Capítulo 3

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    Às vezes, eu parecia uma autêntica stalker, quando o assunto era sobre o Gabriel

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    Às vezes, eu parecia uma autêntica stalker, quando o assunto era sobre o Gabriel. Apesar de nunca ter ouvido ninguém afirmar que eu era chata e muito perseguidora, eu achava isso, e, pelo menos, o Gabriel parecia pensar o mesmo a meu respeito.
    No entanto, eu só queria ajudar. Isso era chato? Eu não sei, mas não devia, caso fosse. Eu sei perfeitamente que o Gabriel foge de qualquer conversa, tanto comigo, como com outras pessoas da escola.

— Porquê você sempre procura conversar com aquele garoto? Até parece que você gosta dele. — Maya comentou, brincando com os cachos da Allison.

— O quê? Claro que não, Maya. — Cruzei os braços. — Que absurdo! Eu? Gostar do Gabriel?

— Bem, é o que parece.

    Soltei um longo suspiro e voltei o meu olhar para a Allison, aclamando por ajuda, silenciosamente. Mas Allison parecia tão distante, que se quer notou que eu precisava que ela mudasse o contexto daquela conversa.

— Eu só quero ajudá-lo. Isso é errado?

    Maya deixou os cachos da Allison de lado e caminhou em minha direção. Pousou suas mãos em meus ombros e fixou seu olhar em mim por alguns segundos antes de falar.

— Não, Olívia. Eu admiro essa sua vontade de ajudar os outros, mas, já pensou se o Gabriel quer ajuda?

— Eu tenho que concordar com a Maya, Olívia. — Allison, que outrora estava indiferente perante a situação, se pronunciou. — O Gabriel... bem, ele é meio frio e todos nós sabemos que ele tem um desgosto profundo por seres humanos. Sabe-se lá por que. Mas se ele quisesse mesmo ajuda, ele não pediria? Quer dizer, existem aqueles que preferem se mutilar e ficar em silêncio, mas não acredito que seja o caso do Gabriel. Ele parece fraco e forte ao mesmo tempo.

    Allison poucas vezes se manifestava quando tratávamos de algum assunto. Mas nas poucas vezes, ela fazia afirmações que nos deixavam boquiabertas. Eu admirava muito isso nela. Ela era o tipo de pessoa que apenas ouve as opiniões, analisa os fatos e depois apresenta a sua posição. Desviei o meu olhar para as imensas arvores que constituíam o lugar. A cor laranja nas demais sinalizava que o outono havia chegado. Mesmo sendo uma das minhas estações favoritas, o meu cérebro não tinha condições para admirar as maravilhosas mudanças daquela época do ano. Por outro lado, ele processava as informações recentemente recebidas. Se calhar, elas tinham razão.
    No dia anterior tentei conversar e aproveitei que fazia chuva para oferecer uma companhia. No entanto, como era de se esperar, Gabriel recusou. Nem deu tempo para insistir, porque ele saiu dali rapidamente.

— Ah não! Eu estou perseguindo ele. Imagina se ele pensar em me processar!

    É claro que aquele comentário resultou em muitas gargalhadas enquanto eu permanecia quieta, imaginando a possibilidade daquilo acontecer.

— Ele não vai te processar, Olívia. — Allison comentou, segurando o riso, tentativa essa que falhou.

— Você e a sua imaginação fértil. — Maya continuou rindo e balançava as pernas freneticamente. — É melhor irmos para a sala.

    A conversa tomou um outro rumo, mas, eu demorei um pouco para juntar-me a elas. Minha mente girava em torno de tudo o que ouvira naqueles últimos minutos. Sim, eu estava exagerando acerca de ser processada, mas existe uma possibilidade, não? No momento o melhor que eu poderia fazer era tentar me afastar. Naquele instante, pedi a Deus, silenciosamente, que me orientasse e que o Gabriel melhore, seja o que for que o está assombrando.

— Não é, Via?

— Como? — Graças a Maya, aqueles pensamentos afastaram, no entanto e não fazia ideia do que elas estavam conversando. — Desculpa, não estava com atenção.

— A Maya quer conversar com o Felipe. Ela acha que eles são o par perfeito. — Allison explicou.

— Todas as meninas desta escola querem ter a oportunidade de conversar com o Felipe. — Eu e Allison arqueamos as sobrancelhas, obrigando Maya a corrigir a frase anterior. — Uma boa parte delas.

— Bem, boa sorte com isso. — Entrei na sala e as meninas logo a seguir.

    Caminhei até o meu lugar, ainda trastornada com os últimos acontecimentos, e como se aqueles não bastassem. Felipe tornou-se o centro das atenções quando entrou na sala. Voltei para trás, e como era de se esperar, Maya, com um semblante apaixonado, não tirava os olhos do menino, assim como algumas outras garotas da turma. No entanto, ele parecia distante, como se procurava por alguém. Fixou seu olhar em meu ser e caminhou em minha direção.

— Você é a Olívia, não é?

E por que eu era essa pessoa?!

    Eu não gostava de ter vários olhares lançados sobre mim. Era muito angustiante. Mas naquele momento, aquilo era inevitável, isso porque, o ser mais adorado da escola estava conversando comigo.

— Sou eu sim.

— Ah, é que eu estou precisando de ajuda com a química e soube que consegues boas notas nessa disciplina.

— Estou a ver...

   Ele falou baixinho e percebi que ele não queria que os demais alunos descobrissem que o senhor beleza em excesso tinha problemas com algumas disciplinas. Voltei-me para a Allison e ela deu os ombros. Já a Maya permanecia boquiaberta perante toda aquela situação. Não seria certo recusar, eu sou do tipo que gosta muito de ajudar, até mesmo aqueles que não pedem por ajuda.

Acho que entendemos a referência.

— Não precisa responder agora. No final das aulas estarei na entrada a aguardar uma resposta. Adeus, Olívia.

 Adeus, Olívia

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