Capítulo 25

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— Ganhei! Finalmente!     A Allison jogou as cartas para o ar e festejou a vitória

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— Ganhei! Finalmente!
 
    A Allison jogou as cartas para o ar e festejou a vitória. Eu perdi contra a pessoa que ensinei a jogar.
 
Parece irónico, não?
 
    Como “punição” eu tinha que usar umas asas na noite seguinte: Halloween. Eu não gostava daquele evento, mas sair usando asas não era algo que me incomodava. Experimentei e até que gostei delas.
    Enquanto observava o meu reflexo no espelho, o Gabriel veio à minha mente, distraindo-me completamente da ação que estava realizando. Na noite passada, eu falara muito sobre Jesus a ele, crendo que o seu coração receberia aquelas palavras.
 
    Naquele dia, mais cedo, eu percebi que ele estava se divertindo no parque. Ele sorria e conversava abertamente sobre o que pensava, quando a dúvida se instalava. Também concluí que havia tentado fazer tudo pelo meu braço, como se eu pudesse mudar quem ele era. Mas, Deus estava cuidando dele e isso era suficiente para mim. Assim como ele, eu precisava ser transformada e sabia que o Espírito Santo estava trabalhando em mim.
 
    Tão rapidamente chegou o dia e a Allison havia ganhado a animação precisa para a festa. Afinal, após a festa entraríamos no período de provas e não haveria momento para divertir. Iríamos passar a noite juntas na minha casa para começarmos os estudos e o Felipe também quis participar connosco.
 
    A rua estava pintada de laranja e as crianças deixaram-se envolver naquele ambiente. Desde pequena não sentia deslumbrada por aquela festa e sentia-me fora do padrão por isso, sempre ficava em casa com minha mãe. Era muito divertido passar uma noite com ela. Além de apreciar um momento com a mamãe, eu assustava-me com algumas fantasias que eu via.
 
    Não demorou muito para anoitecer e já se ouviam o “doces ou travessuras” vindo das crianças que procuravam encher suas sacolas com guloseimas. Vesti um vestido branco e fiz duas tranças em duas mechas frontais do meu cabelo, deixando o resto solto e ondulado. A Allison usou o traje da Harley Quinn e ela estava muito fofa com o seu cachos pintados de azul e rosa.
 
     A minha mãe surpreendeu-se eu ver sua filha saindo de casa num sábado à noite para o Halloween. Ela sabia que fora porque a Ally ganhou a aposta e fez-se de vítima por não ter sua fiel companheira naquele Halloween.
 
    Saímos e combinámos o horário quando iríamos nos encontrar e voltar para casa. Acompanhei-a até a escola, onde havia um alvoroço e tanto. Ela insistiu que eu entrasse, mas eu não quis.
 
— Eu sei que eu te empurrei para isto, mas se quiser ir embora eu não me importo. Eu quero que você esteja bem também. — Allison posicionou-se ao ver o meu desânimo.
 
    Eu não estava ali somente porque eu perdi para a Ally. Ela já havia insistido tanto que eu estivesse com ela naquela noite e eu queria que ela se divertisse, pelo menos um pouco.
 
    Ela entrou na festa e eu fui passeando pela rua e admirando o céu da última noite do mês, que estava estrelado. O frio fazia-se, mas não o suficiente para nos fazer desejar estar debaixo do cobertor, degustando de um copo de chocolate quente.
 
    Uma brisa suave balançou o meu cabelo e o meu coração palpitou. Olhei para o horizonte e a brisa fez-se sentir de novo. Fui caminhando para a direção de onde vinha, enquanto louvava a Deus no meu íntimo. Quanto mais me aproximava, ouvia o quebrar das ondas naquela noite, que há poucos começara. Cheguei à praia e descalcei os sapatos. Os meus pés pisaram a areia e a brisa que antes me atingira, voltou a vir ao meu encontro, como se me desse boas vindas.
 
    O meu coração queimava e adorava ainda mais alto a Ele, enquanto girava como uma criança. Sentia que o meu Amigo e Consolador falava para achegar mais das águas e assim fiz. Fiquei em silêncio para escutar o que Ele queria dizer, quando ouvi algo semelhante a um choro. Olhei para os lados e vi alguém sentado na areia, não muito longe da onde eu estava, que tinha o seu rosto escondido e que limpava as muitas lágrimas.  Aproximei dele e agachei ao seu lado. Eu não sabia quem era.
 
— Ei… — Toquei o ombro dele e ele voltou o seu rosto para mim. — Gab-
 
— Olívia?
 
    Ele parecia tão vulnerável e perdido naquele momento. Seus olhos diziam isso. Algumas lágrimas ainda rolavam pelo seu rosto e seus olhos denunciavam que ele chorara muito. Senti uma dor imensa em meu coração por vê-lo assim.
 
Então era isso, meu Amigo.
 
   Senti as minha pernas tremerem e caí, enquanto sentia minha cara queimando de vergonha. Ele rapidamente limpou as lágrimas e voltou seu olhar para o lado oposto a mim, demonstrando partilhar o mesmo sentimento que eu.
 
