Capítulo 12

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    Seres que são consumidos pela escuridão têm a esperança de encontrar a luz

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    Seres que são consumidos pela escuridão têm a esperança de encontrar a luz. Bem, pelo menos, aquela era a minha esperança. A semana começara e estava prestes a terminar e aquela que, supostamente era minha luz, não me dera paz. Ela aparecia em minha casa todos os dias e íamos juntos para a escola. Não que eu quisesse isso. Simplesmente não podia evitar.
    Ela continuava insuportável, mas de certa forma, ela me confortava. Talvez porque estava com ela a dor passava, mas, quando ficava sozinho, a dor que assolava o meu peito esses dias voltava. E a doía porque eu sentia falta dela

— Gabe, — E agora ela me chamava assim. — eu ainda não entendi essa parte da matéria.

    Como a Barbie se mudara no meio do trimestre, ela precisava das matérias. E adivinha quem se ofereceu para a ajudar: eu não! Minha mãe foi quem, indiretamente, me obrigou a fazer isso.
    Peguei o caderno e analisei o que eu havia escrito. Expliquei, de novo, a matéria, esperançoso que aquela fosse a última vez e ficaria só. Depois de resolver uma pilha de exercícios ela parecia esclarecida.

— Entendi agora! — Ela bateu palmas e parecia uma criança.

— Ótimo, agora podes ir.

    Ela fez bico e bateu na mesa, demostrando seu descontentamento.

— Isso é forma de tratar sua hóspede? — A Barbie cruzou os braços. — Mas, eu entendo que você queira ficar sozinho. É bem sua cara isso.

    Esperava qualquer outra coisa; qualquer outra reação, como não vou embora! Mas, se bem que, essa resposta me favoreceu. Caso fosse a Olívia, ela provavelmente, diria que não iria embora e ficaria me importunando. Ela terminou de arrumar seus materiais e agradeceu por eu a ter ajudado.

— Hey, me dê seu número. — Ela estava a poucos passos de distancia da porta, prestes a sair, mas ela não o fez. Droga.

— Pra quê?

— Se algum dia você queira estar sozinho, você me avisa. — A Barbie sorriu como se tivesse a ideia mais magnífica de sempre.

— Se esse for o caso, você não voltaria mais aqui.

     Ela bateu no meu braço e esticou o celular para que eu marcasse o numero.

— Se eu fizer isso, você irá embora? — Ela assentiu balançando freneticamente a cabeça.

    Tomei o aparelho e, no meio de suspiros e revirar de olhos, marquei o numero. Não estava nem um pouco afim de fazer aquilo, mas era necessário para que tivesse um pouco de paz. Não deixei de reparar que no registro de chamadas, havia muitas de um tal de Matthew.

—Nem precisava ter marcado o meu numero. Esse Matthew parece ser… — Ela arrebatou o celular da minha mão. — interessante. Quem é?

— Um amigo. — Ela enfiou o celular no bolso na calça.

— Ah, sei.

— Não enche, Gabriel. — Deu meia volta e, a passos largos, saiu, finalmente, da minha residência.

   Com ela fora, eu poderia ter um pouco de paz, ou pelo menos, achava que sim.
    Verifiquei as horas e, antes de ir para o meu quarto, arrumei a mesa onde havia estudado com a Barbie — isso não era apenas uma alcunha, eu tinha esquecido o nome dela de novo.

    Cheguei no primeiro andar e entrei no meu quarto, cujo o cheiro de fumaça estava impregnando nas quatro paredes do cómodo. Tinha fumado dois cigarros antes da Barbie chegar. Aquilo havia se tornado um vício do qual eu me distanciava cada dia mais da solução. Como os meus pais ainda não descobriram? Bem, depois de retomar com aquele velho hábito, o meu quarto tornou-se um baú trancado a sete chaves que continha um segredo que não podia ser revelado. Peguei a caixa onde os cigarros estavam, com a intenção de fumar mais um.

Quem sabe assim eu morro mais rápido.

     Os cigarros estavam espalhados na caixa e, estando à procura de um, encontrei outra coisa, algo que há uns dez anos não via. Sem que percebesse, lagrimas saiam de meus olhos e meu coração despedaçado, desfez-se em mais outros pedaços. Era um bracelete azul, com bolas brancas e com o nome Sky. Coloquei-o de novo na caixa e senti uma raiva misturado com tristeza latejando dentro de mim. Arremessei a caixa contra a parede e saí do quarto.
Caminhei até o banheiro e sentei-me na banheira. De novo isso. Que droga! Deixei que a água gelada molhasse o meu corpo e minhas roupas. Meu corpo tremia de frio e queimava de ódio.  

Deus é bom com todos os Seus filhos e sabe o que faz. — As palavras que minha mãe proferira quando era um garoto, ecoavam na minha mente.

    Se Deus fosse tão bom assim, eu não estaria neste estado, estaria? E o resto do mundo? Tudo caminha para a desordem e onde está o Deus bondoso? Ele fecha os olhos e vira o rosto contra a própria criação que, dia apos dia se autodestrói.

Que Deus!

     Achei por bem parar de desperdiçar água e levantei-me da banheira. Parei em frente do espelho e, bem, eu parecia uma aberração. Os meus lábios estavam mais escuros e os meus olhos com olheiras profundas. Resultado de fumar muito e dormir pouco. Estava muito magro. Poderiam chamar-me de esqueleto-zumbi e isso não seria exagero. Cansado de analisar aquele ser desprezível refletido no espelho, voltei para o quarto. Troquei as roupas molhadas por outras secas tranquei a porta do quarto. O meu plano era dormir, somente isso, mas, já tinha plena consciência de que seria um insucesso.

    Acordei pior do que antes. Minha cabeça parecia prestes a explodir de dor e estava constipado. Às vezes eu parecia um ser irracional, que não pensava nas consequências dos seus atos. Eu iria para a escola, mesmo naquela condição deplorável em que me encontrava. Minha mãe ainda dormia e deduzi que ela chegara tarde para casa no dia anterior. Meu pai já tinha saído para o trabalho.
    Meus olhos doíam e sentia que a qualquer momento eu iria desmoronar. O que eu estava fazendo da minha vida? Não fazia a mínima ideia. Estando perto da escola, tudo piorou. Minha cabeça doía mais ainda e a minha visão ficou embaçada. A minha respiração estava ofegante e estava suando.

Gabriel? Você esta bem? — Não consegui identificar quem tinha chegado.

Tudo ficou escuro. O meu corpo enfraqueceu e eu cai, mas algo ou alguém impediu que eu me encontrasse com o chão.

Oh não, deixei o baú aberto…

Oh não, deixei o baú aberto…

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Eita! E esse capítulo hein?

Dessa vez não demorei tanto kkk...
Vou fazer o possível para postar todos os domingos. Caso não consiga alguma semana, irei avisar previamente.

Amo vocês! ( ◜‿◝ )♡

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