Capítulo 41

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    Seria insensível tocar em uma ferida não totalmente cicatrizada para alcançar algo?

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    Seria insensível tocar em uma ferida não totalmente cicatrizada para alcançar algo?

    Observava a mulher à minha frente, ponderando nas demais formas de abordá-la sobre aquele assunto que eu bem sabia que a machucava. Por ela nunca ter mencionado sobre meu pai, concluí que, talvez ela não soubesse muito sobre ele depois de se separarem. Ou talvez ela simplesmente não queria recordar sobre o passado.

    A minha avó era a segunda pessoa a quem eu podia recorrer. Afinal, tratava-se de seu filho. Mas, da mesma forma, era um assunto difícil de conversar para ela, e não podia ir até sua casa naquele momento devido às minhas provas.

— Filha? — Isabela trouxe minha mente de volta à terra. — Está tudo bem? Não comeste nada.

    Observei o meu prato, intacto. Aquela comida já tinha esfriado, provavelmente. Deixei escapar um suspiro e negava todos seus questionamentos sobre o que possivelmente me incomodava.

— É... sobre seu pai? — Olhei surpresa para ela. — Eu já desconfiava. Desde aquele dia que conversamos sobre ele, pareces muito pensativa. No começo pensei que era por causa das provas, mas agora vejo que não é. — Ela segurou minha mão. — Acho que não te posso deixar no escuro sobre isso.

    Não consegui segurar o choro. Parecia uma criança, escondendo meu rosto e limpando as lagrimas. Isabela levantou-se e abraçou-me. Apesar de nunca ter reclamado, eu sentia falta de uma figura paterna por perto.

— Eu quero conhecê-lo. Quero saber o que aconteceu. — Disse entre soluços.

— Está bem, filha. — Ela segurou meu rosto e limpou-o. — Pronto, não chores. Eu tenho algo que pode te ajudar.

    Ela caminhou até a sala e começou a procurar por algo na famosa gaveta de documentos importantes. Levantei-me e caminhei até ela, curiosa. Ela entregou-me um papel que tinha algumas informações do meu pai. Estava escrito o nome dele e um número.

— Emmanuel... — Disse ainda analisando o papel. — Isso é um coração?

— Bem... — Ela expôs um pequeno sorriso. — Quando nos conhecemos ele entregou-me esse papel, afirmando que iria me conquistar de qualquer forma. Ele ficava com muitas meninas que ele conhecia, mas bem, foi diferente comigo. Eu não queria aquilo. Resolvi apenas evitá-lo, mas passados muitos meses, ele continuava flertando comigo e dizendo que me amava. Até seus amigos diziam que ele estava diferente.

    Ela estava sorrindo. Ver aquela expressão deixou-me um pouco aliviada. Quem sabe, aquelas memórias eram boas e que ela deixou de lado a mágoa que ela tinha por ele.

— Depois de completarmos dezoito anos, ele voltou a declarar-se e eu já estava caidinha por ele, então aceitei. Foi um momento especial. Ele foi o meu primeiro namorado. — Sua expressão alterou-se do nada. — Ele me ligava no meio da noite! Aquele maluco. — Deixei escapar uma risada ao ouvir aquilo. — Não sei como, mas meus pais nunca me flagraram.

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