— Gabriel, o que aconteceu? — Fiquei de joelhos e refiz a pergunta algumas vezes, mas sem resposta.
 
    Então, levantei-me para voltar, quando a brisa voltou e Gabriel voltou a chorar, discretamente para que eu não percebesse, porém não teve muito sucesso. Cheia de coragem, então, abracei-o. Estava pronta para ser empurrada e ofendida, mas houve um silêncio. Ele não reagiu e comecei a cantar.
 
— Amazing Grace, how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost, but now am found
Was blind but now I see. — O meu Amigo trouxe ao meu coração aquela música e, ainda com os meus braços à volta dele, não cessei de repetir aquele trecho.
 
    O Gabriel soltou-se, então e voltou a chorar, como se nada mais importasse. Eu não conhecia o motivo de seu choro, mas eu fiquei ali, ao seu lado, até ele conseguir conter as lágrimas. Ele segurou o meu braço e estava prestes a soltá-lo, mas ele não permitiu que eu desfizesse o abraço, e permaneceu segurando-o por algum tempo.
 
— O que você faz aqui? — Perguntou e concedeu que eu soltasse o ar que eu mantinha preso sem saber porquê.
 
— Eu estava passando até que alguém me trouxe até aqui. — Ele desfez o abraço e eu sentei-me ao lado dele.
 
— Alguém? — Ele examinou-me e recordou-se de algo. — E essas asas? Pensei que não comemoravas o Halloween.
 
— Eu não comemoro. Perdi uma aposta. — Assentiu. — Depois de todas essas perguntas, posso saber o que aconteceu?
 
— Não. Isso não te diz respeito.
 
— Pode até ser, mas você não está bem. Por favor, eu quero ajudar.
 
— Por que insiste tanto nisso? Eu sou um caso perdido.
 
— Isso não é verdade! A pessoa que me trouxe aqui, ama muito você. — Ele riu.
 
— Essa pessoa não é nada esperta. Por que amar alguém como eu?
 
— Jesus ainda não desistiu de você.  — Sua feição mudou e parecia que ele não tinha mais paciência.
 
— Ah, claro. Como é que eu não pensei nisso antes. É sempre Jesus. Quer dizer que Ele te trouxe aqui? — Ele riu ironicamente e continuou. — Que ótimo amigo imaginário você tem.
 
    Senti a minha paciência desaparecendo e, antes que o ambiente tomasse conta de mim e me levasse a proferir palavras que, provavelmente me arrependeria depois, resolvi ficar em silêncio.
 
    Eu sabia que no mundo existiam pessoas que não acreditavam em Jesus, e o meu trabalho não era fazê-las engolir a verdade e obrigá-las a crer no que eu acreditava. Por isso, não insisti com o Gabriel e deixei que o Espírito Santo tratasse da sua transformação.
 
    Mirei algumas lágrimas que caíram em minhas mãos e tratei de enxugá-las, antes que o rapaz ao meu lado percebesse. Aquele silêncio causava um frio na minha espinha e me questionava o que eu ainda fazia ali sentada. O meu encontro com o Gabriel já havia começado mal. Estava decidida a voltar, quando a voz dele me fez parar.
 
— Olívia, você esteve no meu quarto quando eu estava no hospital?
 
    Engoli seco e ponderei em meu íntimo qual seria a necessidade da minha resposta sobre aquilo.
 
— Sim. — Ele hesitou, mas questionou outra vez, mas dessa vez, se eu tivesse cantado. Respondi positivamente.
 
    Ele apertou o punho e estava irritado. A minha mente não conseguia acompanhar o que se passava. Subitamente, surgiu um sorriso entre seus lábios.
 
— Então foi sua voz que perdurou tanto tempo na minha consciência. — Eu sabia que, mesmo inconsciente as pessoas podem ouvir o que se fala no exterior, mas não havia pensado que o Gabriel ouvira a canção naquele dia. — Desculpe, fui muito rude com você há pouco e obrigado. A sua voz é… linda.
 
    Estava vermelha de vergonha e não conseguia olhar para outro lugar, senão para as minhas mãos que se apoiavam sobre minhas pernas. Quando tomei coragem e olhei em sua direção, notei que também ele estava envergonhado.
 
— Está… está tudo bem. — Falei ainda mirando as minhas mãos.
 
    Ele puxou uma grande quantidade de ar para seu interior, demonstrando que para dizer o que ele tinha a falar, era preciso muita coragem.
 
— Eu vou cantar com você. — Suas bochechas ganharam tons vermelhos e meu coração perdeu a coordenação do batimentos.

Graça maravilhosa! Como é doce o somQue salvou um miserável como eu!Eu estava perdido, mas agora fui encontrado

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Graça maravilhosa! Como é doce o som
Que salvou um miserável como eu!
Eu estava perdido, mas agora fui encontrado.
Era cego, mas agora vejo.

Beijos e abraços quentinhos. ( ◜‿◝ )

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