Capítulo 35

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     Desespero, culpa, medo, confusão

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     Desespero, culpa, medo, confusão. Suas mãos tremiam e ele estava ofegante. Olhava para aquele garoto que parecia tão perdido e assustado, chorando baixinho, o que era mais doloroso. Parecia que tinha tanto para falar, mas não tinha coragem. Queria gritar, mas não tinha forças para isso. O que eu via era uma criança, lutando contra as lágrimas que não deixavam de inundar seu rosto e procurando controlar-se para que não fosse pego. Coloquei meus joelhos no chão e abracei-o. Queria consolá-lo, queria que ele soubesse que estava ali para ele. Ele logo retribuiu e parecia necessitar de um abraço, um lugar onde ele pudesse se esconder.
    Por um impulso, afastei-me do rapaz, que me olhou confuso. Mesmo com boas intenções, aquele gesto não me pareceu certo.
 
— Ah... eu- — Calei-me quando notei que ele me ignorava.

    A mãe dele ainda contava sobre o passado de seu filho e eu estava curiosa para saber mais. Mas, ele segurou o meu braço e levou-me para fora, onde estávamos minutos atrás.

— Gabriel... o que aconteceu com essa Bea-

— Não precisas saber o que aconteceu! — Sua voz estava alterada. — Isso não é da sua conta.

— Eu quero ajudar! — Ele riu ironicamente.
 
— Eu não preciso — Ele se aproximava de mim à medida que proferia aquelas palavras. — da sua ajuda, Olívia! — Ambos não conseguíamos segurar as lágrimas. — Tu não és a mulher maravilha ou coisa assim! Não penses que vais conseguir salvar todo o mundo de suas dores!

— Não é isso. Eu-

— Mesmo que não seja! Estou tentando ser simpático, mas isso não significa que tens liberdade para te meteres na minha vida! Não é como se fôssemos amigos.

    Aquelas palavras foram necessárias para fazerem meu coração partir-se em mil pedaços. Só conseguia lembrar-me dos poucos momentos que estivemos juntos. Entre nós havia uma fenda larga e profunda durante muito tempo, mas aquele buraco ficou menor nos últimos meses. E minutos atrás, acreditei que ele deixou de existir. Mas naquele momento, a fenda ficara ainda maior.
     Seu olhar de raiva e de sofrimento não se desviava de mim e eu estava tão desconfortável com aquilo. O que havia acontecido com o Gabriel que estava a perseguir-me por zombar do seu apelido? Tudo o que havíamos passado eram mentiras?

— Por quê? — Ele arqueou uma sobrancelha e eu já tinha perdido a calma. — Por quê tentas me afastar? Pareces uma pessoa completamente diferente de que eras agora pouco. Desculpa por meter-me na tua vida! — Falava com deboche. — Eu também não te via como um amigo, tá! E não preciso que sejas simpático comigo. Você me odeia, não é?! Não precisas te esforçar tanto para que eu pense o contrário. — Seu olhar mudou de raiva para surpresa. Talvez fosse por conhecer aquele meu lado, que eu mesma desconhecia.

    Logo depois de dizer tudo aquilo, meu coração pesou. Levei a mão para a boca e senti-me envergonhada, não por causa do Gabriel, mas por causa de Deus. Havia deixado me levar pelas emoções e disse aquelas coisas horríveis para o menino à minha frente. Sabia que precisava me desculpar, mas de novo, deixei meu orgulho falar mais alto e caminhei para a entrada. Só queria entrar em meu quarto e não sair dali.
    Então, ele segurou o meu braço, impedindo-me de ir embora.

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