Capítulo 32

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— Ela está atrasada! — Você é tão impaciente

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Ela está atrasada!
 
— Você é tão impaciente. Ela deve estar a chegar.
 
— Isso! Vamos brincar enquanto esperamos! Eu brinco a qualquer coisa!
 
— Não tenho vontade de brincar agora. Desculpa
 
— Nem eu.
 
— Vou brincar sozinha então. Se a Sky estivesse aqui todos iam brincar.
 
— Não é isso, kaylie. Só estou cansada agora.
 
— Quando a Sky não está parece que somos estranhos.

    Fragmentos de memórias de um passado que eu queria esquecer vieram em minha mente quando vi aquela menina ruiva

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    Fragmentos de memórias de um passado que eu queria esquecer vieram em minha mente quando vi aquela menina ruiva. Ela não tinha mudado muito. Antes ela era mais alta do que eu, mas parece que sua altura chegou a seu limite. As suas sardas recordavam-me do quanto a Sky adorava-as e estava sempre elogiando a amiga por suas peculiaridades. E também por sua personalidade.
    Kaylie parecia mais um rapaz do que uma menina. Gostava de lutar e nos deixava preocupados quando tentava fazer alguns dos seus muitos truques que a podiam levar para o hospital – ainda bem que nunca houve necessidade. Não podia negar que muitas vezes senti pavor daquela criança, mas apesar disso, eu admirava-a, de certa forma. Ela tentava animar-nos e fortalecer os laços entre todos e, mesmo falhando todas as vezes, ela não desistia. Mas ela sabia que o elo que nos conectava era a Sky, e quando ela já não estava entre nós, aquele pequeno laço foi cortado. Às vezes pensava que mentimos para ela e a fizemos acreditar que erámos o grupo de amigos mais feliz do planeta, quando na verdade, não éramos.
 
    Desde aquele incidente eu não vi nenhum daqueles meus amigos de infância e não esperava vê-los, afinal eu sempre carreguei a culpa do que aconteceu, e não queria mais outras pessoas me acusando.
 
    Ela parecia confusa, como se não reconhecia a pessoa que estava à sua frente.
 
Tu és…? Estava prestes a falar, mas ela impediu-me. Espera! Não digas. Observou-me por mais alguns segundos, deixando-me desconfortável.
 
Ah, desisto. Vou-me embora.
 
Desculpe! És muito familiar, mas não consigo me lembrar do nome. Ah? Tu és o- Dei meia volta e comecei a caminhar Espera!
 
    Sinceramente não queria continuar a olhar para ela e lembrar-me do que tinha acontecido. Ela devia ser aquela que mais me odiava pela morte da Sky. Elas já se tinham conhecido há muito tempo, então era claro que o laço das duas era mais forte do que com os outros. Lembrei-me vagamente de um dos nossos diálogos em que ela confessou que amava muito a amiga e que a protegeria para sempre.
 
— E quando ela se casar?
 
— O marido dela terá de me aturar!
 
     Não pude evitar o sorriso quando tive essa lembrança. Ela deve sentir tanta falta dela. E eu era o culpado por elas não estarem juntas.
 
— Adeus. — Ainda de costas para ela, continuem caminhando.
 
— Eu disse para esperares! — Ela correu e ficou à minha frente, e observou-me por alguns segundos. — Pooh!
 
    Escondi meu rosto pois tinha a certeza que a meu rosto tinha ficado completamente vermelho. Não me digas que ela não se lembra do meu nome se quer. Ela soltou uma risada mediante aquela situação vergonhosa para mim apenas.
 
— Ficaste envergonhado, Gabriel? — Ah, então não se esqueceu. — Não nos víamos há uns dez anos, certo?
 
     Era terrivelmente desconfortável ver ela sorrindo como se tudo estivesse bem. Eu esperava que ela ficasse irritada por me ver e dissesse coisas horríveis para mim, mas não o fez.
 
— Ah, estava com saudades! Também não vejo os outros desde então. Podemos fazer um encontro! Acho que vai ser fácil encontrar os outros e será muito divertido, com-
 
— O quê? Estás louca? — Naquele momento eu senti uma tremenda frustração ao ouvi-la falar coisas tão estúpidas como estar com saudades e um encontro com os outros. — Não precisas fingir que não queres me bater! Afinal, tu sempre gostaste disso e deves estar com muita raiva de mim.
 
— Por que pensas isso, Gabriel?
 
— Porque eu sou o culpado! — Eu estava gritando e não conseguia controlar as minhas emoções. — Eu é que devia estar morto! Tudo por causa daquela discussão idiota.
 
     Eu estava chorando. Estava frustrado e com raiva de mim mesmo. Ela aproximou-se e envolveu-me num abraço.
 
— O que você -
 
— Se existe um culpado nessa história, eu também sou uma. Não pude cumprir com a minha promessa de protegê-la. — Sua voz estava trémula, e percebi que ela estava chorando também. — Eu também passei muito tempo pensando que eu era a culpada, mas sabes, — Ela afastou e olhou-me.  — acho que a Sky iria odiar que passássemos a vida nos culpando pela morte dela. Só assim, consegui seguir em frente. Não quer dizer que a esqueci, claro que não. Todos os dias lembro-me do seu sorriso e de tudo o que fizemos juntas. Também precisas fazer isso, Gabriel.
 
     Eu nunca tinha parado para pensar que ela carregava a mesma dor que eu. E quem sabe os outros. Todos amávamos muito ela.
    Não tinha a certeza de como agiria daquele momento em diante para seguir em frente, mas eu não podia negar: ela tinha razão. A Sky preocupava com todos e fazia sempre o possível para nos fazer sorrir. Decerto que ficaria triste se ela visse o meu estado.
 
