Capítulo 33

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    É estranho experienciar sensações que nunca tiveste antes, não é?     Eram sentimentos difíceis de decifrar e isso aborrecia-me

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    É estranho experienciar sensações que nunca tiveste antes, não é?
 
    Eram sentimentos difíceis de decifrar e isso aborrecia-me. Não sabia se queria livrar-me deles ou entender o que significavam. Saber que o Gabriel tinha ido assistir o show dos rapazes deixou-me realmente feliz. Talvez, o Espírito Santo tenha tocado em seu coração durante a apresentação.
 
Eu realmente desejava isso.
 
    Evitava olhar para o Gabriel, porque estava igualmente envergonhada com a provocação da mãe dele, apesar de saber que não tinha sido por mal.
     Aquele clima silencioso era estranho e não sabia como acabar com ele. Eu perguntava-me o que ocorria naquela mente e o se ele olhava também para o nada. Será que devia ir embora? Ou se calhar conversar com ele, afinal, nós não erámos dois estranhos. Já incomodada com aquilo, eu voltei-me para ele, para conversarmos. O que eu não esperava era que ele estivesse com o seu olhar em mim.
    Não posso negar que tive um pequeno susto. Desde aquele momento ele olhava para mim? Estava envergonhada, porém seus olhos prenderam-me.
 
O Gabriel está… diferente.
 
    Eu não o conhecia completamente, mas depois daquela noite, naquela mesma praia onde estávamos naquele momento olhando um para o outro, eu conheci um pouco daquele menino que estava sempre irritado, triste e vazio. Vi seu lado frágil, vi seu sorriso que não possuía sarcasmo, um olhar que não tinha raiva. Não sabia se alguma outra coisa havia acontecido com ele, mas era como se ele estivesse se tornando uma nova pessoa. Quero dizer, ele não tinha fugido de mim, desde o momento que me viu.
 
Espero conhecer-te melhor.
 
    Saber que ele estaria em minha casa em menos de 24 horas era entusiasmante. Estava tão animada e ansiosa que não conseguia dormir.
 
Como assim o Gabriel vai jantar em tua casa?!
 
— Allison! Os teus pais já devem estar dormindo. — Repreendi a menina que estava do outro lado da linha, gritando.
 
Explica lá isso, Lívia! Como ele aceitou isso sem se queixar? Ela ignorou-me completamente.
 
— A minha mãe conhece a mãe dele e pronto. E, bem, talvez ele só queira acompanhar a mãe, eu não sei.
 
Muito estranho. Isso talvez seja bom.
 
— Como assim? — Fiquei confusa mediante a afirmação da minha amiga.
 
Não sei bem. Vai que ele se torne um pouco mais sociável. De qualquer forma, quero detalhes amanhã à noite.
 
— Está bem. Não demores para ir para a cama.
 
Sim, mamãe. — Rimos e depois despedimo-nos.
 
    Coloquei o aparelho de lado e aconcheguei-me na tentativa de dormir, pois sabia que tinha muito o que fazer.
 
Porém não consegui.
 
    A minha mente ainda vagava por todo tipo de pensamento, até lembrar-me de um versículo bíblico.
 
“Considerem: Uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto.”
 
    Senti um temor enorme quando comecei a analisar a minha vida devocional e perceber que estava negligenciando-a ultimamente. Com as provas aproximando-se, o meu momento com Deus perdeu sua prioridade, coisa que não podia acontecer. Percebi também que não se tratava apenas da escola, mas priorizei pequenas outras coisas e estas encheram a minha rotina, tornando o meu devocional algo para “se o tempo sobrar”.
 
    Levantei-me da cama e, dobrando os joelhos, comecei a conversar com meu Pai. Eu sentia falta daquele lugar. O lugar onde eu podia abrir meu coração totalmente, sem medo. Onde eu sabia que estava segura e protegida. Tinha tanto para contá-Lo, e sabia que Ele ouvia cada palavra minha. Era como se Ele estivesse aí, sentado ao meu lado, perdoando-me e convidando-me a voltar ao primeiro amor.
 
    Eu desconhecia quanto tempo permaneci naquela conversa, mas não podia aproveitar melhor aquela insónia. Dormi menos horas do que o habitual, mas acordei muito cedo e com bastante disposição. Aproveitei a oportunidade, e dediquei as minhas primeiras horas do dia a Deus.
 
    Já eram onze da manhã e eu já havia realizado uma parte das tarefas para aquele dia, incluindo fazer as compras para o jantar. Depois disso, dediquei-me aos estudos até o horário do almoço e, após a refeição preparei-me para ir estudar com a Maya e a Allison.
    Tínhamos combinado encontrar-nos mais tarde, apesar de eu não poder ficar até tarde, pois teria de ajudar a mamãe a preparar o jantar. Então, eu ficaria menos tempo a estudar com eles, por essa razão, adiantei uma parte durante a manhã. E mesmo num dia cheio de afazeres como aquele sábado, eu não me sentia cansada ou desanimada.
 
