Capítulo 38 - A Morte anda a Cavalo

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O vento começa a diminuir, e ouço uma voz torpe me chamar atrás de mim. É uma voz masculina que me assusta e começo a correr desesperada segurando os trajes da falecida Dominnic enroladas em meu traje transparente. Isso é péssimo: ao mesmo tempo em que ouço essa assustadora voz, o vento começa a perder força. Acelero em pânico e tropeço na areia, caindo feito um tijolo, dando de cara com a subida de uma duna. Não dá tempo de pensar em nada... só devo fugir daquela voz de assassino.

Me levanto e começo a subir, mas essa areia é escorregadia e demoníaca, de um modo tal que parece que a cada passo que dou adiante, caio dois para trás.

Subo feito um cachorro, usando as mãos, pois de pé está impossível. A voz parou, e penso no pior. Ele me alcançou, protegido pela duna que bloqueou o vento. Quando olho para trás, meu temor se confirma: Bolligner, o psicopata número 2 com uma enorme espada árabe curvada na mão direita, sorrindo para mim. Não demonstro medo:

- Cadê os outros? - pergunto, tentando persuadi-lo a manter a palavra de formarmos uma equipe, enquanto solto a veste e encho ambas as mãos de areia atrás de mim enquanto estou deitada no chão.

Ele sorri diabolicamente e nem responde, desferindo um golpe na direção de minha barriga. Chuto seu cotovelo com a perna esquerda com precisão, usando toda a força desenvolvida na malhação matinal diária. Parece que ele se esqueceu de que uma de minhas pernas ainda funciona, e me subestimou.

Creio que ter ficado só na conversa nesses dias de preparação sem demonstrar nenhuma de minhas habilidades serviu para que eles todos me subestimassem. O golpe veloz deve ter doído, pois sua espada caiu de sua mão, por azar voando em minha bochecha direita ao cair. Em meu reflexo de virar o rosto, infelizmente soltei a areia inconscientemente, e o assassino pula em cima de mim para me socar com a mão esquerda.

Apoio meus joelhos em seu peito para ele não me atingir. Volto a pegar a areia nessa luta e jogo em seus olhos a favor do pouco de vento que a duna deixava passar. Ele era mais forte que eu... muito mais. Porém, como eu estava caída, tive os joelhos como vantagem. E não tive tempo de sentir a inseparável dor da perna direita graças a adrenalina.

A areia não foi o bastante para cegá-lo, mas ganhei tempo para pegar a espada árabe e lhe furar o pescoço, fazendo seu sangue espirrar várias vezes consecutivas conforme seu coração ainda bate.

Espada na mão direita e seus trajes na esquerda, aumentando o volume e o peso dentro da bolsa branco-transparente. Assim volto a subir a duna feito cachorro. Chegando ao topo, o vento volta ainda mais forte e nada se podia enxergar. Tive que fechar os olhos e tentar caminhar em linha reta às cegas, mas chego ao declive da duna e quase caio. Ironicamente, a força do vento me empurrou para trás, evitando minha queda.

Inclino meu corpo e começo a descer correndo tentando ignorar a dor lancinante na perna, mas sou obrigada a descer esta duna traiçoeira em passos largos e saltos o mais depressa possível com ajuda da gravidade.

Mais dois tiros de canhão...

Jogos Vorazes - O Fim da Esperança (Trilogia 1/3)Onde histórias criam vida. Descubra agora