— Está bem, — Limpei as lágrimas. — Fall. — Seu rosto ficou vermelho e soltei uma risada. — Eu precisava de me vingar de ti!
 
— Parece que te soltaste um pouco. — Disse enquanto sentava-se na areia e convidava-me a fazer o mesmo. — Eras tão tímido. Isso é bom.
 
— E tu acalmaste o teu lado raivoso e bruto. — Ela bateu-me e fingi que doeu. — Ai! Ofendida?
 
Hmph! Claro que não. Eu tinha orgulho desse lado. Afinal, tu e o Rayan eram fracotes. — O meu semblante fechou-se um pouco ao ouvir aquele nome, e ela percebeu. — Ops. Desculpa.
 
— Não faz mal.
 
    Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que ela disse que teria de voltar. Pelo que ela disse, ela estava a acompanhar a avó naquele final de semana, e voltaria para casa no domingo. Só então me lembrei que depois do ocorrido, as nossas famílias mudaram-se, para diferentes lugares, e por isso, não nos víamos há tanto tempo.
    Ela insistiu que trocássemos os contatos e assim foi.
 
— Amanhã vais ter de me aturar! — Disse depois de eu ter registrado meu número no celular dela.
 
— Modo avião: ligado. — Disse e ela fez cara de magoada.
 
— Não faças isso! — Eu ri da sua atitude e depois ela abraçou-me. — Foi bom ver-te, Pooh.
 
— Eu também gostei de te ver, Fall. Obrigado.
 
    Despedimo-nos e observei-a afastando, quando me lembrei que era ela quem estava na frente do palco mais cedo e que tinha esquecido de mencionar sobre isso.
 
— Bem, assunto para outro dia. Ou nunca.
 
    Voltei para onde estavam concentradas muitas pessoas para procurar a minha mãe e pudéssemos ir embora. Estava cansado e queria acordar no dia seguinte com forças para estudar. Movi-me entre as pessoas, tentando encontrar aquela mulher. E de fato a encontrei, conversando com mais duas outras pessoas. Ela viu-me também, e acenou para mim, fazendo com que as duas pessoas voltassem para ver quem era a pessoa. Nesse momento acho que perdi o equilíbrio.
 
— Gabriel! — Disse a Olívia, correndo em minha direção. Recuei e ela pareceu ter se esquecido que precisava ser menos intrusiva. — Desculpa. Eu não queria-
 
— Está tudo bem. — Suspirei e pude ver um pequeno sorriso formar-se em seus lábios e, por algum motivo, aqueceu o meu interior.
 
     A minha relação com a Olívia estava melhorando e não me incomodava. Muito pelo contrário. Eu sentia calma e felicidade. Eu percebi que estava mudando a forma como a via, e não posso dizer que não gostava de estar com ela, às vezes. E, bem, o seu sorriso, o seu jeito, tudo nela era muito parecido com a Sky, e aquilo confortava-me.
 
— Gabe, essa é minha amiga, a Isabel. E parece que já conheces a filha dela. — Cumprimentei a mulher que se parecia muito com a Olívia. Ela era tão simpática e serena. — Nós vamos jantar na casa delas amanhã! — Mamãe disse empolgada.
 
— Jantar…? — Olhei para a Olívia, e ela olhava para o lado, com o rosto levemente vermelho, e acreditava que o meu também.
 
— Meninos? Estão bem? — Disse a senhora Isabel, aparentemente preocupada.
 
Hmm… O amor está no ar. — Ela riu acompanhada pela mãe da Olívia.
 
— M-mãe! — Ela continuou rindo e tive a certeza que não podia ficar mais envergonhado. Quantas vezes passei por está situação esta noite?
 
     A Paula conseguiu deixar o ambiente ainda mais constrangedor. Não havia lugar aonde eu podia esconder o meu rosto, por isso saí dali indignado, e a Olívia veio atrás.
    Estando afastado suficiente, parei de caminhar e senti algo bater em minhas costas.
 
— Desculpe. Não vi que tinhas parado.
 
— Vê por onde andas. — Disse depois de suspirar. — Por que vieste? — Ela encolheu os ombros.
 
     Observava-a, sem que ela soubesse, pois olhava para o nada, tentando evitar contato visual comigo. Ela tinha uma voz incrível, mas não posso negar que gostava quando ela não estava a falar freneticamente. Era um silêncio confortável.
    Foi então que ela pôs seu olhar em mim e surpreendeu-se por reparar que fazia o mesmo. Por que nunca percebi que seus olhos eram tão chamativos e lindos? Mesmo estando noite, eu podia vê-los bem com a pouca iluminação que havia por lá. Parecíamos dois idiotas olhando um para o outro.
 
— Não queres ir? — Questionou, quebrando o nosso contato visual. Ela percebeu que fiquei confuso. — Ao jantar.
 
— Não queres que eu vá? — Ela suspirou.
 
— Não me respondas com uma pergunta. — Ela sorriu levemente em seguida e eu fiz o mesmo. — Claro que eu quero.
 
    A ideia do jantar não me incomodou. Na verdade, eu gostei e lembrei-me das palavras da Kaylie, e aquilo parecia como seguir em frente, ser uma nova pessoa.
 
— Então, estarei lá.

 — Então, estarei lá

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Opá! Cheguei hahaha.

Olha esses dois aí heheheh 🥺
Obrigada a todos que andam comentando e votando. Ultimamente tenho passado por maus bocados e não estava com muita vontade de escrever, mas quando via os comentários de vcs ficava tão feliz e animada! Vocês são maravilhosos! ❤❤

Beijos e abraços quentinhos!(。>‿<。

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