Capítulo 15

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    Crianças geralmente têm medo de algo

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    Crianças geralmente têm medo de algo. Não conheço nenhuma que não carregue esse sentimento. Não só criança, mas também adultos. Alguns são pavores comuns, como o de escuro, que as faz perder o sono e agarrar com força os ursos de pelúcia ou correr para o quarto dos pais à procura de refúgio e socorro. Ou medo de tempestades, que faziam nascer em nos pânico e susto. Era um alívio e tanto quando se via, no horizonte, o nascer do sol, deixando claro que sua luz afastava toda a escuridão e dissipa toda a tempestade.

    O clima estava mais frio daquela manhã. Não se via o azul do céu, apenas nuvens cheias de água que não demoraram para transbordá-la, ensopando a terra seca. Que nostalgia. Aquele cenário fez-me recordar do dia que Deus arrancou de mim o meu maior medo. Não foi num dia de sol, mas num dia de chuva.
 

  Sol e praia. Perfeito, não é? Eu gostava de sentir a brisa fresca e receber a vitamina D do sol. Adorava mergulhar os meus pés na areia quente, mas não mergulhava no mar. Sentia medo daquelas ondas e das correntes das águas. E quem sabe eu até tinha medo dos seres que tinham o oceano como habitat. Sempre permanecia a uma certa distância da imensidão das águas.

    Era um domingo ensolarado e, sendo minha mãe uma amante de praias, íamos sempre que podíamos àquele lugar formado por incontáveis grãos de areia e água salgada. Eu tinha sete anos e, assim que os meus pés entravam em contacto com areia, eu ali conservar-me. A mamãe não perdia tempo. Mal chegara, já se encontrava nadando, sorrindo e convidando-me para fazer parte do banho. É logico que eu recusava, até que, um momento, enquanto ela descansava de tanto nadar, suas palavras, ou melhor a palavra Dele, encheu-me de coragem.

— Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem apavorados por causa delas, pois o Senhor, o seu Deus, vai com vocês; nunca os deixara, nunca os abandonará. 

    O céu tornou-se cinza e pequenas gotas de água caiam dele em direção ao solo. A cara de deceção da mamãe não era de se esquecer. As poucas pessoas que estavam na praia, arrumavam as suas coisas, com o sentimento de ter o dia arruinado pela chuva que chegou sem aviso. A minha mãe, porém, me observava, aguardando que aquele fosse o esperado dia em que eu estaria livre daquele medo. Aquelas palavras encorajaram-me. E lá estava eu, impulsionada pela fé no Pai, caminhando em direção as águas, que pareciam calmas. A água fria tocou os meus pés e recuei, sentindo que não estava totalmente desprendida daquele medo, mas minha mãe estava ali para me ajudar e motivar. Tentei de novo e mais uma vez, e cada momento eu ia me acostumando com aquilo.

     Passamos ali a tarde e aquele dia perdurou na minha memoria. O dia em que Deus arrancou do meu coração uma inquietação e me fez disfrutar de um banho da alma, como a mamãe descreve a sensação de estar na água salgada.

    Os meninos na escola estavam agitados. Muitos agitados. Talvez isso se devesse ao fato de que o Halloween estava chegando. Como habitual, todos os alunos iriam disfarçados e, para terminar o dia, teria um baile. A associação de estudantes – que é responsável pelos preparativos – se esforçava para que tudo saísse como planejado. Recordando das fotografias que a Allison me enviava todos os anos, a escola ficava bem decorada e todos se divertiam.

    Entrei na sala acompanhada pela Allison, que não parava de mencionar seus planos para o tão esperado 31 de outubro. Mas, ela não era a única. Os nossos colegas de turma também demonstravam entusiamo e ansiedade nos seus semblantes.

    O Gabriel, certamente, detestaria estar naquele ambiente eufórico. Estaria andando pelo corredor com aquela cara de quem não teve a primeira refeição do dia, murmurado e reclamando da exaltação dos alunos. E, para ignorá-los e desligar-se do mundo, colocaria o fone e iria para a aula.

    De acordo com o médico, Gabriel estava com anemia. Isso era percebível pelo seu estado.
Eu passara o dia inteiro, ansiando o termino das aulas para poder visitá-lo no hospital para onde fora encaminhado. E assim aconteceu. Eu estava preocupada, caso algo acontecesse com ele. Estava com medo, mas sabia que Deus estava cuidando dele, por isso, tratei de afastar aqueles sentimentos. Questionava a mim mesma, se o Gabriel teria algo que lhe desse medo, excluindo a cara medonha dele, claro. Queria perguntar-lhe, mas, não pude falar com ele, porque ainda estava inconsciente, mas tive a oportunidade de conhecer a mãe dele, que, por sinal era uma mulher surpreendente.

     Algo que também trouxe tristeza ao meu coração foi saber que ele estava fumando. O médico mencionou que seus pulmões denunciavam isso. Havia poucos danos, mas ele precisava de cuidado e tratamento. A mãe dele também comentou que haviam encontrado cigarros no quarto dele e o cheiro dos químicos que o compunham estava impregnada nas paredes daquele cómodo. E, deixando-se levar pela conversa, citou sobre uma menina que, na opinião dela, era o fator principal do estado do Gabriel. Ela arrependeu-se de ter tocado naquele assunto e não falou mais.

O que terá acontecido entre o Gabriel e essa menina? 
   
— Olívia! — Gritou Allison, fazendo-me desconectar do meu mundo de questões. — Aonde anda essa tua mente?

— Desculpa. O que disseste?

— Como está o Gabriel? — O seu olhar carregava alguma preocupação, mesmo não conhecendo bem o rapaz. Bem, nem eu conheço.

— Não consegui falar com ele, mas o médico disse que o seu quadro não era grave, então em breve ele terá alta.

— Ah, que bom!

    A aula terminou mais cedo e aquele seria o dia em que entregaria o resumo ao Felipe, mas não vi. Fiquei dececionada, pois eu tinha preparado e ensaiado inúmeras vezes um discurso para aquele dia e ele não teve utilidade.

    Estava no caminho de casa, quando me recordei que queria visitar o Gabriel. Sentia que precisava levar uma palavra de conforto a alguém, levando em conta as minhas memórias sobre o que era o meu medo. Orei sobre isso durante o percurso e, assim que entrei em casa, recebi uma chamada da Allison, que, pelo tom de sua voz, parecia preocupada.

—  Olívia, eu preciso falar com você.

Olaa! O primeiro capítulo do anoo! Ebaa! Kkkkk meio demorado, mas saiu

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Olaa! O primeiro capítulo do anoo! Ebaa! Kkkkk meio demorado, mas saiu. Capítulo enorme.

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Beijos e abraços quentinhos.

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