Capítulo 39 - Pensamentos, Estratégias e Decisões Difíceis

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Talvez eu devesse voltar e roubar seus sapatos também. Fico parada por um instante olhando para trás e contemplando a dúvida: com essa espada eu poderia cortar seus sapatos mais tarde e formar um cinto ou chicote, pois isso teria a utilidade dupla de prender essa sacola de roupas na minha cintura, e em caso de outra luta, o chicote serviria de arma secundária de meia distância, se for longo o suficiente. Filtrar seu sangue ainda fresco na minha roupa e guardar para saciar a sede que vou ter mais tarde também pode salvar a minha vida, mas é uma ideia repulsiva. Só que suas botas não saem de minha cabeça. Também preciso apagar minhas pegadas para ninguém me seguir. Maldição... tenho que voltar. Deixo o vento me levar.

Não adianta fugir por essa direção com aquelas malditas pegadas que deixei e tenho que aproveitar a camuflagem do vento enquanto ainda sopra.

Volto a engatinhar a duna pelo mesmo caminho, e chegando em seu topo, espreito pra ver se tem alguém por perto. Dessa vez desço me jogando e rolando pela duna, que assim poupo energia, mas me encho de areia no rosto. Ninguém por perto. Tiro suas botas e o resto de suas roupas guardando algumas na sacola e arrasto com dificuldade seu corpo por dois metros para a esquerda em relação à posição em que eu estava fugindo. Isso é repulsivo, e abandono a ideia do sangue coagulando.

Fujo, contornando a duna e deixando essas pegadas protegida do vento. Me agacho, pois minhas duas últimas pegadas dão a entender que estou voltando para pegar uma mochila ou arma, e me deito me arrastando pela duna acima há cerca de alguns metros do corpo.

Nenhum canhão soou nesse ínterim. Isso quer dizer que os carreiristas devem estar procurando pelo desaparecido, ou simplesmente se abrigando do vento.

Com minha perna mancando, eu não tenho como tomar uma distância larga, então ou me afasto o mais rápido que posso contra o vento, ou trato de apagar minhas pegadas. Deixá-las para trás significa morte certa, e apagá-las é prioridade enquanto essa camuflagem eólica durar. Bolo uma estratégia: como não consigo ver onde está o sol, sem saber dos pontos cardeais, considerarei como oeste a direção que eu estava de frente quando subi pelo tubo.

Havia fugido para o leste, e depois voltei pro oeste para pegar as botas. Como andei alguns metros ao norte contornando a duna, é melhor fingir que estou indo pro nordeste sem apagar as pegadas por enquanto. Essa é a forma de prosseguir com menos atrito pelo vento, e sem perder mais tempo.

A rosa de Snow foi um sinal. O primeiro recado que recebi deles desde que me ofereci como tributo. Antes eu achava que seu símbolo era de que ela seria usada em meu túmulo, mas agora, com essa tempestade protetora, vejo que isso foi feito pra minha preservação. Peeta e Cressida estão lá me protegendo sob o consentimento de Snow e Heavensbee.

Prossigo de olhos fechados ao nordeste o mais firme que posso sem gastar muita energia. Encontrar água é prioridade. Bem lembrado! Uma das botas dele deve servir de cantil caso eu encontre um cactos ou arbustos para retirar água ou beber seiva. Não. A seiva dos arbustos é pouca e só dá para bebericar apenas um pouco. Não sei se os patrocinadores vão me ajudar neste sentido, mas não posso contar com sua ajuda pois por enquanto estou por conta própria.

Deixo que minhas pegadas me revelem para ganhar tempo, pois não tenho esse luxo de poder me atrasar tentando apagá-las, então vou deixar isso para mais tarde. Em meu túmulo, saberei se tomei a decisão certa.

A espada é longa o bastante para usar como bengala. Essa é a vantagem de não ser muito alta.

Jogos Vorazes - O Fim da Esperança (Trilogia 1/3)Onde histórias criam vida. Descubra agora