Capítulo 31

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        Via minhas lágrimas caindo no piso do corredor enquanto procurava a fala certa para iniciar uma conversa sem arruiná-la

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        Via minhas lágrimas caindo no piso do corredor enquanto procurava a fala certa para iniciar uma conversa sem arruiná-la. Não entendia a razão do meu choro, mas não o conseguia controlar. Segurava o braço da Maya que, provavelmente, aguardava que me justificasse por ter tido aquela atitude. Formulava todas as frases possíveis, mas não tinha coragem para externá-las.
    Algumas pessoas passavam por nós e, repentinamente, o arrependimento e a vergonha tomaram conta de mim. Desejei fugir dali e enfiar a minha cabeça num buraco. Ainda assim, não queria soltar o braço dela.
 
— Maya. — Extraindo o resto de coragem que tinha de sobra, olhei para ela e surpreendi-me ao ver suas lágrimas. — Maya…?
 
— Por quê? — Ela falava entre soluços. — Por que continuas a insistir? Não percebes que não sou uma boa companhia?
 
     Continuei olhando sua feição, e percebi o quão só ela estava. Ela sempre me evitava e ignorava-me, por isso nunca tinha prestado atenção nela e nos seus sentimentos. Aquilo que havia acontecido com o Felipe era passado e eu realmente não me importava com a forma como ela agiu e sabia que naquele momento ela não pensava do mesmo modo. Odiei vê-la daquele jeito. Queria aliviá-la daqueles pensamentos negativos e mostrar-lhe que eu não tinha a mesma ideia que ela.
    Soltei o braço e, percebendo que ela ia afastar-se, segurei sua mão novamente.
 
— E por que estás sempre a fugir de mim? — Comecei sem deixar de olhar em seus olhos. — Eu sinto tua falta, é por isso que continuo a insistir. Eu não te quero deixar ir. Ver-te assim, a chorar… — Fiz uma pausa, e ela desviou o olhar. — Isso despedaça-me, porque não estou perto o suficiente para te ajudar.
 
     Ela tentava esconder seu rosto para evitar que mais olhares curiosos fitassem-nos.
 
— Olívia, eu não- — Outras vozes fizeram-na calar-se.
 
— Pessoas tão dóceis e santas, não deviam conviver com pessoas tóxicas como a Maya. — Uma menina comentou, enquanto caminhava por nós, e as outras concordaram.
 
— Pois é.  Ela ficará sozinha para sempre.
 
    Acompanhei-as com o olhar à medida que elas se afastavam e riam. Por que elas falavam assim da Maya? Voltei o meu olhar para a menina à minha frente que já não chorava, mas transparecia raiva e frustração.
 
— Parece que és a única que não entende. Todos percebem que eu sou uma pessoa horrível, exceto tu. Eu não consigo pensar em mais ninguém que não seja eu mesma. Só quero saber dos meus desejos e da minha vontade, tu sabes disso. —Ela evitava olhar para mim, ou para os lados. — Tive um péssimo comportamento contigo, sem motivo algum. Fiz outras amizades, mas não duraram muito, porque sempre queria estar no centro e ter todos a trabalhar para que eu me sentisse bem e satisfeita. — Ela fez uma pausa. — Mas, eles afastaram-se e espalharam que sou uma pessoa horrível e egocêntrica. Eu odeio saber isso, mas, elas não mentiram.
 
— Mas- — Ela interrompeu-me.
 
— Foi aí que eu percebi — Olhou nos meus olhos, não sendo capaz de evitar ao choro. — que não podia ser tua amiga.
 
      Ela continuou a chorar, e naquele momento estávamos as duas naquele corredor. Apenas se ouviam os seus soluços. Da ultima vez que conversamos, eu fui incapaz de abraçá-la, mas aproximei-me e dela e envolvi-a nos meus  braços. Ela surpreendeu-se, mas sabia que precisava disso, por isso, não tentou sair dele, mas retribuiu. Acariciei os seus fios ondulados e seu choro intensificou.
 
— Todos nós temos defeitos, Maya. Todos nós pecamos, ninguém é perfeito. Imagine se Jesus tivesse desistido do mundo… — Ela parou de chorar e ouvia atentamente. — Estaríamos condenados. Mas ele não desistiu, mesmo conhecendo o nosso coração corrompido. Eu não quero desistir de você. — Desfiz o abraço para ter contato visual com ela. — Queres mudar, não queres? —  Ela hesitou, mas por fim assentiu. — Então, vamos melhorar a cada dia. Nós duas, sim? —  Ela sorriu e abraçou-me com força. Eu senti meu coração explodir de alegria.
 
— Eu sinto muito por ter afastado de ti. Mas, quero voltar a ser tua amiga. — Ficou em silêncio por uns segundos, e por fim sussurrou: — Obrigada, Lívia.
 
