john; johnny depp

16

Ele tinha voltado.

Só que agora ele estava sentado no mesmo sofá que eu.

Isso significa que ele está perto, mas não tão perto.

Ele não estava bebendo mais, só que, ele iria fumar.

E eu sinto que muito, porque ele já enrolou uns quatro.

- Você fuma? - ele perguntou logo depois de enrolar mais um.

Eu ficaria aqui tranquilamente vendo ele passar a língua no papel para colar, de verdade. Eu não me importaria nenhum pouco.

- Não. - falei. - Não fumo.

Mas acho o maior tesão.

- Se importa?

Ele levou o cigarro a boca e me olhou, ele estava perguntando se eu me importava por ele fumar aqui?

A casa é dele, ele poderia me dar uns tapas que eu iria amar.

- Sem problema. - falei. - É a sua casa.

- Não... - ele pegou o isqueiro na mesinha. - É que ela... É que, tem gente que não gosta. E eu respeito isso.

Ela.

Ok.

- Não me importo. - dei de ombro.

Ele acendeu o cigarro e na primeira tragada que ele deu, eu suspirei, alto demais.

Ele se sentou de lado, de frente para mim e, ficou me olhando. Me olhando bastante.

Comecei a lembrar das coisas que falei ontem e pensei que seria melhor ficar lá em cima sozinha até a luz voltar. Mas, eu era tonta, mas nem tanto, eu não perderia uma oportunidade como essa.

De estar aqui, com ele.

- Qual o problema? - perguntei, tenho certeza de que minhas bochechas estavam rodadas.

- Nenhum. - ele sorriu e relaxou no sofá. - Então, me fale sobre você.

Merda.

Ele quer saber sobre mim.

- O que você quer saber? - perguntei tentando não parecer nervosa.

- Não sei. - ele tirou o cigarro da boca. - Qual seu filme prefiro?

- Seu?

Eu amava todos os filmes dele, menos alguns. Mas amava mesmo assim.

- É. - ele sorriu. - Acho que pode ser.

- Janela secreta. - falei. - Ou então Mortdecai, ou então Cry-Baby.

Ele em Cry-Baby.

Ele beijando de língua em Cry-Baby.

Ele existindo.

Me deixa fraca.

- São muitos. - ele riu. - E nossa, Cry-Baby faz muitos anos, eu deveria ter uns...

- Quase trinta. - falei. - É, e estava um gatinho.

Ele riu alto e eu quis me matar.

Que ódio.

- Não estou mais? - ele sorriu grande.

- Você sabe que sim. - suspirei.

E como.

- Não, Chloe. - ele riu. - Eu já estou velho.

- Que absurdo! Para mim você está igual, e nunca esteve tão bonito. - falei. - Você tá conservado, só que, tá meio abatido né só que é compreensivo, por tudo que está acontecendo e tal. - eu vi que estava falando muito e parei de falar, por que ele estava me olhando de uma maneira diferente. - E eu vou parar de falar. Mas, você ainda é lindo e incrível e parei.