Capítulo 39

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    Um tsunami causa bastante destruição

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    Um tsunami causa bastante destruição. Muitas vezes vem sem aviso prévio, arrasando tudo à sua frente. As palavras e a verdade costumam ter um efeito semelhante. 

    O tempo pareceu parar. O som das folhas sendo balançadas pelo vento, vagarosamente desaparecia. O silêncio instalou-se. O sol logo se pôs e eu não percebi, pois, minha mente parecia ter sido atropelada por tão poucas palavras. O Felipe limpava qualquer lágrima que insistisse em sair. Ele esperava alguma resposta minha? Quais palavras seriam corretas usar numa situação como aquela?

— Faz dois dias que tento processar tudo isso. Nem se quer estou a dar ouvidos para a explicação deles. — Suspirou antes de continuar. — Talvez este comportamento é imaturo, mas, como eles puderam esconder isso por tantos anos. — Ele voltou a colocar a cabeça entre as pernas, e eu tentava consolá-lo, acariciando suas costas.

— Como descobriste? — Perguntei, impulsivamente, mas logo me arrependi. — Desculpa. Eu não devia perguntar isso.

— Não, está tudo bem. — Ele sorriu, o que me deixou menos nervosa. — Eu tenho uma irmã, a Ashley. Ela é dois anos mais velha e não vive connosco, por causa da faculdade. Assim como é costume, ela foi em casa para passar o inverno. Eu a Ashley erámos inseparáveis. Ela era a minha protetora e minha inspiração, sabe? — Ele tentava não chorar, mas era quase impossível. — Fiquei tão feliz quando ela chegou, porque ninguém esperava que ela viesse antes do mês de dezembro. — Pude notar a tristeza em seu olhar. — Então, dois dias atrás ela estava a conversar com seu pai, e ela perguntou-lhe se eles já me tinham dito a verdade.

     Ele fez uma pequena pausa e respirou fundo. Escondeu o rosto com as mãos e murmurou algumas palavras que não fui capaz de ouvir.

— Felipe… — Aproximei-me dele e o abracei. — Não precisas continuar.

— A Ashley… ela nem se quer é minha meia-irmã, Olívia. Eu sempre acreditei nisso, mas ela não é filha da minha mãe. — Ele lamentava e não tentava impedir as lágrimas de correr pelo seu rosto, pois sabia que de nada ia adiantar. — Eu vi minha família perfeita arruinada em um único dia.

    Mesmo deixando claro que ele não precisava falar, ele insistia em contar algumas das memórias que ele tinha com aqueles que ele considerava a sua família. Eram explícitas a paixão e a tristeza com que falava daqueles momentos. Apenas ouvia e pousei minha mão nas costas dele, na tentativa de consolá-lo.
    No meio daquilo, a minha mente se perdeu nas demais perguntas que ainda não tinham respostas. Talvez o Felipe saiba alguma coisa sobre seu pai biológico, mas não seria rude perguntar isso? Não cogitava na ideia de sermos meios-irmãos, mas era uma possibilidade. Uma que eu queria muito descartar. Não queria pensar que meu pai foi infiel com uma de suas companheiras, mesmo ele tendo abandonado minha mãe. Afinal, pessoas erram e, mesmo que seja difícil, eu quero ser capaz de perdoá-lo por isso.

    As falas do Felipe cessaram e permanecemos em silêncio, observando o sol que lentamente se despedia. A temperatura caiu bruscamente e o céu foi tomado por pequenos sóis. O Felipe silenciosamente observava o reflexo das estrelas nas águas do lago que mal se mexiam.

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