— De nada, Maya. — Olhei para o teto e sorri. — Obrigada, Pai.
 
    Fomos surpreendidas pelo sinal, e voltamos juntas para a aula.
    Eu não sabia explicar o quão feliz estava. Finalmente resolvemos o problema, e não parecia real. Não só para mim, mas para algumas outras pessoas que nos viram a entrar juntas na sala, sorrindo uma com a outra.
 
— Estou muito feliz por ver esses sorrisos, mas quero saber detalhes depois dessa aula. — Disse a Allison, mostrando estar igualmente feliz.
 
     Soltamos risadas baixas e olhamos uma para a outra por alguns segundos antes do professore iniciar a aula e arrebatar nossa atenção. Não podia negar que estava muito feliz, e o pequeno sorriso em meus lábios simplesmente não se desfaziam. Agradeci a Deus por ter permitido que a nossa amizade fosse restaurada.
     Havia muito que eu não sabia sobre ela, mas queria mudar aquilo, passar mais tempo com ela e recuperar o tempo perdido.
 
— Ah! Que bom saber que voltaram a falar. — Disse a Allison, depois de ouvir o que acontecera. — Bem, tenho de me desculpar contigo, Maya. — Ela olhou surpresa para a cacheada. — Sempre fui mais próxima da Olívia, então quando vocês se afastaram, eu também o fiz.
 
— Imagina, Allison! Naquele dia tentaste conversar comigo e fazer-me entender que não havia motivo para aquele meu ciúme, mas não te dei ouvidos. — Maya parecia envergonhada ao recordar-se do ocorrido.
 
— Isso é passado. Vamos aproveitar o hoje e fortalecer a nossa amizade cada vez mais! — Disse, não escondendo a minha alegria, e elas assentiram.  
 
     Continuamos a conversar, e convidei a Maya para o nosso grupo de estudos, mas ela hesitou ao saber que o Felipe também fazia parte daquele grupo. Eu a Ally tentamos convencê-la, mas ela não nos deu uma resposta concreta.

    Tinha dúvidas se os sentimentos da Maya pelo Felipe eram reais, ou uma paixão que não seria duradoura. Afinal, todas as meninas, que antes estavam encantadas pelo Felipe, naquele momento nem se quer se lembravam dele. Claramente, aquele não era o momento ideal para questioná-la sobre, mas procurei não me esquecer disso.
 
— Ah, Ally. — A cacheada voltou-se para mim. — Podemos fazer a próxima sessão de estudos em tua casa?
 
— Sim, claro. Vou avisar o Felipe mais tarde.
 
     Fiquei feliz por ela não questionar o porquê daquela mudança repentina. Não queria comentar sobre o caso do meu pai e sua suposta ligação com o Felipe. A minha mãe não parecia ter se recuperado, mesmo depois de tantos anos, e eu compreendia a razão. Por isso, não queria cutucar naquela ferida, levando o Felipe em casa.
     Apesar da mágoa que ela sentia, a Isabela parecia recuperar-se gradualmente, sendo frequentes nossas conversas sobre seu passado com o meu pai.
 
     Cheguei em casa, depois de um dia de aulas, e encontrei a minha mãe em casa. Ela conversava com alguém no telefone, por isso fui para o meu quarto trocar-me, antes de cumprimentá-la.

     Joguei-me na cama, sentindo uma dor imensa nas costas. Estava muito cansada, e a tendência era piorar. Já tinha a noção de que as coisas decorriam naquele sentido, afinal de contas, não era a minha primeira vez a experienciar aquele cenário. Mas, precisava ser forte e suportar todos os dias, até o final daquele trimestre.
 
     Suspirei profundamente, e peguei o meu telemóvel. Desejei enviar uma mensagem ao Gabriel, mas recordei-me que ele estava na biblioteca mais cedo e, provavelmente, estava se esforçando muito, então, resolvi não incomodar.
 
— Filha? — A Isabela observava-me da porta. — Pareces cansada.
 
— É… — Disse enquanto bocejava, fazendo a mamãe rir-se.
 
— Ah! Lembras-te do jantar que tinha marcado com uma amiga na quarta? — Confirmei. — Infelizmente ela cancelou. Talvez no sábado. — Fez uma cara triste, mas logo transformou-se. — Vamos no show dos meninos na sexta?
 
— Já havia me esquecido! — Sentei-me na cama. — Vamos sim! — Ela sorriu e saímos juntas do quarto, e eu fui comer, antes de começar a estudar.

 — Vamos sim! — Ela sorriu e saímos juntas do quarto, e eu fui comer, antes de começar a estudar

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As meninas voltaram a falar!! Quem está feliz?(。>‿<。)
Gostaram do capítulo? Deixem-me saber!

Beijos e abraços quentinhos. (⸝⸝ᵕᴗᵕ⸝⸝)

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