta não para de gritar meu nome. Brad não para de correr. De repente, Prim aperta meus seios, furando-os com as unhas, e seu rosto se transforma em um bestante, pulando em meu pescoço na jugular para me morder. Peeta não parava de gritar meu nome:
- Katniss! Katniss! Acorda! Temos que sair daqui!
Acordo, mas não acredito que aquele tipo de pesadelo tão horrível tinha acontecido. Tenho pesadelos com os jogos e com a guerra, e eles têm aumentado de frequência na última semana. Deve ser porque estou no ciclo. É sempre assim. Mas este... este foi real demais, e é a primeira vez que sonho que tenho filhos, e o sonho parece ter sido do futuro. Sim! Eu estava mais velha, mas não sei com que idade, e parece que eu era casada com Peeta. Meu Deus! Como foi real!
Já tenho 19 anos, sou uma adulta agora, mas quem não se torna adulto diante daquelas barbáries e miséria em que vivíamos? Só mesmo os antigos cidadãos da capital, que em sua vida luxuosa viviam num mundinho próprio de sonhos e fantasia, feito crianças mimadas. Na minha opinião, mesmo com apenas doze anos, a Prim era muito mais madura que aquela gente.
Prim... eu nunca mais a verei de novo, a não ser quando às vezes tenho algum pesadelo com ela gritando por socorro, e eu tentando salvá-la. Sinto muito sua falta, e agora que a perdi para sempre, não tenho mais nenhum propósito em minha vida, eu acho. Eu ainda tenho minha mãe, que está totalmente curada agora e bem melhor, trabalhando na Nova Capital.
E tenho Peeta ao meu lado. Na cama, me acordando do pesadelo, segurando minhas trêmulas e gélidas mãos com seu calor e segurança.
Nos tornamos amantes, dessa vez de verdade. Enquanto preparamos o desjejum, ele novamente fala em casamento, mas sempre que eu digo que não quero ter filhos, ele abaixa a cabeça e depois a ergue com aquele sorriso disfarçando um ar de tristeza, como fez agora.
- Sem problemas! A gente pode se casar e não ter filhos, se você não estiver preparada. - diz Peeta.
Fico em silêncio. Ele sempre mostra essa mesma reação toda vez que o assunto volta e dou essa mesma resposta, como se estivesse consciente de que sei que ele quer me ganhar pelo cansaço. Isso parece diverti-lo, mas a mim também.
Peeta é inteligente como poucos, mais que muita gente que já conheci, mas ele é humilde e parece guardar sua inteligência para os momentos de necessidade. Ele está estudando Administração remotamente, e como ele escolheu poucas disciplinas, deve se formar ano que vem.
Ele parece totalmente curado, mas não consigo me esquecer de uma visita que minha mãe me fez ano retrasado, quando Peeta estava longe. Na ocasião, ela me alertou que o DNA dele foi profundamente alterado pelo veneno modificado das teleguiadas para transformá-lo em bestante, e poderia ser perigoso estar com ele, mesmo com o tratamento recebido. Ela acrescentou que há um risco de ele transmitir algum tipo de anomalia genética para seus descendentes, caso tenha. Essa ideia me assusta. Talvez a tentativa de Snow me matar através de Peeta tenha sucesso. Se não com ele, talvez com a filha que tive no pesadelo. Que pensamento horrível.
Será que ela disse isso por maldade, pra se vingar dos anos em que eu fui indiferente e rude com ela? Não... duvido. Se minha mãe se arriscou a dizer isso pra mim, sabendo de meu temperamento intempestivo, é porque ela se preocupa comigo, e quer meu bem. Acho que no lugar dela, eu teria feito o mesmo. Mais um motivo pra eu não querer ter filhos.
Mas agora que perdi a Prim, não tenho mais ninguém pra proteger... ninguém que dependa de mim, e isso faz eu me sentir vazia por dentro de algum modo.
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Jogos Vorazes - O Fim da Esperança (Trilogia 1/3)
FanfictionKatniss é temida por países que querem evitar uma onda de revolução global inspirada pelo Tordo de Panem.