    Cheguei à casa da Ally e encontrei a Maya a aguardar na porta da casa da cacheada. Ela estava sentada no chão, como se estivesse aí a um bom tempo. Fiquei muito feliz em vê-la. Lembrar de que finalmente estávamos bem e que voltaríamos a estar as três juntas fazia-me querer pular de alegria. Ela notou a minha presença e cumprimentou-me com um sorriso singelo e retribui. Aproximei-me e sentei ao lado dela.
 
— Parece que ela não está em casa. ­— Disse. — Faz uns dez minutos que cheguei e nada.
 
hm, que estranho. — Verifiquei a hora e percebi que não tínhamos chego mais cedo do que o combinado. — Vou ligar-lhe.
 
     Ficamos em silêncio enquanto eu tentava contactar a nossa amiga, mas não tive sucesso. Decidimos aguardar mais um pouco e, durante a espera, ficamos admirando a entrada da moradia dos Harris. Estava ornada com arvores de pequeno porte, que, com o sobrar do vento, perdiam suas folhas laranjas.
 
— Olívia, — Voltei-me para a menina, quando ouvi o meu nome. — eu preciso confessar algo.
 
    Ela mexia freneticamente suas mãos deixando claro que estava nervosa. Não era típico dela. A Maya normalmente era honesta e não hesitava quando precisava dizer algo, mesmo sendo vergonhoso. Era uma das coisas que pensava ser admirável nela. Não tinha problema em dizer o que pensava, mesmo sabendo que às vezes podia ser problemático. Era como se estivesse conversando com uma pessoa diferente, ou então aquela era a verdadeira Maya, que resolveu mascarar-se de uma adolescente que não tinha medo.
 
— Eu… eu não… Droga, isso é complicado! — Reclamou baixinho e com o rosto escondido, mas pude ouvir. — Eu percebi que não gosto do Felipe. Eu não tenho a certeza se é realmente isso, mas eu acho que vi nele alguém que foi especial para mim no passado. Por isso, desculpa.
 
     Foi então que lembrei que eu não conhecia muito do passado daquela menina que tanto estimava. Ainda tínhamos muito para conversar e eu queria saber mais sobre aquela Maya que estava envergonhada e arrependida.
 
— Está tudo bem. — Abracei-a de lado e ela retribuiu. — Se algum dia quiseres conversar sobre isso, eu estou aqui pra ti, okay? — Ela assentiu e aproveitei para orar silenciosamente por ela.
 
Opá! — A Allison apareceu no meio daquilo e assustou-nos. — Desculpa, meninas. Lembrei-me que não tinha uns snacks em casa. Oh, abraço de grupo! — Ela juntou-se a nós e tivemos um curto momento ali, rindo e disfrutando da companhia umas das outras.
 
    Aquela devia ser um dos melhores momentos que passamos juntas. Conseguimos cumprir nossas metas de estudo para a tarde e ainda sobrou uns minutos para jogarmos conversa fora. A Maya ainda parecia na defensiva, e não falava muito como fazia antes, mas a Allison conseguia fazê-la relaxar com suas piadas e o clima ficava menos tenso. Ela até mencionou sobre o grande jantar que eu teria mais tarde, deixando a Maya curiosa. O assunto então tornou-se aquele e as duas estavam muito ansiosas para um “evento” que as mesmas nem se quer iam participar.
 
    Diferente da noite passada, eu estava calma em relação a aquilo. Afinal, seria apenas um jantar, o que poderia acontecer? Talvez o Gabriel desista de ir no último momento. Ele não parecia ser do tipo que ia a casas das amigas da sua mãe, ainda mais quando essa amiga tinha uma filha que ele não apreciava muito. Essa era a primeira impressão que tive daquele garoto, que preferiu voltar para casa na chuva do que ter a minha companhia e uma guarda chuva, mas naquele instante, eu desconhecia o tipo de pessoa que ele estava se tornando.
 
— Filha, já podes ir preparar-te! — Mamãe avisou-me da cozinha, liberando dos afazeres que ainda estavam por concretizar.
 
    Sabendo disso, tratei de ser rápida. Já tinha em mente a roupa que iria vestir, então só precisava tomar um banho e pentear-me. Não fazia muito frio, por isso, escolhi um vestido amarelo longo e prendi o meu cabelo, deixando algumas mechas da frente soltas. Fiquei mais uma vez em frente ao espelho para checar minha aparência e, satisfeita, corri para a cozinha para terminarmos os preparativos.
   
— Filha, podes abrir as janelas? Está quente cá dentro.
 
    Respondendo ao pedido da Isabela, caminhei até a janela da sala e estava prestes a abrir, quando ouvimos o bater da porta. A mamãe disponibilizou-se para atender nossos convidados, então, não me incomodei. Abrindo finalmente a janela, senti toda a ansiedade que havia lutado contra durante a noite voltando, quando vi o dono daqueles olhos verdes, ainda do lado de fora, bem em frente a janela que fora abrir. Recebeu-me com um sorriso e não pude evitar sorrir de volta.
 
— Boa noite, Olívia.

Prontos para o próximo capítulo?! HeheheBeijos e abraços quentinhos (。>‿<。)

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