Capítulo 41

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Capitulo 41

Olho para as minhas próprias mãos enquanto escuto o salto insistente de Leona bater no piso gelado da cozinha, onde todos estão.

Não consigo encarar canto algum, mas posso sentir o olhar julgador de Leona, o apreensivo de Cris e o ansioso da doutora. Inspiro uma boa quantidade de ar e finalmente encaro a doutora.

— Como isso é possível? — indago. — Eu levei um tiro e passei por uma cirurgia arriscada. Como eu posso estar gravida?

Todos estão atentos nisso também, creio que se fazem a mesma pergunta.

— É raro, mas acontece. — começa a explicar. — É quase como se fosse um milagre o bebe ter sobrevivido e os médicos não terem observado uma gravidez de inicio. Como eu disse, é raro, mas pode acontecer.

Minha cabeça parece que vai explodir. Tento massageá-la.

— É... — Cris começa. — É possível saber de quanto tempo ela está?

Ela nega.

— Não posso dizer exatamente, mas na certa já deve estar chegando aos três meses. — fico pasma com isso. Três meses? A doutora me olha. — Estou intrigada que você não tenha notado as mudanças em você e também que os médicos não tenham observado isso. — ninguém responde e desconfio que a doutora saiba que o clima não é dos melhores. — bom, eu tenho que ir. Estou te indicando uma boa medica para que comece o pré-natal o quanto antes. É bom que você procure o medico para saber se existe alguma sequela ou não do acidente. — ela faz um breve aceno. — Até breve.

Monroe a acompanha e então um enorme silêncio se arrasta pela sala. A minha cabeça está uma verdadeira bagunça. Nem mesmo quando estava com Tarkan eu imaginei ter filhos, eu nem se quer cogitei essa ideia, talvez uma vez apenas. Agora eu estou gravida e não estou com ele e isso se torna um grande problema.

Leona se levanta e elevo meus olhos para ela, que me fuzila.

— Eu te disse para não tentar entrar na minha família com um bebe. — fala friamente. — Acha mesmo que vou te aceitar na minha vida enquanto carrega essa criança? — jamais esperei isso. — Tarkan não é mais seu marido e você não pode prendê-lo assim.

— Prende-lo? — sorrio sem humor. — Você acha que eu vou segurar seu filho com isso?

— Ayra... — Cris tenta falar, mas não dou espaço.

— Não se preocupe Leona, eu não vou entrar na sua família de maneira nenhuma.

Ela consente saindo em disparada sem olhara para trás.

Levo as mãos na cabeça tentando não enlouquecer com tudo isso. Em meio à tempestade tinha que acontecer logo isso?

— Ayra? — Cris toca minha mão.

Olho para minha amiga que me olha preocupado.

— Não posso fazer isso Cris. — digo já sentindo minha garganta se fechar em um grande nó.

Cris franze o cenho, sem entender.

— Do que está falando?

— Disso. — aponto para a barriga. — Cris eu não posso fazer isso de maneira nenhuma.

— Ayra...

— Eu não estou pronta para isso, entende? — enlouqueço. — Eu estou tentando sair da vida de Tarkan, expulsar ele de mim mesmo sabendo que a minha vida nunca mais vai ser a mesma porque ele me destruiu. — lagrimas escorrem. — Como eu posso deixar algo dele comigo sabendo que nosso elo jamais vai se quebrar? Como eu posso ter um filho dele quando nem mesmo eu o mantive na minha vida?

Fale agora ou cale-se para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora