Capítulo 45

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   O oceano consegue ser tão belo, ainda assim, tão misterioso e assustador

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   O oceano consegue ser tão belo, ainda assim, tão misterioso e assustador.

    Estar abraçando o Gabriel fez-me perceber que ele era como o oceano. Hora calmo, hora turbulento; via seu ser exterior, mas o que será que existia no interior?
    Eu sabia que não o conhecia tanto assim, mas não tinha medo de mergulhar mais a fundo, da mesma forma que o homem mergulha nas águas, mediante o desconhecido, para se maravilhar com as inúmeras descobertas que o esperam.

    O quanto ele teve de aguentar para não se partir completamente? A forma como ele chorava e culpava-se demonstravam o quão ele tinha segurado aqueles sentimentos em seu coração por muito tempo. Mas, ainda assim, ele manteve-se inteiro. Ele era forte, mas parecia não notar isso.

Ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos seus amigos.

    Quando ouvi aquela frase pela primeira vez, eu fiquei intrigada. Parecia algo tão irreal e até me questionava se alguém teria tanto amor assim, se não Jesus. Mas, a chamada para amar como Ele nos ama era exatamente isso. Amar de forma altruísta e sacrificial, um estilo de vida para os outros, e conseguia-se ver esse amor na atitude daquela criança, que deu a sua vida para o rapaz que me observava.

    Seu olhar fez o meu coração despedaçar. Ele pareceu hesitar, mas voltou a abraçar-me, ainda chorando.

    Pude sentir meu ombro ficar ligeiramente molhado pelas lágrimas dele, e ele também percebeu isso, e afastou-se. "Desculpa..." ele disse no meio dos soluços e com uma voz trémula. Apenas balancei a cabeça, para que ele não se preocupasse com aquilo.

     Não pude dizer coisa alguma. Só consegui sorrir para ele e ele retribuiu. Eu não tinha noção do que era perder uma pessoa tão querida.

Sinceramente... eu não sou tão boa com palavras assim.

    Ele eventualmente acalmou-se e voltou a observar o mar. Os longos e profundos suspiros demonstravam o quão leve ele estava naquele momento, apesar da dor.

— Sinto muito... — Sussurrei olhando para ele.

— Obrigado. — Ele levantou-se e ofereceu-me a mão. — E se caminhassemos um pouco?

    Ele estava sorrindo. Não sabia bem como descrever, mas senti-me aliaviada em ver que ele parecia estar um pouco melhor.
    Segurei a mão dele e ele ajudou-me a levantar. Com pequenos passos, caminhamos pela praia, acolhidos pela brisa fresca e salgada.

Não havia muitas pessoas ali, o que era de se esperar numa tarde de sexta-feira durante o novembro.
    Ele andava lentamente à minha frente, observando o horizonte. O céu estava lindo, apesar de algumas nuvens quererem tomar conta daquele azul. As águas do mar moviam-se calmamente, produzindo uma melodia linda.

    O Gabriel então parou e caminhou em direção ao mar lentamente. As pequenas ondas batiam em seus pés e ele observou-me com um olhar convidativo.

— Não. Não vou! A água dever estar muito fria! — Disse firmemente.

— Vá lá. — Ele riu. — Não está tão ruim assim.

    Respirei fundo e caminhei até ele. Quando a água alcançou meus pés soltei um grito, o que o fez rir ainda mais. A água estava terrivelmente fria e o fato do Gabriel não parecer se importar era o mais intrigante.

Como ele consegue?

— Sabe, ontem foi um dia... incrível. — Ele olhou para mim por alguns segundos antes de continuar. — Eu... nunca imaginei que poderia viver algo assim.

   Ele olhou para o céu enquanto as pequenas ondas frias batiam nas nossas pernas.

— Ele me vê, não é?

— Sim... Ele sempre te viu e sempre verá.

    Pude ver um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Ele parecia em paz, finalmente.

— Olívia, me perdoe. — Ele voltou seus olhos para mim. — Por todas as palavras que eu te disse. Eu fui uma pessoa péssima com você. Espero que você não esteja chateada ainda...

— É claro que eu te perdoo, Gabriel. Eu não guardava rancor algum para início de conversa. — Sorri.

— Mas, podias.

— Podia, mas do que me servia? E se Deus guardasse rancor e não nos perdoasse?

   Ele olhou para mim, parecendo confuso.

— O que aconteceria? Se Ele não nos perdoasse?

— Bem, não teríamos a oportunidade de ter um relacionamento com Ele. De ter nossa vida restaurada. Por amor, Ele se scrificou e está disposto a nos perdoar se nos arrependermos.

   Ele ainda parecia confuso. Voltou a olhar para o céu que lentamente era tomado por nuvens cinzas.

— Eu... não acho que Ele poderá me perdoar.

— Se estiveres arrependido e disposto a mudar é claro que Ele irá te perdoar. — Ele voltou a olhar-me como se precisasse de uma garantia. Eu assenti apenas e acho que ele entendeu o recado.

— Vou ter isso em mente.

Caminhamos por mais algum tempo e poderiamos ficar por mais se não fosse por causa do frio.

    Secamos nossos pés e fizemos o caminho de volta para casa. O clima tenso foi lentamente dessipando e dando espaço a verdade de Deus sobre seu amor e perdão. Eu podia ver que a cada frase, Gabriel parecia mais interessado em compreender aquela verdade. Uma pequena luz esperançosa acendeu-se em mim, desejando que um dia, ele pudesse contemplar completamente do que Deus tinha a lhe oferecer.

    Quando aproximavamos da casa dele, notamos alguns pacotes da rua à frente e uma menina viu-nos e correu em nossa direção.

— Gabriel! — a menina acenou, acompanhada de uma outra pessoa.

— Amanda... — Ele sorriu. — Pensei que já tinhas ido.

— Eu não iria sem me despedir de você, seu bobo! — Ela sorriu e depois olhou para mim, e segurou a minha mão. — Eu lembro-me de você! Sou a Amanda.

— Prazer! Olívia. — Sorri, apreciando a gentileza dela.

— Espero que o Gabe não esteja sendo muito chato com você!

   Voltamos nosso olhar para o Gabriel e percebemos que ele observava a outra pessoa que acompanhava a Amanda, com uma expressão confusa. Da mesma forma, o rapaz olhava para o Gabriel.

— Você...?

— Gabriel... — O outro rapaz sorriu levemente. — Quais são as chances de nos encontrarmos exatamente no dia da morte da minha irmã?

 — Quais são as chances de nos encontrarmos exatamente no dia da morte da minha irmã?

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Um presentinho de natal kkkkk. A faculdade tomou o melhor de mim e tive de fazer uma pausa 😭 mas voltei!

Espero que vocês entendam.

Beijos e abraços quentinhos (。>‿<。)

Meu OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora