Capítulo 12 - Reencontro

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Depois de Niroge sair às pressas do quarto, tento me levantar da maca, e assim que piso no chão, minha perna direita passa a doer intensamente a ponto de eu soltar um grito de dor.

Não sei se foi um mal-jeito ao pisar ou o que, mas me apoio na maca pra não cair. Não é câimbra nem nada que eu já tivesse sentido antes... a perna direita apenas dói por dentro na panturrilha, como se minha tíbia estivesse queimando. Mas agora consigo caminhar, mancando, sob a dor que não me abandona.

Uma jovem me aguarda no corredor, e me assusto ao ver que seu rosto está completamente enfaixado, exceto pelos olhos escuros.

- Me acompanhe por favor, senhorita Angela.

Ela me conduz até a luxuosa copa repleta de delícias maravilhosas para comer. Sento-me com dificuldade pela dor, e como alguma coisa.

- Qual o seu nome?

- Endora, senhorita.

- Desculpe a indelicadeza, mas o que houve com seu rosto?

- Eu era uma avox, mas sou livre agora. Niroge me comprou e me deu a liberdade. Posso sair e ir pra casa quando quiser, mas as pessoas do meu próprio distrito me hostilizam, então não me sinto mais segura de estar em casa.

- Você tem família, Niroge?

As faixas em seu rosto e sua magreza me chamaram muito a atenção, de modo que antes de perguntar pelos meus amigos, quero saber ao máximo que lugar é esse de verdade. Olhar para ela me acendeu um alerta, de que talvez aqui seja pior que Panem, e podemos estar em um perigo maior do que pensamos. Não posso confiar em Niroge. Quanto mais eu souber sobre tudo e sobre todos daqui, melhor, para decidir o próximo passo.

- Tenho meu meio irmão e minha tia. Eles vêm me visitar de vez em quando aqui na embaixada.

- Você dorme aqui?

Ela parece sorrir atrás das faixas.

- Não. Quem me dera. Moro na vila dos servos. Depois se quiser eu te mostro. E você? Onde mora?

- Minha casa pegou fogo. - improviso.- Ainda não sei onde o embaixador vai me deixar dormir.

- De qual distrito você é?

Não sei o que responder. Me lembro das recomendações de Niroge de não dizer nada sobre mim.

- Aquilo é chocolate? - mudo de assunto.

Ela me passa o chocolate, enquanto tento fazê-la esquecer da própria pergunta. Após sua insistência, fico séria, e simplesmente não respondo. A dor na perna me ajuda a ficar mais séria. É uma queimação maldita.

- Senhor Olliver! - diz ela, surpresa ao ver o senhor de longos cabelos grisalhos, com um rabo-de-cavalo. - Angela, este é o senhor Olliver, o chefe dos serviçais.

- Mordomo Olliver, Srta. Angela. A seus serviços.

- Prazer.

Olliver volta para o corredor de onde veio, e chama por alguém:

- É por aqui, senhor Alex, sinta-se à vontade. - diz o mordomo educadamente, quando vejo Peeta entrando, com o indicador nos lábios, olhando para mim, em tom de cuidado.

- Bom dia Angela. Dormiu bem? - diz Peeta enquanto se aproximava rapidamente de mim, me abraçando e sussurrando no meu ouvido para chamá-lo de Alex de agora em diante. Aceno positivamente e ele me beija brevemente.

- Sim.

Depois dele, entram Pollux, Cressida e Gale, com os respectivos nomes de Francis, Jasmine e Marcus.

Começamos a conversar entre nós, nos habituando com os novos nomes, e nos divertindo com isso.

Olliver, o mordomo, nos explica enquanto comemos, que a maioria dos servos do castelo de Niroge são refugiados políticos e pessoas sem-teto, que ele abrigava. Por isso ele é famoso em Socrática, por ser o primeiro filantropo da história do país.

Jogos Vorazes - O Fim da Esperança (Trilogia 1/3)Onde histórias criam vida. Descubra agora