Capitulo 31
Amo-te como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e alma. Pablo Neruda.
Os últimos dois dias foram como uma prisão para mim. Permaneço no quarto, de porta fechada e evitando qualquer contato com quem quer que seja. Minha mente se encontra em uma grande bagunça e não sou capaz de raciocinar o que é verdadeiro e o que não é. Todas as palavras daquela mulher estão ainda dentro da minha mente barulhenta que me prega peças e estou lutando muito para não cair na lábia dela.
Tenho evitado até mesmo Tarkan que tem vindo varias vezes ao dia bater na porta, tentando uma aproximação falha de mim. Tenho medo de ouvir dele que talvez ele soubesse de tudo, mas não posso mais ignorar.
Deixo a porta destrancada e como prevista, pela quinta vez na manhã, ele vem até mim. Desta vez, ouço o rodar da maçaneta.
Estou parada olhando a janela e não espero pela voz dele, apenas viro-me para ver seu semblante carregado de preocupação, enquanto ele se mantém parado na porta.
— Por favor, me diga que você não sabia de nada disso. — digo suplicante.
— Eu juro, com todas as minhas forças. — ele caminha para mim. — Eu não sabia de nada disso, também é doloroso para mim tanto quanto é para você. Acredite.
Deixo uma lagrima cair de alivio ou dor, não posso dizer.
Tarkan toma a iniciativa e se aproxima de mim, envolvendo meu corpo ao seu, me dando um conforto assustador, como se o abraço dele fosse o lugar mais calmo e seguro do mundo, de onde eu não posso ser atingida por nada.
— Eu sinto muito. — fala ele como se a culpa fosse dele.
— Não sinta, fomos dois enganados aqui. — aviso encarando seus olhos. — Eu só não sei o que fazer agora. — dou de ombros sendo sincera. Sinto-me em um tiroteio, completamente perdida.
— Não faça nada agora, apenas fique comigo. — ele me leva para a cama e se deita, fazendo-me deitar sobre seu peito, perto das batidas apressadas de seu coração. Suas mãos passeiam delicadamente pelo meu cabelo bagunçado, e fecho os olhos com esse toque. — Seu lugar seguro está aqui.
Ele tem razão.
Fico calada sem nada a dizer apenas de olhos fechados, tentando organizar a minha mente.
[...]
Meu tio traz nas mãos a bandeja de café e coloca sobre a mesa de centro. Ajeito-me no sofá junto de Tarkan, na sala de estar da casa dos meus tios.
Titia traz alguns bolinhos e se senta logo em seguida, perto do meu tio. O clima está tenso, posso notar.
Eu tive dias o bastante para me acalmar e decidir que quero saber da historia, não posso deixar Leona usar isso como uma fraqueza minha jamais.
— Podemos começar? — indago e vejo meu tio ergue a cabeça me olhando triste.
— Eu sinto muito por não ter contado antes. — admiti ele com pesar.
— É eu quero que sinta mesmo. — digo friamente. Tarkan segura a minha mão tentando passar calma, sabendo que estou nervosa. — Por que é que nunca me disseram isso?
— Você era uma criança na época e a gente só queria que você não soubesse dessa historia. — fala ele. — Foi um erro que o seu pai não gostaria que fosse mencionado.
— Claro, porque incluía um filho junto! — solto com aspereza na voz e Tarkan abaixa a cabeça.
Meu tio olha para ambos e respira fundo, pesadamente.
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Fale agora ou cale-se para sempre
RomanceNÃO REVISADO - CONTÉM ERROS. Ganhador na categoria; Melhor Hot do concurso Deuses Literários ✨🥇 Primeiro lugar no concurso Em busca de best Sellers na categoria New Adult 🥇✨ Ayra foi obrigada a viver a sua adolescência sendo treinada para ser a es...