— Então, Olívia? Vais ajudar o Felipe? — Indagou Allison, ajeitando os cachos.
— Não é típico da Olívia ajudar os outros? É óbvio que ela vai ajudá-lo. — Maya disse ríspida e encarei-a um pouco confusa. Não o havia nada demais ajudar alguém, ainda mais quando era a pessoa a procurar por ajuda.
Desde o momento que Felipe entrou na nossa sala, o comportamento da Maya mudara repentinamente. Não somente dela, mas de algumas meninas da sala. A novidade já era do conhecimento da maioria dos alunos e os demais olhares e sussurros eram muito chatos. O pior era que apenas Maya e Allison sabiam o que Felipe Anderson foi fazer na nossa sala, mas, mesmo assim, as pessoas não perdiam a oportunidade de inventar histórias. Resolvi deixar aquele assunto para mais tarde, afinal, o dia estava apenas começando.
Mesmo havendo alguns dias que não fossem normais, existiam pequenos detalhes que os tornavam quase normais. Todavia, naquela manhã, faltava algo; uma peça, muito importante, carecia no puzzle.Gabriel.
Possivelmente, ele escolhera passar algum tempo longe da vista de qualquer pessoa que o possa querer importunar — eu. Se assim fosse, eu era, definitivamente, muito chata, mas, eu não conseguia deixar de querer ajudá-lo. Daí as palavras que a Maya dissera no outro dia surgiram na minha mente, arrepiando o meu corpo.
Até parece que você gosta dele.
Eu não sentia uma paixão pelo Gabriel. Apenas queria ajudar, porque ele era o meu próximo e devemos amar o próximo como a nós mesmos. Acredito que, se as pessoas pensassem assim, não teríamos tantos conflitos. Só então percebi que a próxima aula seria de francês e com o Gabriel. Pelo menos, poderia confirmar, se ele não deu as caras no corredor ou se tivesse faltado as aulas.
Estava tão perdida nos meus pensamentos que nem tinha reparado que a Maya e a Allison discutiam um pouco mais a frente de onde eu estava. Caminhei, apressadamente, até elas.— Deixa-te de viagens, Allison!
— Meninas? O que foi? — Fiquei no meio delas.
— Nada! — Maya, acelerando os passos, caminhou pelo longo corredor, levando-nos a crer que ela faltaria as aulas que sobravam. Estava decida em alcançá-la, mas Allison impediu-me.
— Dê um tempo para ela, Olívia.
— O que aconteceu? — Allison estava cabisbaixa e demorou um pouco para responder a minha pergunta. — Ally!
— Eu acho que a Maya está com ciúmes. — Ela respondeu apressadamente, ainda com a cabeça abaixada. — Todos sabemos que ela e muitas outras meninas da escola têm um fraquinho pelo Felipe, mas, não imaginei que ela levaria isso a este ponto.
Allison suspirou e, depois de ver as horas, afastou-se e deixou-me completamente baralhada, depois do acontecimento que presenciei. Percorri o trajeto, ainda confusa, até a sala e fiquei surpresa, mesmo prevendo aquela cena. O lugar no qual Gabriel sentava, a beira da janela, onde ele podia ser facilmente distraído, estava vazio. Acomodei-me no meu lugar, e, na tentativa de evitar pensamentos negativos, orei para que estivesse tudo bem com o Gabriel e aprontei-me para prestar atenção na aula. Mas, esse ato não foi bem sucedido. Se a Maya estivesse realmente com ciúmes, o motivo pelo qual o Gabriel não aparecera na escola, se devia ou não ajudar o Felipe. Todas essas questões atormentavam-me e obrigavam-me a ignorá-las ou a procurar respostas para esclarecê-las.
— Eu não sei se quero ajudar o Felipe. — Afirmei, arrumando os meus materiais.
— O quê? Por quê?! Não podes deixar de fazer isso ou qualquer coisa que gostes de fazer por causa de outras pessoas. — Allison pousou suas mãos na minha face, obrigando-me a dá-la atenção. — Isso nem parece teu, Via.
— Eu não quero que as coisas fiquem desse jeito, Ally.
— A Maya precisa entender. O que pode acontecer? — Desviei o olhar, procurando argumentos para convencê-la e convencer a mim mesma que não devia ajudar o Felipe. — Pensa bem, tá?
Percorremos o caminho até à entrada da escola, onde Felipe, saboreando uma bebida que parecia um café, aguardava pela minha presença. Allison despediu-se e aconselhou-me, mais uma vez, a fazer a melhor escolha. Já não tinha dúvidas sobre a minha decisão. Seria doloroso não ajudar alguém, mas, talvez, seria mais ainda perder a amizade da Maya. Mas, certamente, Felipe encontrará outra pessoa para ajudar nos estudos, não? Ponderava nas possibilidades de uma fuga, mas Felipe acenou em minha direção, afastando da minha mente os meus planos. Seus passos eram lentos e cadenciados e não tirava o sorriso do rosto. Eu tentava sorrir. Não era fácil sorrir quando as coisas a nossa volta não acontecem como esperávamos.
Agora entendo porque o Gabriel anda sempre com aquela cara.
— Oi! — Disse ainda com um sorriso radiante no seu rosto e seus olhos brilhavam.
— Oi, Felipe. — Suspirei antes de proferir as palavras que poderiam ser um motivo de arrependimento.
— Então?
— Desculpa, Felipe. Eu não irei ajudar-te com os estudos. — O brilho de seu olhar desapareceu e arrependi-me imediatamente de ter dito aquilo. — É que…
— Eu entendo, Olívia. — Ele sorriu, mas ainda parecia triste e dececionado. — As pessoas estão inventando muitas coisas. Ouvi uns rumores por aí.
— Bem, para falar a verdade, nem foi esse o motivo. — Estava prestes a confessar o real motivo de ter negado ajudá-lo, mas desisti.
— Estou a ver… — Ele percebeu que não estava disposta a me abrir com ele e não insistiu em descobrir os motivos de eu ter recusado ajudar. — Bom, caso mude de ideias, — Pegou numa caneta e num pedaço de papel e anotou alguma coisa nele. — aqui.
Com uma bela caligrafia, ele escreveu o seu número e o seu nome em baixo. Estranhei aquela atitude, afinal pessoas que são muito adoradas, como o Felipe, têm fama de galã. Mas, talvez, ele só esteja esperançoso. Agradeci e Felipe afastou-se, depois de ter-me agradecido.
Cá estou eu, aqui vou eu e não sei quando voltarei kkkkk. O que vocês acharam?
Beijos fofos e abraços quentinhos, humaninhos.♡
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Meu Oceano
Spiritual: 𓏲🐋 ๋࣭ ࣪ ˖✩࿐࿔ 🌊 "Os dias são sempre tristes" - Gabriel Wall Gabriel acreditava que com o seu jeito melancólico e frio, as pessoas afastariam dele facilmente, sem que ele precise se esforçar muito. Porém, isso foi diferente com Olívia, uma me...