Capítulo 14

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    Quando eu era criança, a minha mãe ensinou-me a orar

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    Quando eu era criança, a minha mãe ensinou-me a orar. Todas as noites orávamos juntos e aquilo era bom. Ela também orava sempre que íamos brincar. No primeiro momento, diferentes sentimentos tomavam conta de mim. Era espetacular pensar que podíamos conversar com uma pessoa como Deus. Às vezes, parecia irreal, porém na minha mente e no meu coração, eu acreditava que era real. Mas, com o passar do tempo aquilo foi desaparecendo. Não sentia a mesma coisa, ainda mais depois que Ele levou ela de mim. Não conseguia compreender, então desacreditei de tudo.

    Meu corpo doía muito. Parecia que os meus ossos quebravam à medida que eu movia o meu corpo. Não via nada, mas ouvia uma voz. Era suave e linda. Parecia um anjo cantando, o que me fez ficar esperançoso de que eu estaria num outro lugar.

E Ele está te esperando dizer
Aba, chamá-lo de Pai
Há quanto tempo você não me chama de Pai
Há quanto tempo você não confia em meu amor.
Há quanto tempo eu não ouço
A tua voz me chamar, dizendo: Aba, Aba
Paizinho, eu sou Teu
Paizinho, eu confio
Paizinho, eu vou obedecer porque
O teu amor é o lugar mais seguro

    Sem nenhuma explicação, o meu coração começou a bater aceleradamente e os meus olhos abriram-se, porém fui obrigado o fechá-los por causa da luz intensa que invadiu o meu campo de visão, mas com o passar dos segundos, fui-me acostumando com a clareza. A voz que antes me encantava, silenciou-se. Quando fui capaz de ver perfeitamente, estava sozinho no quarto.

— Espera, por que estou aqui? — Sentei-me na cama e tentei recobrar a memória, mas falhei.

    Também não consegui descobri de quem era aquela voz. Talvez ela nem fosse real, mas a letra não saía da minha mente. Desde quando eu deixei de acreditar nas bobagens que contavam na igreja? Desde quando eu deixei de chamá-lo de Pai? Eu tinha tudo o que qualquer pessoa queria ter. Eu era uma criança de fé que nunca tinha passado por situações que me fizessem duvidar da existência Dele. Só foi preciso uma perda, para que tudo perdesse o sentido. De uma hora para a outra, o mundo que era cores, tornou-se cinza e sem vida. Aquela hora era a minha, aquele chão frio e duro era o meu lugar.

— Por quê? Por que, Sky? Por que você ficou na frente?! — Não consegui conter as lágrimas. Era tão doloroso saber que era minha culpa o fato dela não estar mais viva.

— Filho? — Entre soluços e lágrimas, observei a mamãe, parada na porta do quarto. — Está tudo bem. — Ela caminhou até mim e, com um caloroso abraço, me consolou. Não sabia o motivo daquele meu choro compulsivo e nem questionou, mas chorava comigo.

    Depois de tanto chorar, fui consumido pelo sono. Quando acordei, já estava noite e reparei que a mamãe dormia numa poltrona ao lado da cama. Certamente ela já sabia que eu fumava, mas, naquela hora não havia anunciado nada acerca disso. E isso me deixou incomodado. O que me esperava após deixar aquela cama hospitalar nada confortável na qual em nem sabia, até então, o motivo por eu estar deitado nela.
    Voltei a minha atenção à voz que, mais cedo, me havia obrigado a ponderar e questionar muito sobre a existência Dele. A Sky sempre falava muito de Deus, e acho que só comecei a crer Nele por causa dela e da mamãe. Deve ser por isso que eu deixei de acreditar que Deus é real: quando a Sky deixou de existir.

    Em minha mente, curtos e turvos flashbacks surgiam, auxiliando, assim que minhas memórias dos acontecimentos anteriormente ocorridos voltassem. Eu passara mal e depois apaguei. Alguém me segurara, mas não me lembrava quem era. Minha cabeça ainda andava às voltas, mas sentir-me melhor em relação ao meu estado mais cedo.

    Eu não era bom em biologia, mas pela minha condição física constatei que faltava alguns nutrientes em meu organismo. Estava mais magro e fraco.

    Mais tarde, o médico apareceu para apresentar o meu quadro. Como eu tinha imaginado, a carência de nutrientes era o motivo pelo qual eu estava naquele quarto com cheiro de álcool. O médico falou muitas outras coisas, coisas essas que entram por um ouvido e saíram pelo outro.

— Amanhã já podes voltar para casa, mas tens de alimentar-te como deve ser, sim? — Advertiu com um sotaque britânico. Apenas assenti e ele saiu.

    Apareceu uma enfermeira que trouxe o meu jantar. Foi o jantar mais perturbador que já tive. A enfermeira e a mamãe não tiravam os olhos de mim, como se estivessem confirmando se eu estava ou não comendo. Quando finalmente terminei, pude relaxar.

    Passaram duas horas desde que procurei dormir, mas fracassei. Paula dormia na poltrona e parecia cansada. Ela tinha cancelado todas as consultas daquele e do dia seguinte para ficar cuidar de mim, como ela mesma disse.

    A minha mente girava em volta do pequeno trecho de música que ouvira mais cedo, mas não entendia porquê eu ainda remoía naquilo.

— Não tinha ninguém no quarto, então era algo da minha cabeça. Mas, porquê minha cabeça produziria isso? Será que foi… — Deus? — O que está acontecendo com você, Gabriel? Deus não existe.

    Peguei no celular e abri a minha playlist, na tentativa de afastar aqueles pensamentos e ilusões da minha mente e, por fim, adormeci, sem dar por isso.

    Peguei no celular e abri a minha playlist, na tentativa de afastar aqueles pensamentos e ilusões da minha mente e, por fim, adormeci, sem dar por isso

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*Música: "Em Teus Braços" de Laura Souguellis*

Olaa! Não precisa dizer, tá? Eu sei que demorei.
O capítulo não está muito longo, mas quis trazer um capítulo para vocês hoje.

O que acharam? De quem era aquela voz? A Sky hein? Quem é?

Tem uma estrelinha que quer ser preenchida aquiii ⭐  abraços quentinhos e fiquem com Deus

Meu OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora