Capítulo 30

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    As provas começariam na próxima semana

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    As provas começariam na próxima semana. Estava orgulhoso de mim mesmo por estar preocupado com a escola e com o meu desempenho. Havia estudado muito durante a semana e até perdi umas horas de sono. Por isso, resolvi aproveitar para descansar na sexta, dado que seria a última antes das provas. Bem, eu não tinha planos, mas alguém chegou para mudar isso.

— Gabriel. — Minha mãe bateu à porta e, logo depois, abriu-a. — Então, vais comigo ao concerto dos meninos?

    Eu tinha esquecido completamente disso. Talvez porque não tinha interesse algum em sair naquela sexta. Fiz uma cara feia, significando que eu não queria ir, mas ela respondeu com a cara do gato das botas.

—Ah, mãe! A senhora tem mesmo de ir?

— Sim! Eles vieram cá em casa convidar-nos. Por favor, Gabriel. Não vais te arrepender.

— Como é que sabes disso?

— Instinto de mãe. — Piscou o olho e deixou o cómodo com um sorriso vitorioso, como se tivesse a certeza que eu iria.

    Entre suspiros, pensava se estava disposto a abandonar algumas horas fazendo absolutamente nada, ou se iria com a minha mãe. Não queria mentir dizendo que precisava estudar, porque, bem, eu não iria, e não queria que ela fosse sozinha. Parecia que estava um demónio num ombro, e um anjo no outro, tentando convencer-me do que seria melhor.

    No fim das contas, ela havia vencido mesmo.

— Já estás pronta? — Disse, batendo à porta do seu quarto e ela abriu logo a seguir.

— Sim! — Ela beijou meu rosto e saiu do quarto. E, antes que pudesse fechar a porta, vi um quadro, dela e do meu pai, quando se casaram.

    Aposto que quando ela disse o “sim" no altar, nunca imaginava que, atualmente, ele seria tão ausente. Claro que, como ele mesmo frequentemente salientava, era para manter a casa, para o nosso bem-estar, mas a família não deveria ser o mais importante?
    Ainda me lembro de quando era mais novo, e brincávamos juntos. Eram momentos dos quais eu não queria esquecer, mas doía tanto pensar que, muito provavelmente, não voltarei a vivê-los. Desde que foi promovido, ele só pensava em ganhar méritos, dinheiro e atingir mais metas. Muitas coisas mudaram, e não poderia negar que a nossa condição de vida melhorou, mas em troca disso, nosso relacionamento como família, nossos laços, tudo isso desapareceu.

    Quando era criança, eu não entendia porque o pai estava sempre saindo e passava noites e noites fora de casa. Mas, sempre ficava feliz quando ele voltava, mesmo ele nunca tendo tempo para brincar como antes. Muitas outras coisas aconteceram e eu afastei-me, não somente dele, mas de todos.

    Quando chegamos no lugar, a movimentação não era muita, como esperava, mas vinham mais pessoas que passeavam por ali. Eram seis da tarde, uma sexta-feira de novembro, e estava frio. Ainda interrogava a mim mesmo, por que razão eu estava ali e não deitado em minha cama e completamente aquecido.

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