john; johnny depp

66 - parte 1

JOHNNY

Eu juro, amo a minha esposa. Mas quando ela começa a falar e a falar nada com nada, eu fico maluco da cabeça.

Ela deve estar dando o troco por mais cedo.

O plano era, dormir trinta minutinhos para depois a gente ser feliz.

Não rolou. Nem trinta, nem cinco.

Simplesmente por que ela não para de falar.

Se fosse algo de grande importância, tudo bem, mas não é.

Eu amo conversar com ela, é sério. Fico muito feliz quando ela quer conversar sobre absolutamente qualquer coisa, eu ouço e presto atenção com muito carinho. Porém, quando é como agora, sobre mim, eu fico com vontade de ir embora e voltar só no dia seguinte.

E só não faço isso porque sei que ela vai ficar chateada.

Quando ela se senta para falar sobre mim, e não comigo, esquece que vai ser muito tedioso. É claro que não para ela porque adora isso e sim para mim.

E eu tenho que prestar atenção. E as vezes nem oportunidade de responder eu tenho, então ela fala mais sozinha e eu só ouço.

- É sério, Johnny, eu não sei qual é a sua melhor época porque eu juro por Deus você está gostoso em todas! Inclusive neste exato momento você nunca esteve tão gostoso!

Está vendo, é sobre isso que eu estou falando.

Qual a necessidade?

Aceito elogios em um momento ou outro e apenas quando é necessário, nesse momento não é e eu me sinto estranho.

Não que eu não goste, eu gosto, mas para que?

Como eu não respondi, ela continuou a falar.

- Será que dá tempo de eu me tornar atriz?

Ela estava bem perto de mim, com o rosto no travesseiro e me olhando a todo momento.

E eu já estava me incomodando.

E que história maluca é essa de virar atriz?

- Mas, eu seria uma atriz exigente e só aceitaria papéis em filmes contracenando diretamente com você e apenas com você. E você me pergunta o porquê né? Eu sei, eu te conheço. O porquê é; Eu sei que você é ciumento e não gostaria nadinha de eu beijando outro homem né?

- Se fosse seu trabalho, como é o meu, por mim tudo bem.

Eu não sou tão ciumento assim como ela diz. Ela é mais, muito mais. E eu nem dou motivo para isso.

E eu sou ciumento com pouca coisa, ela não, qualquer coisinha ela já está surtando toda maluca.

Eu a amo mesmo assim.

- Você tá ficando um velho lelé da cuca né? Você tinha que ser igual a mim, nenhum ciúmes, apenas com coisas sem cabimento.

- Como por exemplo?

Eu não sei por que ainda dou trela para ela, só vai fazê-la ficar mais biruta.

- Qualquer coisa que envolva você e mulheres.

Eu já sabia disso. Ela sempre que pode deixar bem óbvio.

- Enfim. - ela sorriu pra mim. - Quando é que vai sair a segunda parte daquele filme com magia e tudo mais?

Minha nossa, eu só queria dormir.

- Ano que vem.

- Jura? - seus olhos brilharam. - Ai, Johnny, você loirinho é tudo pra mim, sério. E você faz coisas comprometedoras por acaso? - quis saber. - Tipo, não sei, você faz?