Depois do encontro desagradável com a Maya, deparei-me com uma família. A mãe falava com a filha, aparentemente dando-lhe alguma orientação, e o pai brincava com a outra, que parecia ser mais nova e corria de um lado para o outro, fugindo do pai que a perseguia, para colocá-la no carro. Os dois riam muito.
Permaneci ali por alguns segundos, contemplando aquela cena. Senti-me emocionada. Nunca sentira o prazer de fazer parte de uma família completa, com meu pai e minha mãe. Mesmo sendo grata pela família que tinha, aquele desejo permanecia em meu coração. Queria conhecer o meu pai, falar com ele, fazê-lo inúmeras perguntas e outras muitas coisas. Não guardava rancor dele por ter abandonado a mamãe, mas queria saber por quê. Será que ele não gostava de mim? Não queria me ter? Se eu não tivesse sido concebida será que eles ainda vivam juntos e felizes?
Queria respostas e poderia perguntar para a mamãe, mas creio que aquele assunto não era dos melhores para tratar com a dona Isa. A minha avó podia também ajudar-me, mas, assim como para mamãe, aquele assunto era doloroso demais, afinal ela tinha apenas o avô e o meu pai. Agora ficou sozinha. Queríamos até morar com ela, mas ficava longe do trabalho da mamãe e da escola. Então tentávamos ir visitá-la sempre que podíamos.
Saudades daquele sorriso.
Os dias antes do Halloween estavam cheios de travessuras, começando pela minha amiga cacheada que decidiu que iria abandonar seu sonho e seguir o caminho de seus pais.
— Ally, a tua mente não deve estar a funcionar bem! — Disse segurando em seus ombros.
— Olívia, pare com isso. Já decidi. Será melhor assim. Éinjusto eu seguir esse sonho. Tudo ficará bem.
— Mesmo? Estás feliz com isso?
Ela confirmou com a cabeça, apesar de estar claro em seu olhar que ela não queria prosseguir com o seu plano.
Na noite passada fui visitá-la para passarmos um tempo juntas. A casa era simples, mas colossal. A decoração era linda, com um ar natural, tendo variedades de plantas que decoravam o lugar. Seus pais eram extremamente simpáticos e senti-me em casa. Subimos para o quarto da Allison que era igualmente grande, mas também confortável. Ela estava deitada e eu contemplava o céu com seu telescópio. Compreendi por qual razão ela era fascinada pelos astros. Eram incrivelmente lindos visto através de um instrumento adequado. A lua deixou o céu mais lindo ainda com o brilho que refletia.
— Quanta beleza! — Afastei-me do pequeno observatório e sentei-me ao lado dela.
— É mesmo. — Ela ficou em silencio, deixando o clima um pouco tenso.
Não conversamos sobre o futuro dela desde daquele dia junto do rio. Preferi não tocar no assunto, pois sabia que era algo que a incomodaria. Afinal, não era aquilo que ela desejava.
Os pais dela só queriam o melhor para a empresa. Creio que se esforçaram muito para que a companhia se tornasse renomada e reconhecida internacionalmente, e não gostariam que qualquer pessoa ficasse responsável por ela.
— Com licença, meninas. — A senhora Harris entrou no quarto da filha com alguns cookies caseiros. — Trouxe algo para comerem. — Seu sorriso era lindo e seu semblante sereno, a Allison era idêntica a ela.
— Obrigada! — Afirmamos em uníssono e pegamos o prato com os cookies que pareciam estar muito bons. E estavam!
— Nossa, senhora Harris! Estão deliciosos. A senhora alguma vez pensou em ser uma chef? — Questionei, enfiando na boca um pedaço do cookie.
Pelo seu olhr a resposta era sim. Ela parecia recordar-se do passado e aquilo deixou-a feliz. Allison observava-a atentamente, aguardndo alguma resposta, deixando transparecer que desconhecia se sua mãe tinha um sonho como aquele.
— Quando conheci o meu marido, tínhamos dessaseis anos. Ele chamava a atenção das meninas, mesmo sem querer. — Ela deixou escapar um riso e continuou. — A nossa amizade cresceu muito que, depois de um ano começamos a namorar. O pai dele foi quem criou a empresa Yourself juntamente com a esposa. Eu sabia disso antes mesmo de começar a relacionar-me com o James, mas ele não queria ficar responsável pela empresa. Ele queria ser um técnico em informática de comer a minha comida.
Ela riu de novo e parecia estar a divertir-se com aquelas lembranças. A Allison estava muito surpresa e não esboçava sorriso algum.
— Então decidi que seria uma chef e que abriria um restaurante. Com vinte anos casamo-nos. Foi lindo, muito lindo. Seguidamente, o pai dele ofereceu-nos a empresa. Aquilo era de se esperar. Ele já não podia gerenciar tudo aquilo. Tivemos que pensar muito, e no final decidimos ficar com a empresa. Como esposa do James, não o deixaria carregar aquele fardo sozinho. Foi ali que os nossos sonhos deixaram de existir.
— Mas, não nos arrependemos de nada. — O pai da Ally entrou no quarto e deu as mãos a esposa. — Tivemos uma vida feliz e uma filha linda.
A senhora Harris assentiu e abraçou a filha.
— Por quê? Por que vocês desistiram dos vossos sonhos?
— Querida, nós precisávamos dar-te uma vida confortável. Custou nossos planos e é por isso que eu e a tua mãe decidimos que você não precisa ficar na empresa se não quiser. — Seu pai acariciou seus cachos e abraçou-a. — Eu sei que tens outros sonhos, não é, estrelinha?
Lágrimas que não puderam ser seguradas, caíram de seus olhos. Recebeu conforto dos pais e eu estava no canto assistindo. Aquela cena comoveu a mim também e, mesmo não fazendo parte da família, fui convidada para aquele abraço de grupo. Fiquei feliz pela Allison e ela também. Mas, mesmo assim, ela resolveu ser responsável pela empresa e, assim como os pais, ter o sonho levado pelas circunstâncias. Entendia seus motivos e queria convencê-la a aceitar aquela chance, mas não quis insistir mais.
Na escola, a nova e amada professora avisou-nos sobre as atividades que nos ajudariam a melhorar as notas. Era um trabalho em grupo e não podia negar que estava animada. Poderia usar os meus dons nessa atividade e partilhar sobre Jesus. Já tinha um monte de espectativas e minha mente já projetava possíveis temas. Claro que teria de discuti-las com meus colegas de grupo.
Avistei o Gabriel de longe que, surpreendentemente, decidiu participar da atividade. Queria falar com ele.
E quando eu não queria?
Fitei o azul que pintava o palito e comecei a juntar os membros do meu grupo, como a galinha ajunta seus filhinhos. Dois deles eram irmãos, o Nate e a Nathalie. Eles eram muito simpáticos e estavam igualmente animados. Estava feliz por tê-las no meu grupo e queria conhecê-los mais ainda. Voltei a procurar e a última pessoa era a que eu havia confundido com um vulto na biblioteca.
— Parece que estamos no mesmo grupo. — Ele voltou-se e, claramente, não gostou da novidade.Um pouco cliché, mas nem tanto, né? 🤭
O que será desse trabalho?
Beijos e abraços quentinhos!♡´・ᴗ・'♡
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Meu Oceano
Spiritual: 𓏲🐋 ๋࣭ ࣪ ˖✩࿐࿔ 🌊 "Os dias são sempre tristes" - Gabriel Wall Gabriel acreditava que com o seu jeito melancólico e frio, as pessoas afastariam dele facilmente, sem que ele precise se esforçar muito. Porém, isso foi diferente com Olívia, uma me...